RESENHA ABRAMOVAY .
Por: Pedro Baccarini • 24/10/2017 • Resenha • 1.106 Palavras (5 Páginas) • 360 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Graduação em Ciências Econômicas
Pedro Baccarini Prazeres Lopes
RESENHA ABRAMOVAY
Belo Horizonte
2017
Abramovay começa expondo a economia brasileira, pouco ligada as questões ambientais. Para ele, A renda flui dos domicílios para as empresas e das empresas para os domicílios e estamos conversados. Mas não é só na economia que isso acontece. Em outras ciências sociais talvez com exceção da antropologia cultural, que foi obrigada a se debruçar sobre essa questão por estudar sociedades tradicionais. Além disso, fala que a macroeconomia é a capacidade que os economistas têm de compreender os fatores quedeterminam o crescimento econômico. Esses fatores são exclusivamente referentes à formade organizar a sociedade e esses limites são limites sempre tecnológicos.
O tema que os economistas discutem quando pensam em meio ambiente é como gerir recursos que são bens comuns. É como se nenhum desses temas não tivesse qualquer relação com a maneira pela qual a sociedade se relaciona com a natureza. É como se o homem não tivesse comércio com a natureza. A característica fundamental da sociedade brasileira é a de não ser uma sociedade em que a apropriação da natureza passe pela valorização do trabalho e do conhecimento. Somos uma sociedade em que a apropriação da natureza passa pelo poder patrimonialista, pelo poder de competir em mercados não a partir de criatividade e de inteligência, mas do usufruto imediato visando ganhos.
O que está em jogo, hoje, em torno de uma questão de sobrevivência de espécie humana, não apenas da sobrevivência do sistema capitalista, mas da democracia e da civilização contemporânea, é a capacidade das economias descentralizadas de responder ao desafio da sustentabilidade. Se o sistema não for capaz de elaborar objetivos sociais além do que cada agente individual quer, o resultado será absolutamente catastrófico aliás, é catastrófico. Então, aí sim, você tem uma mudança de paradigma que vai além da mudança energética, da substituição do petróleo pelas fontes não fósseis.
Sobre a curva ambiental de Kuznets Abramovay diz que a ideia de que o capitalismo é essencialmente um regime de desperdício não é totalmente verdadeira, porque cada agente capitalista individual faz o possível para otimizar a sua produção. Porém, há um efeito não antecipado: como as coisas vão se tornando mais baratas e, como isso contribui para o crescimento dos mercados, o consumo aumenta. Portanto, trata-se de uma hipótese teórica que não vem sendo confirmada pelos dados empíricos.
A partir do momento em que as inovações tecnológicas embutidas na ideia de sustentabilidade se materializarem, a curva de aprendizagem tende a ser decrescente. O exemplo disso é o Pró-Álcool. O Pró-Álcool era um programa totalmente subsidiado, e houve uma curva de aprendizagem que o tornou competitivo. A mesma curva de competitividade está se exprimindo nas energias eólica e solar. Ao existem mercados capazes de emitir sinais com relação aos custos reais dos produtos, será necessário um conjunto de artifícios por meio dos quais serão imputados preços aos produtos, que passarão por concepções de justiça, discussões sobre o que é justo, o que não é justo e qual é o custo ambiental de alguma coisa. A tradução do custo ambiental em preço não é automática. Passa por uma filtragem, por uma espécie de digestão do fenômeno natural em direção ao fenômeno preço, e esse processo não é automático.
A viabilidade ambiental de construção de hidrelétricas na Amazônia pode ser seriamente questionada, porque as áreas de inundação são imensas e os impactos na população são grandes. Por outro lado, a estrutura estatal de fiscalização e de interação com os agentes privados e com a sociedade civil para levar esses projetos adiante é extremamente precária. Ou seja, o Estado brasileiro está muito mais equipado para promover obras de infraestrutura voltadas ao crescimento econômico do que para promover o desenvolvimento sustentável.
O “crescimento sustentável” é uma contradição bem mais nítida. A economia ecológica tem uma resposta importante: promover o crescimento não apoiado na maximização do produto, mas na maximização da qualidade. É certo que algum grau de degradação vai haver. Mas a questão fica mal colocada se, por “crescimento sustentável”, se entender a integridade intocável dos ecossistemas, de um lado, e a satisfação de necessidades materiais, de outro. A riqueza deixa de ser um fim e passa a ser um meio. A característica-chave da economia capitalista é que a riqueza é um fim por si só.
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