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O Desenvolvimento Econômico

Por:   •  20/7/2020  •  Resenha  •  11.370 Palavras (46 Páginas)  •  121 Visualizações

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Tópicos para a P2

5. Causas da inflação mundial desde o fim dos anos 1960 até 1979 – respondido com Serrano (2004).

        1947 até o fim dos anos 1960:

Estas duas décadas foram, portanto, um período de inflação moderada, combinado com salários reais crescentes e distribuição funcional da renda (parcela dos lucros) mais ou menos estável. Neste contexto, a inflação baixa, apesar de positiva, parece ter tido o papel de permitir que, através da inflação rastejante, os frutos do progresso técnico fossem distribuídos de forma mais equânime, estabilizando ou fechando os leques salariais dos países industrializados. A relativa estabilidade do capitalismo reformado dependia de um alto grau de “conformismo social” e que isto talvez estivesse começando a mudar a partir dos movimentos sociais contestatórios que surgiram no final dos anos sessenta.

        1968 até 1979:

        Nos últimos anos da década de 60 ocorreu uma súbita redução do grau de “conformismo social” nos países industrializados com a chegada no mercado de trabalho de uma nova geração de trabalhadores que havia crescido em um ambiente de excepcional segurança política e econômica, levando a um grande acirramento do conflito distributivo em todos os países centrais.

        Além disso, o conflito levou a um aumento do ritmo de crescimento dos salários nominais, começando de forma gradual nos EUA e se espalhando rápida e simultaneamente por praticamente todos os países industrializados em 1968. Na maior parte destes países a taxa de crescimento dos salários nominais no período 1968-1971 foi mais que o dobro da taxa dos vinte anos anteriores, fenômeno que ficou conhecido como “explosão salarial”.

        A explosão salarial levou a uma aceleração da inflação na medida em que os reajustes salariais iam sendo repassados aos preços. No entanto, as margens de lucro nominais não subiram o suficiente para fazer face ao aumento do ritmo de crescimento dos custos salariais e o repasse acabou sendo apenas parcial, tendo sido bem maior nos EUA do que nos demais países. A explosão salarial levou, em diferentes graus nos diversos países centrais, à compressão das margens reais de lucro e da parcela dos lucros da renda, o que gerou grande descontentamento político nos meios empresariais.

        No entanto, a redução das margens de lucro e da taxa de lucro normal, apesar de ter gerado protestos da classe capitalista, não teve efeitos diretos negativos sobre o ritmo de crescimento do investimento privado, pois: i) as quedas das margens reais de lucro e da taxa de lucro normal foram acompanhadas por queda equivalente das taxas de juros reais, aparentemente sem alterar significativamente a diferença entre taxas de lucro e taxas de juro que é o que poderia afetar o investimento; ii) nos EUA, o aumento da parcela salarial, ao redistribuir renda para classes com maior propensão a consumir, certamente levou a um aumento do consumo induzido dos trabalhadores, o que levou ao aumento da demanda efetiva e, por sua vez, levou a um aumento dos níveis de investimento privado, mesmo com margens e taxas normais de lucro menores.

A compressão das margens de lucros no final dos anos sessenta teve o efeito, não só de aumentar o conflito social e distributivo e a inflação, como também de, inicialmente, acelerar ainda mais o crescimento econômico dos principais países industrializados.

A resposta inicial do governo americano à aceleração da inflação foi, no primeiro mandato do presidente Nixon, a manutenção das políticas macroeconômicas expansionistas. A prioridade central do governo, naquele contexto político, era evitar o crescimento do desemprego.

Em geral, a economia americana teve maior inflação e aumento bem menor dos salários reais do que a maior parte dos demais países capitalistas. No contexto do regime de câmbio nominal fixo, a inflação maior fez com que a competitividade externa da economia americana com a maior parte dos parceiros comerciais se deteriorasse. Isto aumentou a pressão interna dos setores expostos à concorrência externa para que o governo americano efetuasse por conta própria uma desvalorização cambial generalizada.  O governo americano se via diante do Dilema de Nixon: Vontade de desvalorizar o câmbio e ao mesmo tempo a impossibilidade de fazê-lo, dentro das regras do Sistema Bretton Woods, sem ameaçar a posição do dólar como moeda internacional. Diante da falta de acordo, em 1971 o presidente Nixon tomou a decisão unilateral de abandonar a conversibilidade em ouro do dólar.

Dado o contexto de crescimento acelerado e sincronizado da economia americana e mundial, aumento da inflação nos EUA, taxas de juros de curto prazo nominais e reais baixas em dólar e crescente capacidade de criação de crédito no circuito offshore do eurodólar, o fim da conversibilidade do dólar levou a uma verdadeira explosão dos preços em dólar das matérias primas nos mercados internacionais a partir de 1972.

Soma-se ao choque das commodities os efeitos do primeiro choque do petróleo (1973) que, embora representasse uma situação de relativa perda de controle – sendo sem dúvida resultado direto do conflito distributivo entre os países produtores e os países desenvolvidos, num contexto de questionamento da liderança americana –, só teve um efeito de tal magnitude devido à política macroeconômica expansionista dos EUA e, especialmente, à sua nova política de segurança energética.

A aceleração da inflação em todos os países industrializados e os problemas de balanço de pagamentos dos outros países, que não os EUA, acabaram finalmente levando à introdução generalizada, embora em alguns casos ainda de forma parcial e hesitante, de políticas macroeconômicas contracionistas. Estes aumentos acirravam ainda mais os conflitos distributivos nos países centrais, pois a mudança nos termos de troca agravava a compressão das margens de lucro enquanto que, ao mesmo tempo, tendia a reduzir os salários reais dos trabalhadores em termos de poder de compra sobre os bens de consumo. Estes conflitos, por sua vez, faziam a inflação dos preços dos produtos industrializados acelerar ainda mais.

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