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COOPERATIVA DE COMPRAS

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Por:   •  18/4/2014  •  5.476 Palavras (22 Páginas)  •  914 Visualizações

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COOPERATIVA DE COMPRAS:

Uma solução para a sobrevivência dos pequenos supermercados

Janaina Aparecida Fonseca

Luis Fernando Ferreira de Almeida

Ronildo Fonseca

Orientador: Profª Joslaine Chemim Duarte

CURITIBA

2009

RESUMO

O artigo analisa como a formação de uma Cooperativa de compra pode reverter uma tendência negativa de desempenho de pequenas empresas na competição de preços contra grandes corporações. Ao avaliar esta situação pretende-se evidenciar a realidade com que se defrontam os pequenos mercados e os principais ganhos que podem ser obtidos com este processo.

Palavras-chaves: Cooperativas de compras, mercados, competição, empregos.

ABSTRACT

The article analyzes how the formation of a cooperative purchasing can reverse a negative trend performance of small firms in price competition against large corporations. In assessing this situation it is intended to highlight the reality facing the small markets and major gains that can be obtained with this process.

Key words: Purchasing cooperatives, markets, competition, jobs.

INTRODUÇÃO

Com a abertura do mercado brasileiro para a entrada de empresas estrangeiras ocorridas no inicio da década de 1990, ocorreu o fato de muitos grupos após se instalarem no país começarem a fazer aquisições de outras empresas. Este fato pode ser mais bem identificado quando se analisa as redes de supermercados onde estes importantes acontecimentos, pressionaram as empresas a buscar alternativas para enfrentar novos desafios como a globalização e a competição com grandes empresas internacionais, situação que ameaçou a estabilidade e chegou a decretar o desaparecimento de inúmeras empresas, principalmente de menor porte, que desprovidas de um sistema de administração estruturado e gerenciadas, a maioria das vezes, de forma empírica, não restando a essas empresas outra alternativa que não fosse o corporativismo, para buscar de forma conjunta novos meios de sobrevivência e novas práticas gerenciais, visando sua manutenção no mercado e a obtenção de vantagens até então relegadas a um segundo plano.

Resultando das tentativas dos pequenos comerciantes em se unir busca de melhores condições, surgiram as cooperativas. O cooperativismo fornece vantagens competitivas de mercado no sentido de eliminar obstáculos que podem ocorrer quando os membros adentram no mercado de forma independente.

Através das cooperativas os associados podem concentrar as suas compras, planejar em conjunto o trabalho de pesquisa e aquisição dos produtos a serem comercializados. O planejamento conjunto de compras é aplicado fortemente aos produtos e os lucros retornam às empresas na proporção de suas compras, ou seja, quanto maior o número de itens adquiridos conjuntamente e seu volume comprado, maior serão os ganhos de negociação e as vantagens de realizar transações através da central de compras.

O Cooperativismo fortalece pequenas empresas, produtores de pequeno porte, entre outros. Levou-se em consideração a dificuldade que os pequenos supermercados possuem em adquirir insumos com um custo de compra que possibilite acompanhar os preços de venda das grandes redes de super e hipermercados.

Portanto, tema foi adotado para demonstrar os benefícios de cooperativas de compras como uma solução para a sobrevivência dos pequenos supermercados. Tal tema visa trazer soluções para o problema enfrentado pelos pequenos supermercados: Como competir com as grandes redes de supermercados?

O principal objetivo é apresentar os benefícios que as cooperativas de compras podem trazer para a sua sobrevivência. Para chegar ao objetivo maior teve-se como objetivos específicos:

-demonstrar a importância das micro e pequenas empresas na geração de empregos;

-evidenciar os resultados que podem ser obtidos através dessas cooperativas.

Como benefícios resultantes desse processo poder ter economias de escala, aumento do poder de barganha e eliminação de serviços duplicados. Essas cooperativas são organizadas de forma a permitir que as pequenas empresas tomem a iniciativa de organizar uma nova entidade de negócios para executar as funções de comércio.

Justifica-se a escolha do tema por considerá-lo útil aos pequenos produtores, apesar da utilização das cooperativas de compras ter seu foco em supermercados, poderá ser adotada por todo e qualquer pequeno produtor, seja ele familiar, da agricultura, artesanato, profissional autônomo, etc.

