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Economia Relações Internacionais

Por:   •  30/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.428 Palavras (14 Páginas)  •  257 Visualizações

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Faculdade de Campinas

Curso de Relações Internacionais

“Relação entre Bretton Woods, Controle de Capitais e Era do Ouro”

Economia Internacional II

Niemeyer

BEATRIZ GOMES                                201310026

MAYARA RIBEIRO                                201310188

PATRÍCIA TANNUS                                201310202

Campinas

2015

Durante um longo período, o mundo foi regido pelo sistema monetário do padrão ouro que, para seu funcionamento, exigia três condições: livre mobilidade de capitais, câmbio fixo e a inexistência de políticas econômicas. Entretanto, essas condições foram ignoradas prontamente pelos países durante as duas Grandes Guerras Mundiais.

Ao fim da guerra, os países europeus se encontravam destruídos pelo conflito, não apenas materialmente, mas também com grande parte de suas instituições comprometidas, como é o caso do sistema monetário. Ao abrirem mão da manutenção das condições necessárias para o padrão ouro, o sistema monetário se encontrava extremamente instável, ou seja, não existia a manutenção do câmbio fixo, até porque a maior parte das relações financeiras e comerciais dos países ocorriam de forma unilateral. Além disso, os países não tinham nenhum constrangimento em interferirem diretamente na mobilidade de capitais, pois o ouro era mais do que necessário como reserva de recursos para sustentar uma economia de guerra.

Por essa razão, 44 nações assinaram o Acordo de Breton Woods no ano de 1944, em New Hampshire (Estados Unidos da América). Esse sistema tinha como objetivo definir novas regras para as relações comerciais e financeiras entre os países, assegurar a estabilidade monetária internacional e criar uma nova ordem mundial econômica capaz de superar os problemas do antigo sistema padrão ouro. Buscava-se criar regras comuns para direcionar o comportamento dos países, com o intuito de promover a prosperidade econômica. Além do mais, era necessário criar condições propícias para a reestruturação econômica mundial, buscando a retomada do comércio mundial e do desenvolvimento econômico através da reconquista da estabilidade econômica e previsibilidade do sistema.

“In fact, the agreement set up rather restrictive financial order in which capital controls were not only permitted but encouraged. Far from setting the stage for the globalization of financial markets in more recent years, the Bretton Woods Agreement was a dramatic rejection of the liberal financial policies that had been prominent before 1931. (…) The Bretton Woods negotiators also discussed in detail the issue of to what degree and by what mechanisms capital movements could actually be controlled.” (HELLEINER,1963,p.25)

Tendo em vista os últimos acontecimentos mundiais – duas grandes guerras- algo precisava ser feito para que a população tivesse suas necessidades atendidas, um amparo e melhorias nas suas condições de vida, não só os europeus, mas também todos aqueles que estavam sofrendo as consequências da recessão, da guerra e diversos problemas no âmbito econômico-social. As duas grandes guerras e a Grande Depressão geraram grandes déficits no balanço de pagamentos de vários países, por isso, era necessário criar um sistema internacional de pagamentos que fizessem com que as transações comerciais fossem feitas sem o medo de desvalorizações repentinas ou flutuações bruscas na taxa de câmbio.

O perídio entre guerras foi caracterizado por flutuações cambiais (devido, na maioria das vezes, do excesso de emissão de moedas), desvalorizações competitivas e o aumento de medidas protecionistas. Com isso, o sistema monetário internacional, além de se tornar instável, não havia cooperação entre os países. Além do mais, a tentativa de voltar ao padrão ouro, fez com que o padrão monetário internacional que persistiu até a 1ªGM, acabasse.

Devido a esse capitalismo desregulado que gerou impactos terríveis aos países e suas populações, houve, na 2ªGM, o fortalecimento de partidos de esquerda que iam contra esse mercado e o aumento de sindicatos em países que antes não contavam com a força sindical, como é o caso da Grã-Bretanha, da França e da Alemanha. Os sindicatos, por sua vez, exigiam melhores salários, controle sobre a taxa de juros e fluxos de capitais. Somando essas exigências com o compromisso estatal de proporcionar crescimento e pleno emprego, o Estado não via outra saída que não fosse o controle de capitais. Isso ocorreu uma vez que havia grandes déficits no balanço de pagamentos dos países e, por isso, a tentativa de ajustar suas economias pautada na elevação da taxa de juros era insuficiente e ineficaz.

Os objetivos eram claros: reduzir o desemprego e estimular o crescimento. Isso fazia com que as economias se mantivessem baseadas em altas pressões de demanda. Em função disso, o uso de políticas deflacionárias – como ocorria no antigo padrão ouro – eram dispensadas e mudanças na taxa de cambio ocorriam apenas em momentos de crise. A partir de 1944, com Bretton Woods, notou-se que o controle de capitais era um ajuste que preenchia o sistema. Através desse ajuste, em períodos de restrição econômica externa, a demanda era eliminada por meio de importação.

Segundo Helleiner, o ano de 1931 é marcado pelo rompimento com a tradição liberal nas relações financeiras, além de significar o colapso do mercado de capital internacional e o abandono do padrão ouro internacional. Antes, os governos usavam o controle de capitais para atingir certos objetivos relacionados a sua política externa. Agora, esse controle se tornou permanente e utilizado em estratégias econômicas. (HELLERINER, 1963,p 27). Dessa maneira, Bretton Woods surge como um acordo no qual o controle de capitais não eram apenas permitidos, mas também encorajados e apoiados pelos governos. De acordo com Carvalho (2004, p.51):

“Tratava-se de criar regras e instituições formais de ordenação de um sistema monetário internacional capaz de superar as enormes limitações que os sistemas então conhecidos, o padrão-ouro e o sistema de desvalorizações cambiais competitivas, haviam imposto não apenas ao comércio internacional, mas também à própria operação das economias domésticas.”

Antes do final Segunda Guerra, o departamento de tesouro dos Estados Unidos e da Inglaterra planejavam a constituição de uma nova ordem econômica mundial, para que assim, não houvesse mais guerras. Eles queriam criar um sistema internacional, no qual os problemas que paralisaram o capitalismo na Grande Depressão - como a taxa de câmbio flutuante e desvalorização monetária – e que gerar a guerra, não ocorressem mais.

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