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Café, esteio do Brasil

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Por:   •  11/10/2013  •  Relatório de pesquisa  •  9.905 Palavras (40 Páginas)  •  266 Visualizações

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HENRIQUE HETTWER

MARIA OLÍVIA

ROGÉRIO SOARES

ROSÂNGELA DOS SANTOS OLIVEIRA

CAFÉ – RIQUEZA PAULISTA

Trabalho realizado em atendimento à disciplina de Geografia de São Paulo, no curso de Licenciatura em Geografia, sob orientação do professor Luís Alves.

São Paulo

2009

Café, esteio do Brasil

Segundo Sergio Buarque de Holanda, dois seriam os motivos pelos quais a cultura da cana-de-açúcar fora substituída pela do café: a maior resistência às dificuldades de transporte do produto e a maior rentabilidade do café, principalmente após a extinção do tráfico de escravos, o que elevou o preço da compra dos escravos.

Havia uma infra-estrutura subutilizada em função do declínio das outras atividades econômicas (cultura do algodão e a decadência da mineração) - como instalações, transportes, comercialização, terras férteis e disponibilidade de um estoque de mão-de-obra escrava ociosa ou semi ociosa. Por outro lado, os fatores externos, como o aumento do consumo de café na Europa e nos Estados Unidos, e pelo lado da produção, a ruína dos principais produtores mundiais de café como Java (devido a uma praga) e Haiti (por levantes de escravos), contribuíram para transformar o Brasil no maior fornecedor de café do mercado mundial.

A primeira grande expansão do café ocorreu entre 1888-1898 e com condições favoráveis, a cultura cafeeira se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraíba, iniciando um novo ciclo econômico no país e provocando um forte crescimento demográfico.

A cultura do café ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná, derrubando matas.

Esta região com altitude e clima excelentes para o cultivo, possibilitou o surgimento de uma área centralizadora de culturas e população. Subindo pelo rio, o café invadiu a parte oriental da província de São Paulo e a região da fronteira de Minas Gerais. Na época o Rio de Janeiro era o porto de escoamento do produto e centro financeiro.

Entretanto, a cultura do café em áreas com declive acentuado e o total descuido quanto à preservação do solo gerou uma erosão intensa. Por este motivo, as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para outro local, o oeste da província de São Paulo, centralizando-se em Campinas e estendendo-se até Ribeirão Preto.

Campinas passou a ser então o grande pólo produtor do país. As culturas estendiam-se em largas superfícies uniformes, cobrindo a paisagem a perder de vista, formando os famosos "mares de café". Na região, os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfície plana da região, que facilitava ainda a comunicação e o transporte e proporcionava uma concentração da riqueza.

A região do Vale do Paraíba com seu “mar de morros”

Enquanto no Vale do Paraíba foi estabelecido um sistema complexo de estradas férreas, nessa nova região foi implantada uma boa rede de estradas rodoviárias e ferroviárias. Com este novo pólo produtor, o café mudou seu centro de escoamento, sendo toda a produção do oeste paulista enviada a São Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos.

Entre a fazenda produtora e o consumidor estrangeiro, o café passava por uma série de etapas, mudando várias vezes de mão. Depois de conduzido em lombo de burros ou em carros de boi até a estrada de ferro mais próxima, que passava com freqüência pela própria fazenda, era embarcado em vagões, que desciam para o porto de Santos ou do Rio de Janeiro. Mas não era imediatamente exportado. Fazia, antes, um estágio nos armazéns de alguma Casa Comissária e era então vendido aos exportadores. Os comissários de café - geralmente comerciantes portugueses e brasileiros, ou grandes fazendeiros que diversificavam suas atividades metendo-se no comércio e fundando bancos - financiavam plantações sob hipoteca e por conta da produção a ser vendida. Vendendo o café aos exportadores, os comissários tiveram papel decisivo, particularmente no primeiro período de expansão dessa lavoura (final do século XIX), quando a maior parte dos fazendeiros ainda não se mudara para a cidade e vivia isolada nas casas-grandes de suas fazendas.

Os comissários cobravam dos fazendeiros comissão pela venda, despesas de armazenamento e juros pelo financiamento de plantação. Houve um momento em que foi muito estreita a relação de dependência pessoal do produtor para com o comissário, tornando-se o comissário uma espécie de conselheiro do fazendeiro.

O café na Depressão Periférica e nos contrafortes ocidentais da Mantiqueira

O café contribuiu para a ordenação territorial à medida que foi se expandindo para o interior do Estado, dando origem a muitas cidades.

O café estimulou o crescimento da cidade de São Paulo e do Porto de Santos. Entrou no país em 1727 – Primeiras sementes foram plantadas no Pará, proveniente da Região de Kaffa, na Etiópia. No Brasil, o responsável por sua introdução foi Francisco Mello Palheta (sargento Mor). Por volta de 1776, chega ao Rio de Janeiro e ao Vale do Paraíba por volta de 1830.

Matos afirma que, sem o açúcar, teria sido, impossível a expansão cafeeira e a conquista dos sertões do oeste de São Paulo. Muitas cidades surgiram do desenvolvimento de núcleos de povoamento gerados pela cultura canavieira no quadrilátero do açúcar , como é o caso de Campinas.

Em 1854 foram criados os municípios de Limeira (1842) e Rio Claro (1845). A partir de então, o crescimento das plantações de café vão se estendendo e são criados mais três municípios ─ Descalvado, São Carlos e Pirassununga; em 1867, Jabuticabal e em 1871, Araras. O povoamento havia ultrapassado a Depressão Periférica (Itu, Tatuí, Campinas e Limeira) para atingir a planície central, onde as aflorações de terra roxa são maiores e mais numerosas. O município de Descalvado situa-se no limite dessas duas regiões.

As áreas próximas a Campinas e Mogi Guaçu, na Depressão Periférica, caracterizam-se pelo relevo pouco desgastado, clima quente e úmido e manchas

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