Utilizou-se como metodologia a pesquisa teórico bibliográfica a livros, revistas, sites, periódicos, estudos de caso, entre outros.

Com base nestas pesquisas, o tema abrangerá sobre o cooperativismo, seus princípios, abrangência, números e resultados obtidos no Brasil após o surgimento de inúmeras cooperativas em diversos segmentos, bem como sua contribuição em outras áreas (não apenas na aquisição e venda de produtos), como marketing e logística.

COOPERATIVAS

O termo Cooperativa possui várias definições na literatura especializada que variam conforme a época e o viés doutrinário em que foram elaboradas. Considerando a multiplicidade de aspectos que tal definição deve incorporar, fica difícil encontrar um conceito que expresse em uma única frase essa multiplicidade. O que se busca é uma aproximação que relaciona os principais elementos encontrados na maioria das definições:

“Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de um empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente gerido”.

Basicamente o que se procura ao organizar uma Cooperativa é melhorar a situação econômica de determinado grupo de indivíduos, solucionando problemas ou satisfazendo necessidades comuns, que excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer isoladamente.

A Cooperativa é então, um meio para que um determinado grupo de indivíduos atinja objetivos específicos, através de um acordo voluntário para cooperação recíproca.[1]

NUMEROS DO COOPERATIVISMO

A adoção do cooperativismo teve expansão principalmente pelo que se refere a geração de emprego e renda para os associados, familiares e comunidades das cooperativas no Brasil. O quadro abaixo demonstra o numero de cooperativas por Ramo de atividade e seu impacto no mercado de trabalho.

QUADRO 1 – COOPERATIVAS X RAMO DE ATIVIDADE

[pic]

Fonte: OCEPAR, 2009.[2]

Segundo a Organização das Cooperativas Brasileira – OCB (2009, p.4) os números consolidados confirmam a tendência setorial de crescimento do número de associados comparativamente ao de cooperativas.

Outra informação importante no que se refere às Cooperativas refere-se ao seu faturamento, de acordo com a OCB (2009, p. 1):

O faturamento das cooperativas alcançou cerca de R$ 83 bilhões em 2008, o que corresponde a um crescimento próximo de 15% sobre os R$ 72 bilhões registrados em 2007. As regiões Sul e Sudeste se mantiveram na liderança na representação do faturamento bruto do cooperativismo. Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentraram a maior fatia desse crescimento verificado no faturamento das cooperativas vinculadas ao Sistema OCB. As regiões Nordeste e Centro-Oeste vêm em seguida com o aumento de 21,52% e 18,8%, respectivamente.

Como se vê as regiões sul e sudeste representam a maior fatia do crescimento do faturamento das cooperativas como a OCB nos mostra através do quadro abaixo:

QUADRO 2: FATURAMENTO DAS COOPERATIVA – 2002 A 2008 [pic]

Fonte: OCB, 2009, p. 4.

Os dados apresentados acima evidenciam o potencial das cooperativas na geração de divisas e empregos, demonstrando o crescimento continuo nos últimos cinco anos, nos valores obtidos por elas. Isso vem comprovar que cada vez mais, as cooperativas se tornam fundamentais na sobrevivência dos micro e pequenos empreendedores.

A IMPORTANCIA DAS CENTRAIS DE COMPRAS PARA AS COOPERATIVAS

Como ocorre em todo processo, os idealizadores das centrais de compras se deparam com sérias dificuldades que podem estar relacionadas a barreiras legais, burocráticas, confiança dos clientes, entre outras. É necessário superar estes obstáculos no aspecto legal e burocrático, bem como, conquistar a confiança dos pequenos empresários. É importante lembrar que os pequenos empresários estavam acostumados a tratar com os intermediários distribuidores, e deparavam-se constantemente com a exigência de garantias de pagamento e de atendimento a aspectos formais dessas cooperativas. As centrais de compras são atualmente uma referência positiva no mercado, comprovada pela sua aceitação e crescimento vertiginoso em todo o Brasil.

Idealizadas inicialmente com o objetivo único de diminuir os custos de aquisição de mercadorias, as centrais de compras acabaram se revelando como um terreno fértil para o desenvolvimento de novas práticas gerenciais não imaginadas até então. Melhoria da cultura empresarial como resultado da convivência acentuada entre empresários, troca de experiências, modernização do lay out das lojas e do atendimento ao consumidor, diversificação da oferta de produtos, ganhos em logística e distribuição, criação de selo de identificação e até criação de marcas próprias são alguns dos benefícios obtidos com a prática do cooperativismo.

PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO

Conforme a Aliança Cooperativa Internacional desde 1995 existem alguns princípios básicos do cooperativismo:

I. Adesão voluntária e livre – as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminação de sexo, classes sociais, raça, políticas e religião.

II. Gestão democrática e livre – as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros tem igual direito de voto (um membro, um voto); nas cooperativas de grau superior a organização também é democrática.

III.Participação econômica dos membros – os membros contribuem equitativamente para a formação do capital é normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver uma remuneração limitada ao capital integralizado como condições de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais pelo menos uma será indivisível; benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.

IV. Autonomia e independência – as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mutua controlada pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações – incluindo instituições publicas – ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que asseguram o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da sociedade.

V. Educação, formação e informação – as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente para o desenvolvimento do grupo. Informam o publico em geral, particularmente os jovens e os lideres de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

VI. Intercooperação – as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

VII. Interesse pela comunidade – as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades, através de políticas aprovadas pelos cooperados.[3]

CONSUMO

Composto pelas cooperativas dedicadas à compra em comum de artigos de consumo para seus cooperados. A primeira cooperativa do mundo era desse ramo e surgiu em Rochdale, na Inglaterra, no ano de 1844. Também no Brasil esse é o ramo mais antigo, cujo primeiro registro é de 1889, em Minas Gerais, com o nome de Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. Durante muitas décadas, esse ramo ficou muito limitado a funcionários de empresas, operando a prazo, com desconto na folha de pagamento. No período altamente inflacionário, essas cooperativas perderam mercado para as grandes redes de supermercados e atualmente estão se rearticulando como cooperativas abertas a qualquer consumidor. À medida que oferecer produtos mais confiáveis ao consumidor, principalmente alimentos sem agrotóxicos, diretamente de produtores, também organizados em cooperativas, esse ramo tem perspectivas de crescimento.

COOPERATIVISMO: ALTERNATIVA ORGANIZACIONAL

Atualmente as cooperativas têm um papel social nas comunidades onde atuam, e não apenas econômico, pois alem de contribuir nos fatores comerciais, geram empregos e auxiliam na formação de modelos de organização, onde o individualismo da lugar ao coletivo. Isto pode ser percebido em muitos ramos da sociedade, pois o cooperativismo esta presente em inúmeras atividades socioeconômicas.

Este fenômeno pode ser considerado como uma tentativa de buscar meios de que resolvam os aspectos negativos causados pelo capitalismo, conforme Raddi:

“Visando proporcionar um crescimento sócio-econômico cada vez mais sustentável das comunidades onde estão inseridas, as sociedades modernas têm tomado por base os mais variados modelos de organização. Na busca daquele que seja mais justo, que consiga resolver os aspectos negativos do capitalismo, em especial a sua característica de concentrador de riquezas, ou do socialismo estatal que limita o direito de autodeterminação econômica privada e liberdade política dos indivíduos, o cooperativismo surge não apenas como uma alternativa, mas sim, como uma solução. Este modelo organizacional, o cooperativismo, pretende transformar o meio econômico e social pela substituição do individualismo, traço marcante do sistema capitalista, pela associação das pessoas, o que se utiliza do coletivismo traço marcante do socialismo. Assim, o antagonismo dos interesses privados, oriundos da concorrência nos setores da produção e da apropriação individual da riqueza, dá lugar à colaboração destes mesmos interesses, decorrentes da cooperação de cada associado. O cooperativismo está presente nos mais diversos ramos da sociedade e tem como principal objetivo capacitar e qualificar seus membros, dando apoio na geração de riquezas e criando auto-sustentabilidade para o desenvolvimento social. Em outras palavras, ele consegue extrair o lado positivo do capitalismo enquanto gerador de negócios e lucros, assim como o que há de benéfico no modelo socialista que é a preocupação com o atendimento dos interesses sociais.”[4] Daniel D. S. Raddi Graduando do 4º Ano em Ciências Econômicas – UNIFAE Coautor e Orientador: Gilberto Brandão Marcon Professor da UNIFAE, Presidente do IPEFAE, Economista, pós-graduado em Economia de Empresas, com Mestrado Interdisciplinar em Educação, Administração e Comunicação.

