Resenha Fridman
Por: Albert Rizi Paizante • 4/11/2015 • Resenha • 1.618 Palavras (7 Páginas) • 298 Visualizações
DEFINIÇÃO E CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO
A inflação é um fenômeno monetário de elevação continuada do nível geral de preços. Conforme Blanchard (2001, p. 629) A inflação é sempre indesejável por aumentar o custo da moeda (taxa real de juros mais taxa esperada de inflação), induzindo a sociedade a economizá-la empregando recursos econômicos para tal (sacrificando, assim, a produção de bens e serviços e o bem estar da população).
O regime de metas de inflação também denominado de “Inflation Targeting” (IT) é uma estratégia de política monetária utilizada por vários países desenvolvidos e em desenvolvimento com o objetivo de firmar as expectativas dos agentes econômicos em relação à performance futura da taxa de inflação. Tal regime, além de gerar efeitos positivos sobre a taxa de inflação das economias que o seguem, tende também a acender melhoras sobre o desempenho do produto. (BIONDI, 2006)
O regime de metas inflacionárias tem sido acolhido por um amplo número de bancos centrais por todo o mundo como sendo seu novo tipo de acomodação para a política monetária. Dessa forma, a estratégia de metas de inflação almeja representar um avanço nos mecanismos apto para garantir a estabilidade de preços. Este sistema é caracterizado pelo anúncio oficial de uma banda para flutuação da taxa de inflação baixa e estável e pelo reconhecimento explícito de que o principal objetivo da política monetária deve ser a sustentação de uma taxa de inflação estável. A meta é estabelecida pelo governo ou parlamento e deve ser seguida pelo banco central cuja política monetária terá um único alvo: Atingir a meta inflacionária determinada. (MENDONÇA, 2001, p. 130)
Nesse sistema a taxa de juros no curto prazo atua com principal ferramenta de política monetária que deve ser calibrada para fazer com que a inflação tenda a concentrar para a meta estabelecida. Assim, mesmo que a política monetária é tida como principal ferramenta da política macroeconômica, ela não pode afetar o produto por muito tempo. Para isso, a política fiscal deve estar submetida á política monetária uma vez que conforme houver déficits fiscais conduz-se à uma situação de descontrole na emissão monetária e que, por sua vez, induziria ao agravamento da inflação, por meio de arranjos de transmissão diretos através de expectativas de inflação crescentes. A política monetária, portanto, é vista como um instrumento flexível e influente para alcançar o objetivo da estabilização de preços. Portanto, a seriedade com que as medidas para conseguir um resultado esperado são adotadas e a eliminação de medidas oportunistas, fazem com que o sistema ganhe credibilidade, induzindo os agentes econômicos a seguirem os sinais que forem dados pelo sistema.
A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
O sistema de meta de inflação foi abraçado formalmente pelo Brasil como principal direção de política monetária em junho de 1999. Desde então, seu cumprimento tem sido a principal papel do Conselho de Política Monetária (Copom), formado pelo presidente e diretores do Banco Central (BC).
No caso brasileiro o Banco central adotou a meta de bandas em torno de uma meta pontual, isso é explicado:
As bandas existem por dois motivos. Em primeiro lugar, nenhum banco central tem controle total sobre o comportamento dos preços. O que ele faz é mover a taxa de juros básica de forma a afetar, por vários mecanismos indiretos, a evolução dos preços. A inflação está sujeita a vários fatores externos ao banco. Além disso, existem defasagens nos mecanismos de transmissão da política monetária. Na ocorrência de choque inflacionário hoje, mesmo o banco central respondendo prontamente, ainda se observará aumento da inflação no curto prazo. Em segundo lugar, a presença de bandas permite ao banco central acomodar parcialmente alguns choques. A existência de banda permite que a autoridade monetária cumpra a meta sem que a política monetária se torne excessivamente restritiva. Contudo, tal banda não pode ser muito ampla, pois criaria a expectativa de falta de compromisso em alcançar seu centro. Sua utilização, portanto, deve ser feita com bastante critério e parcimônia. Assim, se por um lado é importante que existam bandas para acomodar os choques econômicos, por outro lado sua amplitude deve ser limitada de forma a não prejudicar a credibilidade do regime de metas.(BACEN, 2014)
Em julho de 1999, o Brasil adotou formalmente o regime de metas de inflação. Sob o comando de Armínio Fraga o BACEN já havia anunciado alguns pontos: 1. A meta de inflação seria do governo e não do BACEN, o que a principio mostrava um comprometimento oficial com esse objetivo; 2. O índice de preços escolhido para mensurar a inflação seria o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e não teria qualquer tipo de expurgo; 3. as metas anunciadas não estariam sujeitas a revisões ou ajustes e seriam sempre anunciadas no mês de junho e com precedência de até dois anos; 4. para garantir a transparência da política monetária o BACEN informaria aos interessados, por meio de Relatórios de Inflação trimestrais, previsões e justificativas para as decisões adotadas referentes a manutenção da meta de inflação na taxa estipulada.
Para o ano de 1999, a meta de inflação estabelecida foi de 8% com tolerância de 2% para cima ou para baixo, isto é, foi estabelecida uma meta-intervalo de 6% a 10%. Para o ano de 2000, foi fixado uma meta de 6% com intervalo de 4% a 8% e, para o ano de 2001, uma meta de 4% com intervalo de 2% e 6%. Em junho de 2000, o CMN estabeleceu a meta para 2002, que foi de 3,5% com o intervalo de 2%, para cima e para baixo. A meta de 2003 era inicialmente de 3,25% com intervalo de tolerância de 2%, sendo depois alterada para 3,5%; Posteriormente foi modificada de novo para o limite máximo de 8,5% que ficou conhecida como “meta ajustada”. Esta meta foi sugestão do próprio Banco Central em carta enviada ao Ministro da Fazenda em 21 de janeiro de 2003, que acolheu a mudança. Para os anos de 2004 e 2005 as metas estabelecidas eram de 5,5% e 4,5%, respectivamente com intervalo de tolerância de 2,5% em ambos os anos. (CARVALHO, 2007)
A Tabela 1.1 a seguir indica o centro da meta, o intervalo da meta e a inflação efetiva (variação percentual do IPCA) pra cada ano:
TABELA 1.1
Centro, Intervalo da Meta de inflação e Inflação Efetiva – 1999-2005
Ano | Centro da Meta de Inflação | Intervalo da Meta | Inflação Efetiva (Variação do IPCA) |
1999 | 8% | 6 a 10% | 8,94% |
2000 | 6% | 4 a 8% | 5,97% |
2001 | 4% | 2 a 6% | 7,67% |
2002 | 3,5% | 1,5 a 5,5% | 12,53% |
2003 | *8,5% | *8,5% | 9,30% |
2004 | 5,5% | 3 a 8% | 7,60% |
2005 | 4,5% | 2 a 7% | 5,69% |
2006 | 4,5% | 2 a 7% | 3,14 % |
2007 | 4,5% | 2 a 7% | 4,46 % |
2008 | 4,5% | 2,5 a 6,5 % | 5,90 % |
2009 | 4,5% | 2,5 a 6,5 % | 4,31 % |
*A meta do ano era inicialmente 3,35% (+/- 2%) depois foi alterado para 3,5%; posteriormente foi modificado de novo par ao limite máximo de 8,5%, que ficou conhecido como “meta ajustada”. |
Fonte: CARVALHO, 2007, p. 142
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