Logística Hospitalar

Categoria:

Eficiência no uso dos Recursos Públicos e Desburocratização

Problema enfrentado ou oportunidade percebida e solução adotada

Um problema comum no sistema de saúde pública de nosso país é o desabastecimento crônico de insumos nos hospitais da rede. O resultado dessa falta de insumos é a impossibilidade de dar atendimento digno a população e doenças simples muitas vezes resultam em casos graves e óbitos.

Estudos de empresas de consultoria internacionais apontam que aproximadamente 30% do que é adquirido pelos hospitais é desperdiçado seja por mau uso, evasão, avaria ou prazo de validade vencido.

Essa perda, além de representar perda significativa ao erário público, pode ser mensurada nas unidades de saúde em tempo de espera prolongado para marcação de consulta e longas filas nas farmácias ambulatoriais.

O desperdício é causado principalmente pela falta de gestão dos fluxos de materiais dentro dos hospitais. A distribuição do material para as áreas produtivas é feita por critérios empíricos e sem controle real do consumo, causando abastecimento desigual e consumo excessivo de material devido ao excesso de disponibilidade dos mesmos e trocas entre áreas que causam perda da rastreabilidade dos materiais dentro das áreas.

Além do desperdício encontrado dentro das unidades hospitalares devido à falta de gestão dos materiais, outro problema que contribui para o desabastecimento é a falta de planejamento de compras nas unidades de saúde.

A falta de planejamento no setor de suprimentos existe devido à falta de informação real do consumo da unidade, as compras são baseadas em previsões equivocadas e geram excessos de estoque de alguns produtos e falta de outros, provocando consequentemente desperdício e desabastecimento.

Esse erro no planejamento leva a migração de produtos entre as unidades hospitalares, causando perda da rastreabilidade não só dentro das unidades de saúde, mas também no sistema de saúde como um todo.

Recursos humanos desqualificados, equipamentos desatualizados, falta de sistemas de informação e baixa capacidade resolutiva, acentuam os problemas de gestão do fluxo de materiais nas unidades de saúde, contribuindo para o desperdício e o desabastecimento.

A falta de material e o tempo da equipe de enfermagem usada na gestão e controle de materiais e medicamentos provoca desgaste das equipes e do ambiente contribui para o descontentamento de pacientes e de toda a equipe de trabalho, proporcionando condições que propiciam o estresse e conseqüentes falhas no atendimento ao paciente.

Diante dessas condições, é necessário implantar processos de trabalho a fim de garantir o atendimento eficiente, humanizado e digno, atenuando a pressão do desabastecimento.

Visando padronizar consumo, reduzir e otimizar estoques, melhorar as formas de armazenagem, garantir dados quantitativos e qualitativos confiáveis ao Setor de Compras e, principalmente, economizar um importante valor em custos diretos de pessoal, materiais e sistemas, e indiretos de compras erradas, desperdício, armazenagem inadequada, horas de enfermagem usadas nas tarefas de gestão e controle de material, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia terceirizou seus processos logísticos.

Esta terceirização, que já é realidade em outros países, tem comprovadamente, um efeito positivo sobre a economia de recursos e melhoria de qualidade no atendimento.

A terceirização permite ordenar a rotina de distribuição, aperfeiçoando a qualidade dos serviços prestados à população, atenuando as possibilidades de desabastecimento e consequentemente de descontentamento e insatisfação dos usuários, aumentando a produtividade e eficiência das equipes especializadas.

O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) foi o primeiro hospital totalmente dedicado às patologias cardíacas da América Latina e, ainda hoje, configura-se como um dos centros de excelência mundial na área, especialmente nos procedimentos de angioplastia, revascularização do miocárdio e transplante cardíaco.

Atendendo uma média de 12.000 consultas ambulatoriais por mês, mais de 600 internações e mantendo uma média de ocupação na casa dos 97% o Instituto Dante Pazzanese recebe pacientes de todas as regiões do país e desenvolve pesquisas de relevância, em parceria com diversas universidades nacionais e estrangeiras, constituindo motivo de orgulho na comunidade médica e em toda sociedade.

Todo este Complexo foi ampliado no final de 2005, através do Bloco Hospitalar III em que temos 160 leitos de enfermaria, 50 leitos de UTI, 25 leitos de Unidade Coronariana, além de 8 salas cirúrgicas e 6 salas de Hemodinâmica, tudo isto espalhados por 16.500m² e 5 pavimentos.

Esta monumental obra amplia a capacidade de atendimento do Instituto Dante Pazzanese em mais de 100%, trazendo ao paciente atendido pelo Sistema Único de Saúde tecnologias e conforto até hoje disponíveis apenas em poucos serviços privados no Brasil.

O IDPC trabalha atualmente com um orçamento no elemento de consumo na ordem de R$ 15.500.000,00 (Quinze Milhões e quinhentos mil Reais) ao ano, inserindo-se aí todos os gastos com consumo de material médico/hospitalar. Foi solicitado, já no orçamento de 2006 uma expansão de R$ 14.000.000,00 (Quatorze milhões de reais), no mesmo elemento, por conta do novo Bloco Hospitalar.

Oportunidades:

Diante da proposta de terceirização do serviço de logística, houve colaboração entre a área de suprimentos, a equipe de enfermagem, a equipe médica e os prestadores de serviço de logística hospitalar contratada, UniHealth, para a criação de um comitê de padronização, responsável pela criação dos protocolos de atendimento, e consequentemente pela padronização dos produtos a serem adquiridos pela instituição, pela criação de kits cirúrgicos, de procedimento e de administração e catálogos de materiais para cada área produtiva.

O envolvimento da alta Administração do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, objetivando a resolução do desabastecimento crônico do hospital, proporcionou ampla agilidade na implantação do projeto.

A garantia do atendimento médico, reduzindo o tempo de espera, humanizando a relação médico paciente e proporcionaríamos aperfeiçoamento na qualidade do atendimento e na eficiência global do processo.

A otimização da distribuição do material com o uso de armazenagem automatizada, código de barras e infra-vermelho permitiram viabilizar essa proposta de redução de custos e aumento na qualidade de