ESTRATÉGIA DE CANAL VERSUS GESTÃO LOGISTICA

A estratégia de canal encaixa-se na variável estratégia de distribuição do composto mercadológico. Da mesma forma a gestão logística também se encaixa nessa variável e seus dois componentes - estratégia de canal e gestão logística - compreendem juntos a variável distribuição do composto mercadológico. A gestão logística está intimamente relacionada e é uma subsidiária da área mais básica e ampla da estratégia e gestão de canal. Dessa forma, um investimento em gestão do canal pode proporcionar ganhos de logística. Portanto, a logística deve ser tratada como assunto vital na empresa, levando-se em consideração o fator econômico, com os custos gerados em decorrência da ampla distribuição geográfica tanto dos recursos oferecidos no mercado quanto de seus consumidores, que geralmente estão localizados a grandes distâncias do local onde os bens são produzidos. Dentro da logística, o conceito de custo total estabelece que a análise de custos individuais geralmente leva a resultados conflitantes, em razão do comportamento dos diversos componentes do conjunto de informações, devendo portanto ser examinados de forma conjunta e balanceados no ponto ótimo.[5]

Para formação do custo total, três componentes imprescindíveis devem ser considerados: custo de transporte, custo de processamento de pedido e custo de estoque. Além desses, podemos destacar outros fatores determinantes da importância da logística:

- a concentração das atividades relacionadas aos fluxos de produtos e serviços melhora a administração para atender os clientes no que desejam: transporte, armazenagem e informação;

- os ganhos potenciais de resultados com a coordenação cuidadosa dessas atividades;

- o mercado globalizado leva à exploração, através da logística, das vantagens locais das especializações dos esforços produtivos das diversas regiões geográficas ou países;

- a evolução dos padrões de exigências demandam melhorias tecnológicas e de processos de movimentação e armazenagem;

- a escassez de recursos e a minimização das perdas, realçando a necessidade de fazer mais com menos e eliminar as perdas do processo;

- o oferecimento de infra-estrutura comum para todos os cooperados.

Nesse sentido, a principal contribuição da logística é o fato de que esse procedimento não visa o benefício individual para qualquer das empresas que estejam participando de determinado sistema, mas consegue atender as necessidades inerentes a cada uma, sem no entanto deter-se nas suas particularidades. Logística, portanto, pode ser definida como o elo de integração entre várias empresas, sem o viés do conflito de interesses, que procura o custo ótimo para o conjunto dos interessados, sem deter-se no atendimento de particularidades. Portanto, processos que têm perfis de custos de comportamentos contrários, como transportes e estoques, devem ter suas parcelas de custeio identificadas e balanceadas na combinação mais otimizada possível. A consideração do conceito de custo total e maximização da utilização de equipamentos pode indicar a utilização de um único sistema e equipamentos de distribuição, maximizando assim a taxa de ocupação dos armazéns e veículos e melhorando a qualidade no fluxo de informações. Esse tipo de distribuição (sistema de depósito único) possibilita a estruturação do depósito, diferentemente de quando esta atividade é pulverizada (cada mercado possui seu estoque, depósito e atividade de transporte). Essa integração das atividades de logística permite uma maior integração dos associados e o aumento da eficiência operacional das atividades desenvolvidas. A armazenagem e manuseio das mercadorias são componentes essenciais do conjunto de atividades logísticas, podendo absorver de 12 a 41% das despesas logísticas. Tendo em vista a importância dos custos de armazenagem e manuseio, os armazéns ou centrais de distribuição executam um papel-chave para aumentar a eficiência da movimentação de mercadorias. Permitem a compensação eficaz dos custos de estocagem com menores custos de transporte, ao mesmo tempo em que mantêm ou melhoram o nível de serviço. Outro ponto de extrema importância quando se fala de logística é o controle de estoques. Estoques são necessários para se manter o nível de serviço, mas em contrapartida consomem grandes somas de capital. Para reduzir esses dispêndios, duas ações podem ser desencadeadas. A primeira delas é a centralização dos estoques, que diminui o total estocado; a segunda é o planejamento mais preciso possível, não gerando estoques desnecessários.[6]

