DESNERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO
Monografias: DESNERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: ADRIELLE123 • 31/7/2013 • 1.426 Palavras (6 Páginas) • 394 Visualizações
TR: As medidas de desoneração, que em período
mais recente remontam à proposta de reforma tri-
butária da PEC 233/2008, estão finalmente sendo
implementadas como resultado da persistência do
setor empresarial. Dada a extensão do problema,
a participação dos trabalhadores e dos demais be-
neficiários da Seguridade Social tem sido bastante
tímida. Para esta questão, o jogo de forças entre os
atores sociais – patrões, de um lado, e trabalhadores
e beneficiários da Seguridade Social, do outro – não
estaria muito desequilibrado?
GD: Sim, certamente o jogo é desequilibrado porque a
iniciativa de fatiar mudanças tributárias que antes esta-
vam unificadas na PEC 233/2008 dificulta a compreensão
política do significado dessas mudanças. Desonerações
fiscais são, em princípio, expressões simpáticas. Quan-
do essas desonerações afetam o sistema previdenciário
– contribuição patronal – cria-se uma aura de simpatia
empresarial e midiática, segundo uma lógica estritamen-
te privada do tipo “se é bom para o empresário é bom
para o trabalhador pelo efeito de criação de emprego”.
Mas explicações ideológicas não resolvem os problemas
subjacentes dessas desonerações. Vejamos quais. Em
primeiro lugar, não estão dimensionadas nas decisões
de desoneração da folha (substituição da contribuição
patronal por um arranjo de contribuição sobre fatura-
mento) as reduções de tributação estaticamente consi-
deradas. Em segundo lugar, não há evidência teórica ou
histórica demonstrável de relação direta ou indireta das
reduções tributárias com a elevação do nível de empre-
go no sistema econômico. Por fim, o sistema do Regime
Geral de Previdência Social, sobre o qual incidem essas
desonerações, precisa, a médio prazo, de mais e não me-
nos recursos para financiar benefícios dos seus segurados
ativos. Houve um crescimento significativo no número
desses segurados, no conceito de contribuintes-pessoas
físicas, boa parte dos quais recebendo, com toda justi-
ça, uma “subvenção de alíquota contributiva”. Ademais,
tanto os novos como os antigos segurados são candidatos
a benefícios mais prolongados em razão do efeito lon-
“Não há evidência teórica ou
histórica demonstrável de relação
direta ou indireta das reduções
tributárias com a elevação do nível
de emprego no sistema econômico.
O sistema do Regime Geral de
Previdência Social, sobre o qual
incidem essas desonerações, precisa,
a médio prazo, de mais e não menos
recursos para financiar benefícios
dos seus segurados ativos.”
gevidade. Essas situações recomendam constituir desde
logo o Fundo de Reserva do RGPS, previsto no art. 250
da Constituição Federal. Mas o governo está tratando o
RGPS sob a ótica da política conjuntural de competiti-
vidade da indústria. Aí está o equívoco principal dessa
política.
TR: No ano de 2008 o Ministro da Fazenda, Guido
Mantega, comentando a PEC 233/2008, que introdu-
ziu a última proposta de reforma tributária do Go-
verno Lula, proferiu a seguinte frase: “Nós estamos
mantendo a proposta de desoneração da folha, po-
rém nós vamos discutir essa preocupação importan-
te dos trabalhadores, de como dar sustentabilidade à
Previdência de uma maneira que não seja meramente
contábil. (...) Temos que discutir uma forma e achar
uma fórmula de viabilizar a desoneração com a sus-
tentabilidade da previdência.” (Folha de São Paulo
in folha.com, 26/02/2008).
GD: Esta pergunta é interessante por demonstrar que
de 2008 até o presente os governos Lula e Dilma não
enfrentaram aquilo que prometeram. Tratar da susten-
tabilidade de longo prazo do RGPS, por meio de deso-
nerações patronais, e da Previdência dos Funcionários
Públicos – Funpresp – por forte renúncia fiscal não
resolve. Pelo contrário, agrava a sustentabilidade finan-
ceira a médio prazo. Os dois exemplos citados, RGPS e
Funpresp, a meu ver evidenciam neste governo um super
TRIBUTAÇÃO em revista
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