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Inflação Do Brasil

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Por:   •  13/8/2014  •  913 Palavras (4 Páginas)  •  184 Visualizações

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A inflação do Brasil e a Inflação do IBGE

Gerson Lima(*)

Conta a história que um dia o Adamastor chegou em casa na hora errada e pegou a mulher dele em pleno flagrante de adultério no sofá da sala. Normalmente pacato, neste dia Adamastor lembrou-se de tantas outras cenas vistas ou pressentidas no passado e, desta vez, decidiu não deixar barato. Louco de raiva, adotou uma decisão violenta e, no dia seguinte, vendeu o sofá.

Ao final da década de 1980, havia um fenômeno na política econômica brasileira que chamava muito a atenção e incomodava meio mundo - o gasto do governo com juros da dívida pública. Consciente do fato, e lembrando-se de tantas outras cenas vistas ou pressentidas no passado, o governo tomou uma medida drástica - varreu a informação sobre os gastos do governo com juros para baixo do sofá do Adamastor. A partir de 1996, o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que é do governo federal, mudou o sistema de contas nacionais.

O sistema de contas nacionais é mais ou menos a mesma coisa que o sistema de contas de uma empresa. O objetivo é mostrar o tamanho e a composição da produção brasileira, quanto o país exporta, quanto as pessoas ganham, quanto gastam, quanto as empresas faturam, qual é a receita do governo, quanto e como o governo gasta, etc. Esta mudança feita em 1996 na verdade mudou uma coisa só - tirou a conta do governo do sistema. É como se, de repente, o governo deixasse de existir, deixasse de ter qualquer importância para a economia nacional. A economia sempre teve três setores - o privado, o governo e o exterior. A partir de então, só tem dois. O governo foi descartado das estatísticas nacionais.

Se a intenção desta mudança drástica e desnecessária de sistema foi, como parece, apenas para esconder o gasto com juros do governo, não funcionou. O próprio Banco Central continuou a gerar esta informação, com o orgulho da transparência que caracteriza a sua administração. Entretanto, à desarticulação das contas seguiu-se a mudança de critérios de coleta e tratamento dos dados. Alguma coisa parecida com a história do meu carro novo.

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Em 1971 comprei o meu primeiro carro zero, façanha que levou muitos anos para acontecer de novo, mas aconteceu. Este primeiro carrinho teve todos os azares possíveis, a começar pelo esquecimento de nele colocarem o macaco e o pneu estepe e por um carburador que, literalmente, desmontou sozinho antes dos primeiros mil quilômetros de vida. Dentre os problemas, o pior foi o motor que fundiu e, por isso, passou a gostar muito de ferver a água do radiador. Após uns anos de sofrimento, finalmente consegui vender o carrinho.

Anos mais tarde, decidi que tamanho azar jamais se repetiria e comprei um outro igual, zerinho. Este não começou a ferver a água depois de fundir o motor. Já veio assim de fábrica. Após muitas idas ao concessionário para reclamar, finalmente eles descobriram a solução - torceram o ponteiro do medidor de temperatura mais para trás. Assim, quando a água começava a ferver, o ponteiro indicava que a temperatura estava normal.

É por isso, pela mudança de critérios, que não é mais possível dispor de algumas informações estatísticas de longo prazo no Brasil. Ressalte-se que o governo promove constantes mudanças de critérios nas estatísticas, e sempre com a melhor das boas intenções. Só não

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