Procedimentos metodológicos

O estudo foi desenvolvido de acordo com o método do caso que conforme Yin (2001). é um método de pesquisa que deve ser usado quando as questões levantadas pelo estudo são do tipo “como?” ou “por que?”, quando o investigador não possui controle sobre os eventos e quando o foco é um fenômeno contemporâneo em uma situação da vida real. O estudo de caso pode ser definido como

“...uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. (...) A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de

interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados.” (Yin, 2001: 32-3)

Com o objetivo de verificar se efetivamente a criação das cooperativas de compras trouxe benefícios importantes para as empresas menores do ramo supermercadista e que tipo de diferenciais competitivos foram valorizados nesse processo, realizou-se o estudo de caso junto à ALES – Associação Londrinense de Empresários Supermercadistas, com sede na cidade de Londrina, Estado do Paraná. A ALES foi selecionada em função de ter sido fundada em 1992, apresentando características de consolidação e expansão esperadas para um empreendimento dessa natureza, como aumento do número de associados, do faturamento e da área de abrangência, além de ter desenvolvido nesse período o selo de identificação padronizado para as empresas cooperadas, bem como ter introduzido no mercado produtos de marca própria. Foram realizados estudos de empresas varejistas da área de supermercados da cidade de Londrina pertencentes aos sócios fundadores da ALES e também com empregados que estão atuando na gerência de compras desde a fundação da associação. Os estudos foram elaborados com o objetivo de resgatar o cenário existente no período que antecedeu a criação da ALES, os primeiros passos da cooperativa de compras e seu desenvolvimento até os dias atuais, levantando quais foram os ganhos que o grupo obteve em termos de competitividade, lucratividade e melhoria de serviços ao cliente. Itens como o relacionamento com os fornecedores, melhoria da cultura gerencial e perspectiva futura também foi considerada nas entrevistas realizadas. O foco principal da discussão, entretanto, foram os ganhos obtidos com o sistema de logística de distribuição implantado pela ALES, que tem sido um diferencial positivo em termos de aumento da vantagem competitiva da cooperativa.

