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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Por:   •  8/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.442 Palavras (10 Páginas)  •  245 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Luisa Costa Alves Guidoux

Matrícula: 201709033771

Pós-Graduação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial - HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

Rio de Janeiro, 2017

1 - INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

ASSIS, Machado de. O Alienista. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. V II.

2 -  RESUMO

A obra “O Alienista”, de Machado de Assis, conta a história de Simão Bacamarte, um médico que retornara a Itaguaí após concluir seus estudos na Europa. Casado com Dona Evarista, apaixonou-se também pela psicologia e psiquiatria. Em Itaguaí – ou no reino – não havia nenhuma autoridade em matéria semelhante e inexplorada.

Dr. Bacamarte, assistindo o que acontecia aos dementes de Itaguaí – que eram trancados em alcovas, dentro de suas próprias casas, até que morressem, sem perspectiva de cura (somente de piora) – pediu autorização à Câmara para construir um local onde todos os loucos de Itaguaí viveriam juntos. A proposta excitou curiosidade de toda a vila e encontrou grande resistência, pois pareceu, em si mesma, sintoma de demência.

Isso não impediu o médico, que arranjou tudo. Após um tempo, muitos dementes já se encontravam dentro da casa com o consentimento dos parentes, felizes por verem o carinho paternal e caridade cristã com que seriam tratados. Itaguaí comemorou: finalmente possuía uma “casa de orates” (hospício), carinhosamente apelidada de Casa Verde.

Dr. Bacamarte dizia que seu principal objetivo na Casa Verde era estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos e descobrir a causa do fenômeno, e, por conseguinte, o remédio universal. Acreditava estar prestando um bom serviço à comunidade. Dizia que sem o asilo, seria incapaz de fazer tais coisas.

No decorrer de quatro meses, a Casa Verde já possuía uma população: eram furiosos, mansos, monomaníacos. Os cubículos construídos a princípio não bastavam mais; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta e sete. O Padre da cidade confessou que não imaginava existirem tantos loucos no mundo.

Dr. Bacamarte, que passou a ser chamado de O Alienista, então, procedeu a uma vasta classificação dos seus enfermos, que foram primeiramente classificados em duas classes principais: os furiosos e os mansos. Daí passou às subclasses, monomanias, delírios e alucinações diversas. Isto feito, iniciou um estudo aturado e contínuo, analisando os hábitos de cada paciente, as horas de acesso, as aversões, as simpatias, as palavras, gestos e as tendências. Perguntava-lhes sobre suas vidas, profissões, costumes, circunstâncias da revelação da doença, acidentes da infância e mocidade, doenças de outra espécie, história pregressa. E a cada dia anotava uma coisa nova, uma descoberta interessante, um fenômeno extraordinário.

Ao mesmo tempo estudava o melhor regime terapêutico, as substâncias medicamentosas, os meios curativos e paliativos – não só os que ele já detinha conhecimento – mas também os que ele mesmo descobria, à força de sagacidade e paciência.

O Alienista passou a perceber, com o tempo, que a Casa Verde era um negócio muito lucrativo. Partiu para o Rio de Janeiro para alargar as bases da psicologia. Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era dedicado a andar na rua, ou de casa em casa, estudando sobre mil assuntos. Dizia ele que fazia uma experiência científica que iria vir a mudar a face da terra. O boticário achava extravagante a ideia de ampliar o território da loucura.

Daí um tempo, não mais os declarados insanos estavam sendo recolhidos à Casa Verde; aqueles que deviam e não pagavam também eram declarados dignos de internação. A população, consternada, ao ter com o Alienista, ouviu dele que estas não estavam em perfeito equilíbrio de suas faculdades mentais.

Se alguém discordasse de Dr. Bacamarte, também era recolhido à Casa Verde. Ninguém acreditava que sem motivo, sem inimizade, o Alienista trancava pessoas perfeitamente ajuizadas, que não tinham outro crime senão o de interceder por um infeliz.

Cárcere privado: eis o que a Casa Verde se tornou. Vinte e tantas pessoas foram recolhidas durante a semana que se seguiu a captura de um rapaz chamado Mateus, cuja loucura era a de “contemplação”. Nem sequer D. Evarista, a esposa de Dr. Bacamarte, acreditava na quantidade de pessoas que estavam sendo mandadas pelo marido à Casa Verde.

A ideia de uma petição ao governo para que Simão Bacamarte fosse capturado e deportado andou por algumas cabeças antes que o Barbeiro a expandisse. Dizia que era “preciso derrubar o tirano”. Cerca de trinta pessoas ligaram-se ao barbeiro e levaram uma representação à Câmara, que recusou a aceita-la, declarando que a Casa Verde era uma instituição pública, e que, além disso, a ciência não poderia ser emendada ou por votação administrativa ou por movimentos de rua.

Isso instigou a ira dos agitadores; já não eram mais trinta e sim trezentas pessoas que acompanhavam o barbeiro. A revolta recebeu um nome – “Revolta dos Canjicas” – pois o barbeiro era conhecido como o Canjica. Muita gente não descia à rua por medo, mas o movimento era unânime (ou quase).

A arruaça desejava a demolição da Casa Verde; ou pelo menos a liberdade daqueles que se encontravam nela. O Alienista, de encontro com a multidão, justificou seus atos: a ciência é coisa séria, e deveria ser tratada como tal.

Os dragões conduziram os revoltosos até a câmara. O barbeiro foi nomeado “o protetor da vila em nome da sua Majestade e do povo”. No geral, as famílias abençoavam o nome daquele que iria libertar Itaguaí da Casa Verde e do terrível Simão Bacamarte.

Vinte e quatro horas após sua nomeação, o barbeiro se dirigiu com dois ajudantes de ordens à residência de Dr. Bacamarte. Este não demorou a receber o barbeiro; só pediu uma coisa: que não o constrangesse a assistir pessoalmente à destruição da Casa Verde.

Enganava-se Dr. Bacamarte com as intenções do Barbeiro; respondeu-lhe que a mesma revolução de ontem, que pediu o derrubamento da casa, poderia trabalhar em conjunto com o médico, retirando da Casa Verde os pacientes quase curados, os que não necessitavam de internação, etc. Desse modo o governo demonstraria mostraria tolerância e dignidade.

Depois de cinco dias, o Alienista internou na Casa Verde cerca de cinquenta aclamadores do novo governo. Nisto, entrou na vila uma força mandada pelo vice-rei para reestabelecer a ordem. Dr. Bacamarte, então, declarou mentecaptos não só o barbeiro, mas outros cinquentas e tantos indivíduos que o apoiavam.

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