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O Brasil E A Crise

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Por:   •  24/8/2014  •  3.254 Palavras (14 Páginas)  •  423 Visualizações

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ADRIANA DA SILVA

CÓDGO: 1306703

Curso de Ciências Contábeis

Disciplina: Economia

Polo de Capão Bonito

Tutor: Prof. Daltro Oliveira de Carvalho

O BRASIL E A CRISE: um estudo de caso

(Preparado pelo Prof. Frederico Araujo Turolla, da ESPM-SP. Colaboração: Maria Fernanda Freire de Lima, da Pezco.)

Introdução

Seu Alípio era executivo de um banco estrangeiro e trabalhava em São Paulo. Naquele 12 de janeiro de 1990, tinha ido ao Rio de Janeiro visitar um cliente. A reunião foi bem sucedida e no fim do dia, cansado, chegou ao Aeroporto Santos Dumont para retornar a São Paulo em um dos Electra ainda operados pela Varig.

No aeroporto, lembrou que havia se esquecido de ligar para o gerente do banco, para aplicar seu dinheiro. Fazia isso diariamente. A inflação do mês passado fora de 51,5% e com isto a taxa de juros nominal chegara a 2,84% ao dia. Deixar de aplicar o dinheiro que sobrava na conta por um único dia poderia representar a perda dos rendimentos que um suíço obteria em suas aplicações por praticamente um ano inteiro. Foi então em busca de um telefone público que fizesse DDD, torcendo para que não houvesse fila e pudesse falar com o gerente ainda antes de embarcar de volta para São Paulo.

A hiperinflação que Seu Alípio viveu - Plano real: boom and bust

Desde 1989, os preços ao consumidor atingiram taxas de quatro dígitos, e de fato, a inflação daquele ano chegou a assombrosos 1.972,91%. Em 1990, a administração Collor de Mello implementou um radical congelamento da poupança que, além de ter surtido pouco efeito, gerou igualmente forte descontentamento da população. Como resultado da desordem econômica, a economia brasileira diminuiu em 4,4% em 1990 e cresceu apenas 1% no ano seguinte. E a inflação, apesar de ter visto seu ritmo cair inicialmente em 1991, com uma taxa de 472%, acabou acelerando novamente no período subsequente.

Com o impeachment de Collor, Itamar Franco assumiu o poder em meio a um turbulento ano de 1992, quando a economia do país decrescia 0,5%. A administração de Franco implementou o “Plano Real” de estabilização monetária liderado pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que ganhou a Presidência em 1994. Foi um conjunto de medidas destinadas à estabilização dos preços, todas previamente anunciadas e executadas gradualmente. Entre elas, duas ações fundamentais no cerne do plano: a mudança da moeda em uma nova, o Real, e a apreciação da moeda.

Para a população, a notícia foi bem-aceita, uma vez que o plano não veio acompanhado do congelamento de preços ou poupança, ou de uma outra medida dura, o que sempre acabava ocorrendo nos outros inúmeros pacotes econômicos lançados anteriormente.

Já a valorização cambial amarrou a dinâmica dos preços internos frente à economia internacional. Em 1995, foi implantado o sistema de bandas cambiais que durou até o início de 1999. O real se fortalecia com a entrada de fluxos de capital desde 1994 e contribuía para conter a inflação no início. O resultado foi que a inflação inercial foi sendo gradualmente suprimida. As medidas incluíram também mudanças institucionais, como uma nova e moderna lei da concorrência.

Quando Fernando Henrique assumiu o poder em 1995, o Brasil iniciou a modernização de sua infraestrutura com um conjunto regulatório e a privatização de empresas públicas, tanto através de concessões como da venda direta. Foram iniciadas igualmente reformas profundas do setor público, com estratégias mais focadas na gestão da dívida pública. Foi implementada a reforma do setor financeiro de maneira a enfrentar os riscos dos bancos com a perda das receitas relacionadas à inflação, mas também para reforçar a posição do sistema financeiro de País. E o Brasil foi consolidando a retomada do seu acesso aos mercados de capitais internacionais, que tinha sido pavimentada pela adesão ao Plano Brady, com a renegociação da dívida externa.

O Plano Real: um tiro certeiro no dragão da inflação O Plano Real trouxe expectativas positivas para a economia, uma vez que se converteu na primeira tentativa bem-sucedida de estabilização da inflação, enquanto se centrava na defesa da concorrência ao invés da antiga política de controles de preços e de intervenções discricionárias. Aí está a raiz do boom econômico que se seguiu. Foi um crescimento de 4,7% em 1993, antes da introdução da nova moeda e de 5,3% em 1994, o ano crucial do Plano Real. Os investimentos diretos estrangeiros irromperam no País, atingindo US$ 2,1 bilhões em 1995, US$ 4,4 bilhões em 1996 e US$ 10,7 bilhões em 1997. Cresceram continuamente até o ano 2000, chegando a US$ 32,8 bilhões.

O primeiro revés surgiu a partir da crise mexicana. Em 1994, os Tesobonos foram emitidos pelo México para apoiar a sua moeda em meio à agonia do regime de câmbio administrado. Os detentores eram, em sua maioria, estrangeiros e correram para vender seus bônus, comprar dólares e tirar o dinheiro do país. Os Tesobonos elevaram de US$ 29 bilhões para US$ 115 bilhões a dívida pública mexicana no final daquele ano.

Em meio a uma pressão intensa sobre o mercado cambial, o Banxico abriu uma janela em que os detentores poderiam obter o rendimento dos Tesobonos diretamente em dólares americanos. Até ao final de 1995, o montante da dívida em Tesobonos foi reduzida praticamente a zero, mas a crise ainda teve impacto em muitos mercados emergentes, como o Brasil. Mesmo assim, o Brasil foi capaz de crescer 4,4% em 1995. Mas as dificuldades pesavam no cenário e fatores de recuos adicionais vieram em consequência do ritmo lento dos avanços na área fiscal. Muitas das propostas do governo brasileiro não avançaram a contento no Congresso Nacional, possivelmente por que a opinião pública ainda não tinha se convencido do caráter essencial do ajuste das contas públicas para a conquista definitiva da estabilidade.

Embora também tenha sido necessária para a estabilização, a permanência da moeda sobrevalorizada também limitou as perspectivas de crescimento a partir de 1995.

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