Resultados e análise

Análise do caso da ALES Durante a década de oitenta e até o início da década de noventa, o varejo supermercadista da cidade de Londrina e de outras cidades da região viveu uma época de grande entusiasmo, com clientela garantida e sem grandes ameaças da concorrência. A espiral inflacionária que caracterizou esse período permitia que os supermercados comprassem dos atacadistas com prazos elásticos de pagamento, que podiam variar de trinta a sessenta dias, e embutissem no preço da mercadoria a expectativa de inflação para o período, sem riscos de perdas. Confortáveis nesse cenário, os empresários do setor não interagiam entre si, consideravam os demais como concorrentes e não se preocupavam com assuntos relacionados a atualização gerencial, ganhos em competitividade ou melhoria dos serviços prestados ao cliente. Embora cientes de sua dependência dos atacadistas, não buscavam alternativas para comprar diretamente da indústria, já que os custos com essa atividade e as compras em pequenos volumes também não atraíam o setor industrial. Esse panorama começou a mudar radicalmente a partir do início da década de noventa. A inauguração do primeiro hipermercado da rede Carrefour na cidade, ancorado em um grande empreendimento na área de shopping centers, alterou de forma muito rápida os hábitos de consumo dos clientes de Londrina e das cidades da região, que praticamente abandonaram as compras em supermercados locais, deslumbrados pela variedade oferecida pelo novo concorrente em termos de mix de produtos, estacionamentos generosos, visual atraente e novo padrão de atendimento ao consumidor. Nos dois anos seguintes, outras grandes redes de supermercados se instalaram na cidade, competindo acirradamente com preços, promoções e estratégias que até então jamais haviam sido imaginadas ou testadas pelos supermercados locais. Somada a essa situação, a busca do controle da inflação pelo governo brasileiro começava a diminuir as margens de lucros que antes eram auferidas pelos pequenos varejistas. A realidade não poderia ser mais assustadora. Diversos supermercados nos bairros e na região central fecharam suas portas, dezenas de empresas faliram e aquelas que conseguiram se manter no mercado foram obrigadas a buscar alternativas para sobrevivência. Antes vistos como concorrentes, não restou aos empresários do pequeno varejo supermercadista londrinense outra alternativa que não fosse a junção de esforços para competir nessa nova realidade. Dos primeiros contatos surgiu a idéia de comprar diretamente da indústria, eliminando a figura do atacadista distribuidor, o que maximizaria os lucros através das compras em grande escala, principalmente de commodities. Algumas empresas que detinham contato com as indústrias fornecedoras se dispuseram a comprar em grande quantidade produtos que após a entrega seriam divididos entre os supermercados conforme os volumes pedidos, cada um reembolsando a empresa compradora no valor da mercadoria adquirida. Foi um sistema inicial de compras baseado na confiança mútua entre os pequenos varejistas, que ensaiavam assim os primeiros passos de um empreendimento cooperativo. Surgiram os primeiros problemas, como a falta de interesse e a desconfiança da indústria em vender diretamente a uma pequena empresa sem a intermediação do atacadista, a dificuldade em termos de transporte da mercadoria até a cidade de Londrina, bem como falta de espaço adequado para o armazenamento e distribuição para os supermercados adquirentes. Apesar das dificuldades, os empresários envolvidos nas compras iniciais sentiram que o sistema imaginado, mesmo tendo sido testado de forma empírica, tinha condições de trazer bons resultados e que conseguiriam alcançar economias de escala comprando em conjunto, forçando a obtenção de ganhos com negociação e reduzindo o preço dos produtos, para repassar esses benefícios aos consumidores e obter alguma vantagem competitiva frente às grandes redes que absorviam a clientela com voracidade. O grupo, até então formado por menos de uma dezena de proprietários de supermercados, resolveu buscar na experiência de centrais de compras que já estavam em funcionamento as bases para instituir empreendimento semelhante. Foram realizadas palestras com diretores de compras dessas centrais, contou-se com o auxílio de instituições como o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa e finalmente, no ano de 1992, oficializou-se a criação da ALES, instituída com a participação inicial de doze associados, englobando quatorze lojas de supermercados de pequeno e médio porte sediados em Londrina. Atualmente a ALES conta com vinte e sete associados, totalizando quarenta e nove supermercados, sendo que mais de uma dezena de novas lojas são creditadas à existência da associação, que forneceu condições de expansão aos empresários participantes. O faturamento mensal da associação com as compras feitas diretamente na indústria é estimado em dez milhões de reais. No início de suas atividades a ALES buscava apenas obter ganhos em negociação com a indústria, alcançar economias de escala e reduzir o preço dos produtos adquiridos, em especial de commodities. Baseada na coordenação vertical, a associação conseguiu alcançar esses objetivos e expandiu rapidamente suas atividades, sendo que atualmente as lojas associadas se encontram localizadas em diversos municípios distribuídos geograficamente num raio de duzentos e vinte quilômetros ao redor da cidade de Londrina. Entretanto, a inexistência de um sistema racional de transporte das compras da indústria até a cidade sede da associação e de um centro de distribuição das mercadorias adquiridas foram desafios que somente o desenvolvimento de um competente sistema de logística conseguiu resolver. A aquisição de um galpão localizado próximo ao centro da cidade e a transformação desse espaço num centro de distribuição de mercadorias para os associados foi o primeiro passo para o sucesso da ALES, permitindo que esses associados retirassem de um ponto único as mercadorias compradas - através dos veículos individuais de cada empresa. A estrutura funcional e de recursos humanos do centro de distribuição é extremamente objetiva, contando atualmente com cerca de sete funcionários, incluídos aí o gerente de compras, o pessoal encarregado de atividades burocráticas e de limpeza e manutenção. Nas retiradas de mercadorias, cada empresa utiliza seus próprios empregados para o transporte até os veículos de carga, gerando redução de custos com pessoal. Outra vantagem competitiva significativa foi obtida com a concentração das compras na indústria e o transporte para a cidade sede da associação em grandes carretas com capacidade para volumes superiores de mercadorias. Segundo apurado pela associação, esse sistema permite a redução do custo final das mercadorias em torno de seis por cento, o que cria possibilidades de oferecer preços competitivos mesmo com as grandes redes supermercadistas. Além dos ganhos obtidos com o sistema logístico de compra, transporte e distribuição implantado, outros aspectos importantes devem ser considerados como resultados positivos da constituição e consolidação da ALES. Vantagens como o desenvolvimento da cultura gerencial dos administradores das empresas associadas, criação de selo de identificação para os supermercados participantes da cooperativa, melhoria e modernização das instalações das lojas, diversificação do mix de produtos e novos conceitos de atendimento ao consumidor foram benefícios agregados que trouxeram novos diferenciais competitivos. Já se encontra instalado e em utilização pelas empresas participantes da ALES o sistema eletrônico de compras, com base de dados atualizada, que permite consulta e comparação de preços dos produtos a serem adquiridos. A associação recebeu como doação da prefeitura do município de Londrina um terreno com nove mil e duzentos metros quadrados, localizado em região de fácil acesso a rodovias de escoamento de tráfego. Nesse terreno será construído o novo centro de distribuição de mercadorias. O novo empreendimento, que contará com quatro mil e duzentos metros quadrados de área construída, possibilitará a diversificação das mercadorias a serem adquiridas futuramente, pois contará com moderno sistema de armazenagem, onde serão instaladas inclusive câmaras frigoríficas. Para esse projeto a ALES recebeu também investimentos do governo federal e os custos serão complementados com recursos próprios da associação.[7]

