O Mestrado Profissional em Economia
Por: Felipeq • 26/4/2021 • Resenha • 2.364 Palavras (10 Páginas) • 182 Visualizações
Programa: Mestrado Profissional em Economia
Disciplina: Macroeconomia
Professor: Nelson Barbosa
Aluno: Felipe Fernandes Queiroz
Trabalho: Resenha do Livro - A História do Pensamento Econômico
A evolução da economia como ciência está, intimamente, ligada aos acontecimentos políticos e sociais dos séculos XVIII e XIX. No entanto, questões de cunho econômico estão presentes na vida humana desde do início das primeiras sociedades humanas. O percurso do livro “A História do Pensamento Econômico”, escrito por Robert Heilbroner, vai nesse sentido. São 11 capítulos, passando pelos primórdios da racionalidade econômica e pelos principais pensadores da área, como Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo, John Stuart Mill, Karl Marx, John Keynes... trata-se de um cuidadoso apanhado histórico sobre a evolução do pensamento econômico.
O capítulo Revolução Econômica menciona o reflexo da lógica econômica nas primeiras organizações humanas, mas sobretudo retrata a efervescência do comércio europeu nos séculos XIV em diante. A rápida e infreável mudança na dinâmica socioeconômica ao longo dos séculos implicou em um enorme crescimento das redes de trocas o que implicava, por exemplo, na necessidade de padronização das medidas e das moedas a serem utilizadas.
Fica evidente que pensar temas econômicos se tornou cada vez mais uma necessidade, uma obrigação e não um luxo de pensadores aristocratas desfrutando do ócio criativo. Nesse contexto, surgem figuras como Adam Smith. A um capítulo inteiro dedicado ao senhor Smith.
Smith era filósofo e ávido observador da sociedade, percebeu os potenciais e as relações sociais estabelecidas durante o produtivo século XVIII. Escocês, nascido em Kirkcaldy, 1723, era muito famoso, uma referência intelectual da época, lecionou por anos na Universidade de Glasgow até ser convidado para trabalhar como tutor do filho de um nobre inglês.Durante sua trajetória como tutor, realizou uma viagem típica dos filhos da nobreza da época, costumeiramente denominadas de Grand Tour. Foi durante essa viagem, mais precisamente em Paris, França que ele escreveu boa parte da sua maior obra Wealth of Nations.
Segundo Heilbronner, o livro é denso “tem ares de enciclopédia, sem a organização de uma enciclopédia”. São 900 páginas, de uma tradução viva da Inglaterra de 1770. Descreve cuidadosamente cada argumento e termo introduzido, enxerga o burguês com curiosidade, desconfia das suas intenções, mas está mais preocupado com o desenvolvimento da riqueza da não por meio do comércio e mercadorias. Trabalha duas questões principais: a primeira, como os indivíduos se mantém unidos? E a segunda, a lei da população: autorregulação por oferta e demanda.
Para muitos, Smith tinha uma visão “otimista” sobre desenvolvimento econômico. Ao trabalhar a primeira questão acima listada, ele se vale das leis do mercado, a mão invisível do mercado. Mecanismos de competição e autorregulação seriam, segundo Smith, o caminho que conduziria a Inglaterra ao inevitável encontro com a prosperidade. Pensamento esse que culminaria em afirmações da seguinte natureza: uma nação rica não pode ser composta por pobre e miseráveis.
Já o segundo ponto, para Smith, a Lei da População funciona a partir da seguinte lógica: os salários aumentam, a população aumenta, os salários caem, ou seja, a autorregulação por oferta e demanda. Smith é considerado por muitos, o pai da Economia. Além disso, na visão de muitos e na minha também, Smith era um entusiasta do sistema capitalista, o que o tornava um apaixonado defensor do livre mercado, era um liberal. Para Smith, o governo atrapalhava a dinâmica das leis do mercado, por tanto não deveria se meter em quase nada.
No capítulo IV, ao tratar dos pensamentos de Thomas Maltus e David Ricardo, Heilbronner traz reflexões sobre eventual ingenuidade ou romantismo por parte de Smith. Não parece ingenuidade ou mesmo má intenção que levou Smith a prever que o livre mercado levaria a sociedade a uma situação de prosperidade e desfazimento de mazelas sociais, além da crença cognitiva acima elencada, o contexto no qual Smith desenvolveu sua obra favorecia tais conclusões.
O livro traz também, entre os otimistas com o futuro, o Ministro William GODWIN, pregava que no futuro adviria um mundo justo, sem instituições, uma anarquia democrática. O que fora publicado em POLITICAL JUSTICE, 1793, obra responsável por fazer surgir um frisson de esperança e entusiasmo com o progresso e o futuro, o que foi desconstruído com a teoria malthusiana.
Em sentido divergente aos prognósticos de Smith, outros pensadores preocupavam-se em saber o tamanho da população da Inglaterra do Século XVIII. O debate se dava sobre se o ritmo de crescimento da produção de alimentos acompanharia o aumento da população. Nessa linha destacava-se Thomas Malthus. Para Malthus, o crescimento da população seria demasiadamente grande o que levaria a uma crise de abastecimento e segurança alimentar. Sua obra publicada em 1798, intitulava-se “An Essay on the Principle of Population as It affects the future improvement of Society”.
Dentre os pensadores “Sombrios”, como aponta Heilbroner no título do capítulo IV, encontra-se David Ricardo. O autor escreveu livro onde previa que o futuro da sociedade não é a prosperidade, dado que o crescimento é em benefício de alguns e em detrimento de outros. Depreende-se da obra de Heilbroner que Smith via a sociedade como uma família, já Ricardo como indivíduos e grupos em competição.
Como mencionado, David escreveu 40 anos depois de Smith, a Inglaterra passava por condições socioeconômicas distintas. Smith escreve em condições socioeconômicas favoráveis a previsões otimistas. Na época de Ricardo, o preço dos alimentos encontra-se muito alto, a oferta interna não supria a demanda e havia a necessidade de importação de grãos. O que gerava aumento dos preços e, consequentemente, aumento dos custos porque os industriais pagariam salários mais altos aos empregados. O texto indica que, no limite, a perpetuação dessa tendência poderia levar a sociedade a um ciclo vicioso que inviabilizaria setores da economia.
Ricardo era um exímio homem de negócios mas também um teórico sobre dinâmica socioeconômica. Era amigo de Malthus, pensador dado a festas e a boa vida, fazia sucesso com as mulheres. Mesmo com a ajuda feminina, a previsão apocalíptica de Malthus não se concretizou.
Trazendo o raciocínio malthusiano para tempos mais recentes, pode-se afirmar que a inovação foi a responsável por frustrar os malthusianos. Apesar de em meados da década de 1970 estudos apontarem o super crescimento populacional na Índia e em países africanos, o desenvolvimento tecnológico, chamado de revolução verde, acelerou o crescimento da oferta de alimentos.
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