Trabalho sobre Economia Monetária
Por: Lincoln Marques • 24/1/2016 • Trabalho acadêmico • 1.699 Palavras (7 Páginas) • 524 Visualizações
FACULDADE MORAES JÚNIOR - MACKENZIE RIO |
FRAUDE | Explicando a Grande Recessão |
Análise do documentário |
Alunos: Lincoln Marques e Lucas Passos |
Profª: Luana Abreu – Economia Monetária |
O documentário mostra o real motivo da recessão de 2008, mostrando o funcionamento errôneo do mercado financeiro. Os erros nas iniciativas tomadas e as possíveis soluções para a mesma, e como evitar a crise
O mesmo, é subdividido em três partes, para fácil entendimento, resolvemos separar o trabalho nessas partes para explicá-los.
A Fraude Legal
A forma de funcionamento do atual sistema financeiro a partir da visão liberal sobre a grande recessão decorrente da crise de 2008 entra em análise.
Contrapondo o modelo existente ao ideal proposto pelo liberalismo econômico, o documentário ‘Fraude’ torna fácil perceber as falhas nos argumentos daqueles que apontam o livre mercado como culpado pela recessão.
O documentário inicia a discussão constatando que hoje vivemos em um sistema de características mistas, com traços da economia de mercado livre, porém com forte intervenção estatal. Um exemplo claro deste modelo mestiço é o sistema financeiro, onde entidades de capital privado concorrem entre si, no entanto intensamente limitadas por regulações ditadas pelo governo sendo influenciadas pela política monetária estipulada pelos bancos centrais, entidades ditas ‘independentes’, que não são privadas e estão intimamente ligadas ao setor público.
Em um mercado livre e desregulamentado, os bancos centrais não fariam sentido. As pessoas poderiam escolher em qual moeda poupar e obter empréstimos, e as taxas derivariam exclusivamente da oferta e demanda por depósitos de longo prazo e empréstimos de longo prazo. Com a decisão do governo de intervir, criando regras, se encontrou formas interessantes de interação com os agentes do mercado financeiro. Segundo o documentário, a pior delas foi estipular que os bancos precisam reter apenas parte dos depósitos à vista que lhes foram confiados, ficando assim livres para emprestar a parte restante, para tomadores como o próprio governo. Esta estrutura permitiu a “multiplicação” dos valores poupados, já que a parte não retida pode ser emprestada, depositada em outro banco, gerando mais saldo a ser emprestado, que pode ser depositado em um terceiro banco e assim sucessivamente. Este falso “efeito de enriquecimento”, uma forma exasperada de antecipação de rendimentos futuros, está por trás das diversas bolhas e consequentemente dos ciclos econômicos.
Quando viam financiamento às pessoas consomem mais do que sua geração futura de renda e poupança pudessem lhe permitir, alguém inevitavelmente será vítima de um calote, e o agregado dessas ações e suas consequências é que compõem as recessões. É do interesse dos governantes que as pessoas consumam para que a economia pareça aquecida durante seus mandatos, que seus governos gastem mais que os impostos correntes permitem, pois se os calotes vierem em um segundo momento, será problema dos próximos governantes, não deles, já que obviamente, a culpa pelo desequilíbrio não será atribuída aos verdadeiros causadores pelo público votante em geral.
Quem pagou por essa “fraude legal”, no limite, foi o contribuinte, quando a bolha estoura, a recessão toma conta, o governo teve de intervir na tentativa de “resgatar” os bancos e a economia. Além dos tributos diretos, os contribuintes pagam através da desvalorização dos seus recursos poupados, corroídos pela inflação promovida pelos governos para “salvar empregos e a economia”. Os juros artificialmente baixos permitem que projetos economicamente não realizáveis “tornem-se viáveis”, culminando em massiva má alocação do capital.
Caso os mercados de fato fossem livres e os depósitos à vista realmente ficassem nos bancos, esse ciclo defeituoso, inócuo seria interrompido, o volume de empréstimos acompanharia assim o crescimento da poupança da população e o crescimento seria o dito ‘sustentável’.
A grande recessão
Nesta parte do documentário ele explica a recessão de 2008. A queda das torres gêmeas em 2001 foi chamariz para que o governo americano viesse a estimular a economia debilitada com o estouro da bolha de ativos das empresas de Tecnologia (Crise das ‘.com’) e financiasse suas campanhas militares. O ativo então escolhido foi o imobiliário.
As baixas taxas de juros e o incentivo do governo para que os bancos financiassem as famílias causou uma forte e constante valorização dos ativos imobiliários americanos por um prolongado período de tempo. A falsa ideia inicial de que os imóveis subiriam para sempre e os juros seriam baixos e acessíveis pelo mesmo período levou os consumidores a adquirir imóveis de valores incompatíveis com sua capacidade de renda e poupança, levando a péssimas decisões de alocação de capital. Os bancos nem precisavam correr o risco de calotes, já que podiam ‘empacotar’ diversas hipotecas (MBS), conseguir um certificado de alta qualidade (AAA) das agências de risco e vendê-los com lucros para investidores institucionais de todo o mundo; ou então recorriam às agências estatais (Fannie Mae, Freddie Mac) para se livrar dos “ativos tóxico” (como veio a ficar conhecido) e arrecadar dinheiro para empacotar novos créditos. Era do interesse do governo que tal ‘estratégia’ continuasse funcionando, pois se parasse, os bancos teriam grandes perdas, a construção civil demitiria em massa e sua arrecadação de impostos despencaria; melhor deixar para depois.
Como inevitavelmente aconteceu, o dia da ‘bancarrota’ chegou, a estratégia não funcionava mais. Quando os chamados devedores subprime começaram a não pagar suas dívidas, pelo simples motivo que era impossível que o fizessem, os detentores de suas hipotecas começaram a sofrer perdas. Os subprime compunham os chamados ninja loans (‘ninja’ para no income, no job eno assets), empréstimos que só existiram porque os bancos receberam a quase garantia do governo de que não precisariam arcar com potenciais perdas, já que as agências governamentais eram as compradoras de última instância dessas hipotecas. Fosse o mercado livre e tais agências não existisse, qual seria o incentivo dos bancos privados para financiar esses tomadores? Esse jogo de “garantias” do governo induziu até as seguradoras a participar do mercado, vendendo seguros contra o não pagamento de dívidas (os chamados CDS), seguros esses que claramente não poderiam ser cobertos caso parte relevante das dívidas não fosse honrada, como acabou acontecendo.
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