O Banco Central
Tese: O Banco Central. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: brunafcostas • 26/10/2014 • Tese • 1.653 Palavras (7 Páginas) • 220 Visualizações
No Brasil, o Banco Central foi criado com personalidade jurídica e patrimônio
próprios, ficando inicialmente determinada a incorporação dos resultados obtidos ao
seu patrimônio. Somente em 1987, no bojo do processo de separação das contas do
Tesouro Nacional e Banco Central, ficou estabelecido que os resultados obtidos pelo
Banco Central, após compensados eventuais prejuízos de exercícios anteriores,
passariam a ser transferidos ao Tesouro Nacional na forma e prazo definidos pelo
Conselho Monetário Nacional.
Argumentava-se, na época, que os lucros do Banco Central eram obtidos às
custas do Tesouro Nacional, em virtude do descompasso entre taxas ativas e passivas,
e que esse excesso deveria ser evitado pois refletia-se em maior colocação de títulos
do Tesouro e, portanto, em elevação da dívida pública. Além disso, havia certa
desconfiança com relação ao destino de tais lucros, tendo em vista que o controle que
a sociedade exerce sobre as atividades do Banco Central é sempre bem menor que
sobre os gastos fiscais que transitam no Orçamento. Assim, em conseqüência do
processo de separação de contas, foram transferidos, de 1988 a 1998, recursos ao
Tesouro Nacional originários dos resultados do Banco Central no montante de
aproximadamente US$ 70 bilhões.
Além disso, estabeleceu-se que, a partir de então, os resultados do Banco Central seriam, após a transferência, destinados à amortização da dívida pública
do Tesouro Nacional, com prioridade para a DPMFI de responsabilidade do Tesouro
Nacional em poder do Banco Central.
O comportamento da DPMFI, assim compreendida a dívida de responsabilidade
do Tesouro Nacional e do Banco Central, depende do resultado fiscal e das operações
de política monetária que trocam ativos mais líquidos por títulos públicos federais.
A política fiscal está hoje bastante subordinada ao Legislativo, pois o governo só
pode gastar o montante previsto no Orçamento Geral da União e nas áreas nele
especificadas. As despesas que a emissão de títulos da dívida interna do Tesouro
Nacional podem financiar também são definidas no Orçamento Geral da União, assim
como as despesas decorrentes da própria emissão. O Tesouro Nacional tão somente
distribui e administra os recursos do caixa dentro dos limites fixados. Assim, a elevação
ou redução do estoque de títulos do Tesouro em mercado, por sua vez, depende
fundamentalmente de quatro variáveis, a saber: (1) o resultado primário, o qual
depende de um conjunto de variáveis fiscais: receita tributária, despesas com pessoal e
encargos, transferências a Estados e Municípios, etc.; (2) a taxa de juros nominal; (3) o
perfil da dívida; (4) a demanda do mercado por títulos do Tesouro.
Dessas quatro variáveis que determinam o endividamento do Tesouro, apenas a
primeira tem origem nitidamente fiscal. As demais são determinadas com relativa
independência, conforme veremos, pela política monetária do Banco Central.
Uma alta da taxa de juros eleva o custo de todos os títulos do Tesouro. Na
tentativa de escapar a custos excessivos, tem-se optado freqüentemente pela
utilização de NTN como principal título de captação, o que acabou determinando que
se deixasse de emitir as LFT, títulos indexados à taxa over-selic e sem nenhum risco
para o tomador.
Além de afetar as condições de custo e prazo, o Banco Central também atua
sobre a demanda por títulos do Tesouro indiretamente quando altera as condições
gerais de liquidez do sistema e, diretamente, pela utilização diferenciada dos vários
instrumentos de política monetária.
Além disso, os títulos do Banco Central são substitutos e concorrentes dos títulos
do Tesouro. No mercado primário, em leilões, o Banco Central vende os BBC com
objetivo de política monetária enquanto o Tesouro vende seus títulos para financiar
déficits orçamentários e/ou rolar a despesa com a dívida vincenda. Como o mercado
não faz distinção entre os papéis das duas instituições, a demanda se distribui
considerando o volume global de colocação em dado período. Quanto maior o volume
global de colocação, ceteris paribus, maior tende a ser a rentabilidade exigida. Donde
se conclui que a atuação concomitante do Banco Central com títulos de sua
responsabilidade afeta as condições de demanda e custo dos títulos do Tesouro.
Do mesmo modo, de um lado proíbe-se o financiamento direto e indireto do
Banco Central ao Tesouro. De outro, as operações quase-fiscais no Banco Central e no
sistema financeiro como um todo permanecem gerando um custo fiscal, ao mesmo
tempo que a dívida do Banco Central em mercado se eleva em virtude da condução da
política monetária, responsável tanto pela variação do nível de reservas internacionais
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