Relações Econômicas Internacionais
Por: Bruno Finamor • 14/8/2020 • Resenha • 1.813 Palavras (8 Páginas) • 281 Visualizações
Economia Monetária e Financeira Internacional II
Relações Econômicas Internacionais
2º Trabalho – Tópico: Bolha da Internet (dot.com)
Bruno Finamor Andrade de Oliveira
João Victor Hubert
1. Introdução
Os impasses e as perspectivas do capitalismo contemporâneo têm como epicentro a emergência da crise dos anos 70 do século recém-findo. Evoluíram como expressões concretas da globalização neoliberal – regressão profunda frente ao atípico período dos “anos dourados” –, cuja engrenagem absolutiza tendencialmente a dominância financeira. Entrementes, a “financeirização” da riqueza capitalista é uma categoria lógico-histórica concreta. Diz respeito às condições específicas de configuração da dinâmica sistêmica recente do capital; e da apreensão da materialidade dialética desse novo. Trata-se de um padrão de fabricação de riqueza afiançado pela plutocracia dos Estados do capitalismo central, que se generaliza. Onde se entroniza a ilusão de um regresso à utopia do capitalismo liberal, na era da ditadura do “supermonopólio” das finanças, que se move a perseguir fusões e aquisições para centralizar massas gigantescas de capital. Fenômenos amplificados com a desestruturação geopolítica (e ideológica) da configuração sistêmica mundial bipolar, a partir de 1989-91 – o colapso dos países socialistas do Leste europeu e da URSS (o “socialismo real”). (BARROSO, 2003).
Durante os anos 90 a internet foi popularizada, tendo grande impacto na economia. Como consequência disso surgiu a bolha da internet. A bolha da internet, mais conhecida como Dot.com Bubble, foi uma bolha especulativa que aconteceu no decorrer dos anos 90. A bolha teve início em 95 com o IPO da Netscape e terminou em 2001, atingindo seu pico em 10 março de 2000 com a NASDAQ chegando a 5132.52. Durante esse período os mercados de ações ocidentais presenciaram um rápido aumento no valor empresas do setor da Internet. Esse aumento era fruto da inovação pelas empresas desse setor.
Esse período foi caracterizado pelo rápido crescimento dos preços das ações das empresas da internet, as chamadas Dot.com, grande especulação e vasta disponibilidade de crédito, principalmente de venture capital. Esse cenário contribuiu para que a empresas se concentrassem em crescer o mais rápido possível, isto é, aumentar ao máximo seu market share, sem levar em conta planos sérios de crescimento ou como adquirir receita. O endereço da bolha era o Vale do Silício (Silicon Valley). Essa cidade da Califórnia reunia praticamente todas as sedes das chamadas empresas Dot.com, empresas recém-formadas que utilizavam a internet como veículo de transação.
2. Especificidades
Uma primeira especificação dessa crise se dá no fato de ela estar conectada ao processo de inovação tecnológica, a popularização da internet e a euforia da população em relação as possibilidades advindas dessa tecnologia é, de certa maneira, o motor dessa crise.
A economia americana, na década de 1990, foi marcada por forte e continua elevação nos preços das ações, ancorada em um excepcional período de crescimento das inovações tecnológicas que levaram ao aumento na produtividade do trabalho, nos gastos dos consumidores e no investimento empresarial. Alguns chegaram a cunhar a expressão “nova economia” para descrever a expansão das empresas de alta tecnologia, que abriam espaço para um crescimento econômico contínuo e, consequentemente, a eliminação da oscilação característica dos ciclos produtivos. (FARHI e CINTRA, 2003).
As baixas taxas no final dos anos 90 e o crescimento constante das ações da internet atraíram o venture capital para esse setor contribuindo para um aumento no capital inicial das empresas. Apesar de muitas empresas terem planos de negócio, a grande maioria das empresas tinha apenas uma boa ideia, mas sem um plano realista de como administrar a empresa para que esta pudesse gerar lucros. Como a internet era um conceito extremamente inovador aos investidores, eles acabavam investindo em empresas que não tinham um negócio viável e rentável.
Essas empresas acabaram dependendo de venture capital para pagar suas contas nos primeiros anos de existência. Isso porque boa parte das empresas não geravam receitas só despesas. As chamadas dot.com não tinham nenhum plano real de desenvolvimento elas seguiam a intenção de crescer o mais rápido possível para conseguir a maior parte do mercado possível. De acordo com Farhi e Cintra, Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, alertou que os preços das ações americanas padeciam de uma “exuberância irracional” já em meados de 1996.
O alto preço das ações dessas empresas de tecnologia eram extremamente altos, quando se começou a perceber que esses preços eram injustificáveis houve então um processo de desinflação da bolha. Após uma ligeira ideia de que a economia estaria se recuperando, após os atentados de 2001, inúmeras falcatruas começaram a aparecer que envolviam esse cenário de boom, assim a rápida expressão de recuperação desapareceu e deu lugar a uma queda, e é nesse ponto que se dá uma de suas particularidades, o aprofundamento da queda no preço das ações se dá pelo fato de falcatruas terem vindo à tona. Para Farhi e Cintra essa crise de confiança, “originou-se da convergência de diversos escândalos e disfunções no funcionamento dos mercados de capitais dos Estados Unidos, tais como as avaliações das empresas de classificação de riscos de crédito, as recomendações dos analistas de valores, problemas contábeis nos balanços das empresas e o papel das empresas de auditoria e de consultoria. ”
O efeito acumulado dos pontos tratados acima (falha na análise das ações, disfarces financeiros, remunerações dos executivos descoladas da rentabilidade das empresas) foi uma queda significativa de preço das ações nas bolsas americanas e nas demais bolsas mais relevantes do mundo. Segundo Fahri e Cintra, “as acentuadas quedas nas cotações das ações, somadas às registradas desde o início de 2000, configuram a ocorrência de um crash bursátil. O motivo para tal não está na magnitude das quedas das ações em todos os setores e, por conseguinte, nas perdas patrimoniais, mas na intensidade das repercussões macroeconômicas já registradas e nas que poderão vir a ocorrer. ”
3. Contextualização
Alguns eventos históricos precederam essa intensificação da financeirização descrita acima, e foram precursores diretos do mesmo. A criação do euro mercado, cita Corazza (2005) “o euromercado foi o embrião da globalização financeira, na medida em que representou a formação de um mercado mundial de moeda sem pátria”. De fato, esse mercado demonstrava um novo momento de liberalização, Inglaterra e Estados Unidos necessitavam de capitais e entendeu e o euromercado lhe daria acesso livre aos capitais de que necessitava para financiar seus desequilíbrios no balanço de pagamentos. Os acontecimentos que impulsionaram o crescimento desse estoque de riqueza foram as crises do petróleo, de 1973 e 1979, e a crise das dívidas dos países latinos, no final da década de 1970 e início da década de 1980. A emissão de dólares necessários para financiar a reconstrução europeia e japonesa foi o que construiu este estoque de riqueza monetária e financeira, que é expressa pelos títulos da dívida pública dos Estados Unidos e de outros países centrais.
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