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Case Bug

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Por:   •  26/3/2015  •  2.273 Palavras (10 Páginas)  •  190 Visualizações

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Leia com atenção o texto a seguir o estudo de caso da Bug Agentes Biológicos que foi escolhida como a empresa mais inovadora do Brasil em premiação na revista Exame Abril em março de 2012. Também no mesmo ano, a 33ª empresa mais inovadora do mundo pela FastCompany Startup, a empresa vende insetos que combatem pragas em grandes plantações, substituindo os agrotóxicos no mercado.

A empresa não tem os modernos laboratórios da Apple, nem os 800 milhões de ‘clientes’ do Facebook, mas também está na lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo, compilada pela revista americana de empreendedorismo FastCompany. Fundada há 11 anos, a empresa brasileira Bug Agentes Biológicos foi considerada mais inovadora do que gigantes conterrâneas como Embraer e Petrobras e serve de exemplo para mostrar que o cenário acadêmico do Brasil pode ser um próspero celeiro de inovação.

Criada dentro dos laboratórios da Esalq — a escola de ciências agrárias e ambientais da Universidade de São Paulo, em Piracicaba —, a Bug disputa uma fatia do bilionário mercado de pesticidas no Brasil. Para tanto, aposta no controle biológico de pragas como uma alternativa segura aos agrotóxicos - e até 40% mais barata. Na ponta do lápis, o prejuízo causado pelas pragas dói no bolso do agricultor. “Se for considerado 1% da plantação infestada, a perda é de 75 reais por hectare no caso da cana-de-açúcar”, diz Heraldo Negri, um dos fundadores da Bug. O número pode parecer pequeno, mas ganha escala nas grandes plantações. Por exemplo, em uma área de 10.000 hectares, com 10% da cana infestada, o prejuízo seria de 7,5 milhões reais - cerca de 5% do valor do safra. Para evitar o prejuízo, o Brasil gasta cerca de 7 bilhões de dólares por ano com pesticidas - é o maior consumidor do gênero no mundo.

Todos os anos, a revista americana de empreendedorismo FastCompany compila um ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo. A equipe de editores faz uma pesquisa com especialistas da área, analisa a saúde financeira das empresas e verifica cada produto. Em 2012, a Apple foi eleita a empresa mais inovadora do mundo. Apenas duas brasileiras apareceram no ranking mundial: a Bug Agentes Biológicos (33º) e a Boo-box (45º), uma empresa de publicidade para mídias sociais.

Pulo da vespa - A arma da Bug são vespinhas do gênero Trichogramma. Estes insetos, de até um milímetro de tamanho e sem ferrão, são os inimigos naturais de pragas que atacam lavouras de grande importância econômica, como cana e soja. Os bichinhos, encontrados naturalmente no Brasil e em diversas partes do mundo, parasitam os ovos de mariposas e borboletas e impedem que eles deem origem aos maiores inimigos dos agricultores: as lagartas. A Bug conta com cinco “fábricas biológicas”, ou biofábricas, que criam insetos em massa e embalam seus ovos em pequenos papelotes. O agricultor posiciona esses papelotes na lavoura, as vespinhas nascem e passam a atacar as pragas.

O controle de infestação de lavouras por meio de insetos não é novo. A técnica já existe na Europa há 30 anos, mas em pequenas plantações e estufas, não na escala das grandes lavouras brasileiras. Mesmo o potencial da Trichogramma já era conhecido dos cientistas. O assunto corre na literatura científica desde o fim dos anos 80. Em tese, os insetos deste gênero levam vantagem substancial sobre uma vespa de outra espécie já usada no controle da cana, a Cotésia. Isso porque a Trichogramma ataca os ovos, interrompendo o ciclo de vida da praga, enquanto a Cotésia ataca a lagarta. “Como a lagarta nasce dentro do caule da planta, o controle da Cotésia só ocorre depois que a cana foi infestada”, explica Negri.

Faltava tirar a ideia do papel. E este foi o salto da Bug: unir o conhecimento acadêmico a métodos inovadores (e guardados a sete chaves) de produção em massa e liberação do inseto, na forma de um produto capaz de competir com os agrotóxicos.

A Bug Agentes Biológicos não trabalha apenas com vespas. No fim de 2011, a empresa se fundiu com a Promip, do agrônomo Marcelo Poletti, com a ajuda de 500.000 reais de incentivo da Fapesp. Com a fusão, a Bug passou a vender ácaros, inimigos naturais de pragas que atacam plantações de hortifrúti, como morango, alface, pepino e pimentão.

Superação - A Bug nasceu durante o mestrado do agrônomo Diogo Carvalho, hoje seu diretor comercial, na Esalq. Ele criou a empresa em sociedade com o biólogo Negri e o agrônomo Danilo Pedraezoli. “A fase mais difícil foi o tempo que levou entre desenvolver a tecnologia e convencer o produtor”, diz. “Não desistimos porque acreditamos no nosso produto."

Pedraezoli deixou a empresa em 2011, e outros dois sócios entraram no negócio: o agrônomo Roberto Konno, que faz parte da equipe na parte de produção para hortifrúti, e Marcelo Poletti, que fundiu à Bug a empresa que havia fundado em 2005, a Promip. Com a fusão, a Bug passou a atuar também na produção de ácaros, inimigos naturais de pragas que atacam morango, alface, pepino e pimentão, entre outras culturas.

A economia da inovação - "Empresas como a Bug estão se tornando mais comuns", diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. Em entrevista a VEJA.com, ele lembra que as principais universidades já contam com agências de inovação. O que falta, explica, são investidores com experiência em apoiar empresas de altíssima tecnologia - falta o capital de risco. E pesam, claro, os conhecidos entraves ao desenvolvimento brasileiro: a alta carga tributária, a barafunda fiscal, a burocracia e a inconstância de políticas para ciência e tecnologia.

Ao contrário, em países campeões de inovação todo o esforço é feito para facilitar o trânsito entre o laboratório e a empresa. Brito Cruz cita o caso dos Estados Unidos. "Ali há uma forte cultura empreendedora, um ambiente econômico estável, baixos custos trabalhistas, um sistema legal efetivo e boa proteção da propriedade intelectual - além de pouca burocracia", diz.

Tanto a criação da Bug, em 2002, como sua fusão, no ano passado, com a empresa Promip, contou com o apoio de um programa da Fapesp pensado justamente para aproximar o empreendedorismo da pesquisa científica. Chamada Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), esta linha de financiamento foi criada em 1997 e hoje exibe indicadores comparáveis aos de um programa americano equivalente, da National Science Foundation: 5% das empresas apoiadas nos termos do Pipe conseguem alcançar faturamento superior a 25 milhões de reais. Contados cinco anos da fundação, apenas 8% das empresas apoiadas pelo Pipe fecham

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