Homem econômico: origens e significados
Resenha: Homem econômico: origens e significados. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: patricadanadinha • 25/8/2014 • Resenha • 656 Palavras (3 Páginas) • 276 Visualizações
Homem econômico: origem e significados
Para evitar mal-entendidos, e antes de considerarmos as objeções
e alternativas ao "homem econômico", deixe-me dizer alguma coisa sobre
a origem e o conteúdo dessa construção conceitual. Quando surge
esse postulado? E quais seriam, mais precisamente, seus traços peculiares?
O "homem econômico" é caracterizado por duas peças principais:
(i) a busca ou a defesa do seu auto-interesse (fins auto-interessados); e (ii)
a escolha racional dos meios (racionalidade instrumental).
Na situação ideal da microeconomia de livro-texto, o "homem econômico"
é um agente dotado de preferências completas e bem-ordenadas,
amplo acesso à informação e poderes computacionais (ou de processamen-
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NOVOS ESTUDOS Nº 25 - OUTUBRO DE 1989
to de informações) irrestritos (Hollis & Hargreaves-Heap, 1987). Após o
cálculo do retorno associado às diferentes possibilidades de ação, o "homem
econômico" escolhe aquela que satisfaz suas preferências melhor
do que qualquer outra alternativa. O agente é racional, no sentido de que
ele maximiza de modo consistente uma função objetiva sujeita a restrições
(isto é, dotação inicial de recursos, custo de obter informação, risco
associado à incerteza sobre as conseqüências de suas ações etc).
Os problemas surgem, no entanto, quando tentamos dar um conteúdo
mais sólido ou substantivo aos conceitos de auto-interesse e racionalidade.
Na verdade, como procurarei mostrar em seguida, existem duas
versões bastante distintas de "homem econômico" na HPE.
2.1. Homem econômico de tipo psicológico
A primeira versão enfatiza o aspecto da motivação, isto é, dos fins
da ação, embutido no conceito de "homem econômico". A defesa do autointeresse
é interpretada em sentido forte ou substantivo, como a busca
de fins egoístas, o primado do motivo-monetário nas transações e o hedonismo
psicológico.
Na evolução da economia, essa versão do "homem econômico"
está associada à aliança entre a filosofia utilitarista inglesa e a teoria econômica,
que começa na geração de J. Bentham, James Mill, D. Ricardo e do
(jovem) J.S. Mill, e ganha contornos mais nítidos nos trabalhos de W.S.
Jevons e F.Y. Edgeworth.
Encontramos uma de suas mais claras e acabadas expressões num
trabalho apresentado por Jevons em 1862 ("Brief Account of a General
Mathematical Theory of Political Economy", Journal of the Statistical Society
of London 29 (1866), pp. 282-87):
Uma verdadeira teoria da economia só poderá ser obtida se retornarmos
às grandes fontes originais da ação humana — os sentimentos
de dor e prazer. Existem motivos quase sempre presentes em nós,
surgindo da consciência, da compaixão, ou de alguma fonte moral
ou religiosa. [Mas esses são motivos que uma teoria geral da economia]
não pode e não pretende considerar. Eles permanecerão para
nós como forças excepcionais e perturbadoras; eles devem ser considerados,
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