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A Escola e o processo de reprodução das desigualdades sociais

Por:   •  21/5/2018  •  Projeto de pesquisa  •  650 Palavras (3 Páginas)  •  1.031 Visualizações

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A escola e o processo de reprodução das desigualdades sociais

O princípio de inteligibilidade orienta o conjunto de reflexões de Bourdieu sobre a escola. Uma vez que esta, na perspectiva desse sociólogo pode ser considerada uma instituição que reproduz e legitima a superioridade das classes dominantes. Talvez Bourdieu tenha utilizado como ponto inicial o conceito de arbitrário cultural, uma vez que uma cultura jamais deve ser definida como superior a outra.

Embora as atitudes e comportamentos de um grupo social sejam definidos como arbitrários, são vividos pelos indivíduos como naturais. Para Bourdieu, o mesmo acontecia no caso da escola, uma vez que esta apesar de arbitrária seria socialmente reconhecida como uma espécie de cultura legítima, válida universalmente.

No caso da sociedade de classes, a capacidade de imposição e legitimação de um arbitrário cultural corresponde à força da classe social que a sustenta, sendo assim, os valores impostos como cultura legítima seriam aqueles determinados pelas classes dominantes. Logo, entramos no conceito de cultura escolar, uma vez que esta seria a cultura imposta como legítima pelas classes dominantes.

Além disso, outro aspecto muito importante é a comunicação pedagógica, que é vista por esse sociólogo como uma relação formalmente igualitária que reproduz desigualdades pré-existentes, visto que o ensino necessita que os receptores dominem o código utilizado durante a comunicação, ou seja, o grau que o ensino é compreendido pelos alunos depende do grau em que os alunos dominam o código necessário para decifrar a comunicação. Sendo assim, os professores transmitem sua mensagem igualmente a todos os alunos como se todos tivessem o mesmo instrumento de decodificação. Portanto, as diferenças nos resultados escolares dos alunos decorreriam dos diferentes graus de entendimento por parte dos mesmos, e são interpretados muitas vezes como falta de inteligência ou fraqueza de vontade. Assim, a escola cumpre sua função de reproduzir e legitimar as desigualdades sociais.

O autor observa também que o efeito de legitimação provocado pela ocultação é duplo, manifestando-se tanto sobre os filhos das camadas dominantes quanto das camadas dominadas. Os primeiros pelo fato de terem recebido sua herança cultural de modo despercebido, fazendo com que suas aptidões sejam vistas como naturais. O segundo grupo, sendo incapaz de perceber o caráter impositivo da cultura escolar associaria suas dificuldades a uma inferioridade.

Para Bourdieu a reprodução da desigualdade pela escola não resultaria apenas da falta de uma bagagem cultural apropriada à recepção da mensagem pedagógica, mas também de um modo específico de se relacionar com o saber e com a cultura escolar. Ocorre que o sistema escolar ao avaliar os alunos leva em conta tanto quanto a cultura, a relação que os alunos tem com ela, isto é, a escola, de certa forma reproduz a distinção entre os dois modos básicos de se relacionar com a cultura: um primeiro desvalorizado, na figura do aluno esforçado e que se dedica às atividades; e um segundo, valorizado, representado pelo aluno brilhante, que atende às exigências da escola sem exibir necessidade de esforço. Ou seja, a escola valoriza e exige dos alunos determinadas qualidades que são distribuídas desigualmente entre as classes sociais.

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