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cooperativas de compras representam atualmente uma tendência irreversível de cooperação entre as empresas menores, especialmente do varejo supermercadista, para enfrentar os desafios do mercado globalizado e da concorrência acirrada das grandes redes mundiais. Outros setores do varejo também estão criando cooperativas de compras, como farmácias e empresas que atuam no varejo de componentes de informática, entre outros. Idealizadas inicialmente para obter ganhos em negociação com a indústria através da coordenação vertical e poder competir com preços menores no varejo, as cooperativas de compras obtiveram além desses, outros benefícios com a integração, como melhoria da cultura gerencial e dos processos de comunicação entre os associados, o que resultou na melhoria dos serviços oferecidos ao cliente. Outro fator de grande importância que justifica a criação destas cooperativas é o grande numero de empregos gerados ou mantidos, de acordo com dados do IBGE e do Dieese, micros e pequenas empresas (MPE) representam 98% dos empreendimentos registrados na indústria, comércio e serviços. Concentram 45% dos empregos formais do país, além de ser o segmento com maior capacidade de geração de novos postos de trabalho.

BIBLIOGRAFIA

BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.

COOPERATIVA O QUE É? Portal do SEBRAE. Disponível em: . Acesso em 15. Outubro. 2009

DANIEL, D. S. COOPERATIVA: Suas Perspectivas Como Alternativa Organizacional. 2009. O Portal dos Administradores. Disponível em: . Acesso em 02. Setembro. 2009

ETHOS e SEBRAE lançam manual sobre relação 'grandes x pequenas'. 2009. O Portal da Administração. Disponível em: . Acesso em: 16. outubro. 2009

ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Sistema OCB reúne 7,8 milhões de associados em 2008. Portal da Ocepar. Disponível em: . Acesso em: 15. outubro. 2009

MARQUI,A.C., GUIRRO, A.B., MERLO,E.M.,VANTAGENS DECORRENTES DA FORMAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES DE COMPRAS: Um estudo de caso. 2002. Disponível em: . Acesso em 02. setembro. 2009

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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[1] (COOPERATIVA O QUE É? Portal do SEBRAE. Disponível em:

. Acesso em 15. Outubro.2009)

[2] (ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Sistema OCB reúne 7,8 milhões de associados em 2008. Portal da Ocepar. Disponível em: http://www.ocbrj.com.br/web/emanager/conteudo/upload_/260109_numeroscooperativismobrasileiro.pdf. Acesso em: 15. Outubro. 2009)

[3] (COOPERATIVA O QUE É? Portal do SEBRAE. Disponível em:

. Acesso em 15. Outubro. 2009)

[4] Daniel D. S. COOPERATIVA: Suas Perspectivas Como Alternativa Organizacional. 2009. Disponível em:

.acesso em: 02. Setembro. 2009

[5] BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.

[6] BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.

[7] MARQUI,A.C., GUIRRO, A.B., MERLO,E.M.,VANTAGENS DECORRENTES DA FORMAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES DE COMPRAS: Um estudo de caso. 2002. Disponível em: . Acesso em 02. Setembro. 2009

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