O Empreendedorismo: O Fundamento Para o Sucesso
Por: Girlene MirallY • 31/8/2021 • Trabalho acadêmico • 6.944 Palavras (28 Páginas) • 182 Visualizações
Empreendedorismo: O Fundamento para o Sucesso - Pub. do Jor. Diário do NE. ap. pelo Banco do NE. - Editora Diário do Nordeste em Out/1999 |
INTRODUÇÃO EMPREENDEDORISMO: O FUNDAMENTO PARA O SUCESSO Manhã em Londres. Desço até a portaria do hotel para trocar o adaptador do computador em que escrevo este texto. As tomadas na Inglaterra têm um formato especial e exigem esse procedimento para a utilização dos aparelhos elétricos provenientes do exterior. No elevador, um americano olha para minha mão e pergunta: - Isso é um adaptador de eletricidade? Diante da resposta positiva, comenta com seu acompanhante: - Que pena! Neste hotel, eles têm adaptador e nós não usamos nossos aparelhos. Eu lhe perguntei se havia pedido o adaptador na recepção. O americano me respondeu que, como no primeiro hotel em que se hospedaram, na Inglaterra, não havia adaptador, então eles pensaram que não o encontrariam em nenhum outro estabelecimento e desistiram de seus aparelhos. Esse é um exemplo típico de alguém que precisa aprender a ser mais empreendedor. Empreender não é um tema relacionado somente à criação de um novo negócio, mas sim a um modo mais ousado de viver e trabalhar. O empreendedor é aquele que tem uma visão especial de um acontecimento e realiza uma ação a respeito dele, sem ficar observando e esperando passivamente as coisas tomarem forma. Na empresa, por exemplo, quando as vendas estão diminuindo, o empreendedor não precisa de um relatório para detectar o problema. Ele tem um instinto aguçado, uma intuição à flor da pele, e consegue muito rapidamente captar no ar o que está acontecendo. Antes que o problema seja confirmado por escrito, já inicia uma série de ações para reverter o quadro negativo. Quando muitos funcionários começam a abandonar a empresa, o empreendedor, atento, examina esse fenômeno, analisa as causas e implanta uma solução. Quem tem a qualidade do "empreendedorismo" sabe desafiar padrões e ir além do pensamento comum. Possui criatividade e talento para encontrar soluções frente às crescentes exigências dos novos consumidores do mercado, cujo perfil está cada vez mais crítico. Por tudo isso, talvez você esteja pensando: "Roberto, eu estou feliz na minha empresa. Acho que essa conversa não é pra mim". Negativo. Essa conversa é tão válida para você quanto para quem quer mudar de trabalho ou de profissão. O empresário é o empreendedor de seu próprio negócio, mas o termo empreendedor é aplicável a uma série de virtudes de um profissional que tem a ousadia de pensar como se fosse o dono da empresa. É preciso administrar o setor em que você trabalha como se o negócio lhe pertencesse! À medida que você coordena bem o local de trabalho e suas funções, seus superiores vão lhe confiando mais departamentos até que lhe entregam uma diretoria e, por que não?, a presidência. O empreendedor não se contenta em simplesmente ficar observando o jogo da arquibancada; ele quer participar do jogo. O mundo de um empreendedor é infinito, como ilimitadas são as possibilidades de transformar as oportunidades em lucros. A partir de agora, vamos falar dos fundamentos da vida do empreendedor. Espero que você aproveite bastante esta conversa. Boa viagem!
