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Estados e Moedas no Desenvolvimento das Nações “De volta à questão da riqueza de algum as nações”

Por:   •  4/10/2023  •  Resenha  •  3.805 Palavras (16 Páginas)  •  107 Visualizações

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Estados e Moedas no Desenvolvimento das Nações

De volta à questão da riqueza de algum as nações

Raphael Rocha Lima

Introdução

Friori analisa o final do século XX e a retomada do interesse pelo desenvolvimento em países subdesenvolvidos. Ele questiona as ideias neoclássicas em favor de uma abordagem mais intervencionista e reflete preocupações sobre o crescimento econômico no século XXI, apontando para desafios como a estagnação nos EUA, recessão no leste asiático e regressão na Rússia. Além disso, ele destaca a falta de controle sobre o movimento de capitais, a desigualdade crescente e o declínio do crescimento em países como o Brasil, sugerindo que o capitalismo global está perdendo sua infalibilidade.

Essa resenha tem o propósito de sintetizar e examinar o conteúdo do primeiro capítulo do livro "Estado e Moedas no Desenvolvimento das Nações" de José Luís Fiori, intitulado "De volta à questão da Riqueza de algumas nações". Além disso, será apresentada uma análise crítica e uma reflexão pessoal sobre a obra. O primeiro capítulo será minuciosamente resumido e avaliado, enquanto o segundo capítulo abordará as impressões e opiniões pessoais sobre o autor.

1.Resumo e Análise do Capítulo

1.1. De volta à questão da riqueza de algum as nações

A análise de Friori, presente em seu livro de 1999, enfoca o final do século XX e a ressurgência do interesse pelo desenvolvimento em países subdesenvolvidos. Isso coincide com um questionamento das ideias neoclássicas que priorizavam o controle inflacionário, dando lugar a uma abordagem mais intervencionista visando o aumento da produção e do emprego, em linha com o modelo keynesiano. Esse reposicionamento político reflete a insatisfação provocada pela crise no Leste Asiático, o contínuo aumento da desigualdade global e as incertezas que marcam o início do século XXI, especialmente nos países periféricos.

O autor adota uma perspectiva pessimista em relação ao crescimento econômico no século XXI, apontando para a estagnação nos Estados Unidos, a recessão no leste asiático e a regressão na Rússia. Ele antecipa que o Brasil também enfrentará uma década perdida em termos de crescimento e emprego, enfatizando a persistente incerteza devido à falta de controle sobre o livre movimento de capitais e à ausência de coordenação cambial entre as principais potências econômicas mundiais.

Além disso, o autor expressa preocupações relacionadas à falta de controle sobre o movimento de capitais e à possível "tirania financeira" que pode ser imposta aos países periféricos. Ele destaca as quedas nas principais potências mundiais desde o fim do sistema Bretton Woods, ressaltando que o acirramento da competição internacional não resultou em um aumento do crescimento e desenvolvimento dos países.

A crescente desigualdade social é um ponto central em sua análise, mostrando como a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres cresceu significativamente ao longo das décadas. Além disso, ele ressalta que apenas três países tiveram crescimento da renda per capita - Brasil, Colômbia e México -, mas esses ganhos foram perdidos ao longo do tempo. No Brasil, o crescimento econômico também diminuiu consideravelmente ao longo das décadas.

1.2 Profecia não cumprida.

O autor argumenta que, para compreender plenamente o tema do desenvolvimento, é essencial começar pela utopia clássica, que idealizava a universalização e homogeneização da riqueza capitalista. No entanto, ao analisar a trajetória real dos últimos dois séculos, marcados pela expansão e globalização do capital e do poder territorial, torna-se claro que essa utopia não se concretizou. Portanto, é imperativo examinar as fragilidades da teoria clássica que levaram a sucessivas frustrações históricas: a visão ambígua do papel do poder político na acumulação e distribuição da riqueza capitalista, a concepção homogênea do espaço econômico capitalista mundial e, por fim, a visão otimista e civilizatória em relação aos povos considerados "sem história

Em relação às previsões sobre a universalização da riqueza capitalista, o autor argumenta que Adam Smith e Karl Marx, em certo ponto, convergiram em uma previsão comum. Eles acreditavam que a expansão dos mercados ou o desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo industrial promoveria, no longo prazo e por si só, a inevitável universalização da riqueza capitalista. Apesar de ter sido somente Ricardo - ou pelo menos sua leitura neoclássica que não viu o destino de Portugal e seus bons vinhos - quem levou esta ideia às últimas consequências, ao profetizar que o livre-comércio promoveria também uma convergência e homogeneização da riqueza das nações.

Com relação à concentração do poder político e da riqueza capitalista, o autor destaca que, desde o início do século XIX e, em particular, depois de 1850, a humanidade testemunhou um impressionante e acelerado processo de concentração desses elementos nas mãos de um reduzido número de Estados, a maioria deles europeus. Esse pequeno "clube de nações" se consolidou entre 1830 e 1870 e acumulou, a partir daí até o início da Primeira Guerra Mundial, taxas cada vez maiores do poder e da riqueza mundiais. No mesmo período, exatamente quando a economia capitalista se transformava em um fenômeno global e unificado, a Europa assumiu o controle político colonial de cerca de três quartos do território mundial, consolidando as redes comerciais e a base material do que foi chamado mais tarde de economia do sistema capitalista mundial. Em pouco mais de um século, o comércio se expandiu e criou redes extensas e integradas de transporte, permitindo incorporar um número maior de países à dinâmica propulsora da economia inglesa.

Durante a primeira metade do século XIX, a maioria dos países aderiu ao "padrão-ouro", o primeiro sistema monetário internacional, que proporcionou uma certa estabilidade. Nesse período, testemunhamos os primeiros milagres econômicos na era do "capitalismo tardio" em países como Alemanha, Estados Unidos, Japão e em algumas colônias de povoamento de domínio inglês, como Canadá, Nova Zelândia e Austrália, além de Argentina e Uruguai. No entanto, durante esse meio século, o restante do mundo, incorporado à economia europeia como colônias ou semicolônias, não conseguiu escapar da camisa de força de um modelo econômico baseado na especialização e exportação de alimentos e matérias-primas, vivendo um período de baixo crescimento econômico intercalado por crises cambiais crônicas.

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