PARTE 1 O PERFIL DO EMPREENDEDOR O verdadeiro campeão não esmorece diante dos obstáculos. Ao contrário, de temperamento incansável, está sempre no limite entre a alegria de ter conquistado uma vitória e o desejo de obter mais, muito mais. Você já deve ter se perguntado quais as razões que levam uma pessoa que foi demitida de uma empresa a montar seu próprio negócio e a fazer o maior sucesso, ao passo que outras tomam a mesma iniciativa e naufragam. Mais um questionamento habitual: quais as características que levam alguém a ocupar o cargo de diretor, enquanto a maioria dos indivíduos apenas sonha com essa possibilidade? Bem, cada vez mais, montar seu próprio negócio é uma aventura muito arriscada. Antes de entrar nessa empreitada, é importante analisar suas chances de sucesso e, principalmente, se você tem a personalidade necessária para se tornar um empresário. Se não tiver esse perfil, das duas uma: ou desenvolve essas características, ou continua em seu trabalho atual, chefiado ou coordenado por outra pessoa. São três as características comuns que proporcionam o sucesso do empreendedor ou promovem o novo diretor, cada uma delas um tesouro capaz de criar novos negócios de êxito:
Agora, vamos refletir sobre essas particularidades. Automotivação. Quem tem motivação interna não espera o despertador tocar para acordar. Com automotivação, não é preciso chefe ou líder. A pessoa é liderada pela paixão e possui uma qualidade imprescindível denominada iniciativa, que faz com que assuma as rédeas de situações difíceis. O errado se transforma num incômodo que só desaparece quando a dificuldade é resolvida. Enfrentar o problema não significa que você vai resolvê-lo, mas, de outro modo, é impossível achar a solução. Na verdade, o vencedor procura se antecipar aos problemas e costuma dar um jeito para que eles não aconteçam. O desejo intenso de ver sua obra concretizada faz parte da vida do verdadeiro empreendedor. A síndrome do final de expediente passa longe dele. Não importa se é dia, noite, final de semana, feriado... o projeto finalizado, e a possibilidade de vê-lo em andamento, é que dita seus horários. O amor pelo trabalho é tanto que ele tende a encará-lo como uma diversão, transmitindo uma felicidade idêntica àquela dedicada aos momentos de lazer. A pessoa que não tem automotivação vai precisar do pai para acordá-la, assim como precisará do pedido do chefe para que fique além do expediente. Um ser desmotivado necessita que o cliente venha lembrá-lo de que o prazo para entrega do serviço já venceu. Aquele indivíduo que fica olhando constantemente o relógio ou que faz suas tarefas somente ao ser pressionado pelo tempo ou pelo chefe certamente vai sofrer quando for responsável pelo próprio negócio. Se não tiver alguém para cobrá-lo, sua tendência será se dispersar ou se acomodar... O empreendedor nato tem consciência de que seu sucesso está relacionado a sua capacidade de sempre ter uma energia extra e eletrizante. Sua motivação interior extrapola os limites de seu corpo e mente e, freqüentemente, é suficiente para contagiar a equipe. Todos vêem claramente o prazer que ele sente nas suas realizações. É assim quando você encontra o comandante Rolim, presidente da TAM, no Aeroporto de Congonhas, cumprimentando alegremente seus clientes às 6 da manhã. É assim quando víamos o Oscar, um dos maiores jogadores de basquete que o mundo já produziu, treinando arremessos após o término dos treinos. É a mesma impressão que temos ao observar o empresário Antônio Ermírio de Moraes, o homem mais rico do Brasil, trabalhando gratuitamente, todas as noites, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Todos tem no olhar um brilho idêntico ao da senadora do PT, Marina Silva, uma vencedora que, devido ao trabalho puxado na extração de látex nos seringais do Acre, só pôde aprender a ler e a escrever aos 17 anos. Resultado: nunca mais parou de estudar. Formou-se em História, foi líder de diversos trabalhos com as comunidades eclesiásticas de base e, hoje, é a maior representante do povo do Norte no Senado Federal. Em todas essas atitudes, percebemos nitidamente que o dinheiro está sempre em segundo plano, dando lugar ao amor pelo que se faz, ao espírito de campeão, à solidariedade e à vontade de contribuir para o desenvolvimento da humanidade. Ninguém mandou que agissem dessa maneira. Esses quatro exemplos refletem bem a postura, a garra e o temperamento incansável dos empreendedores natos. São pessoas que desejam ir além. Outra virtude clássica do empreendedor é a ambição positiva de sempre querer mais. Sua exigência diz, a todo instante, que ele deve produzir algo melhor do que fez anteriormente. E não mede esforços para aperfeiçoar os aspectos relativos a seu trabalho. Está continuamente no limite entre a alegria de ter conquistado uma vitória e a vontade de obter mais. Quando aparece um obstáculo, ele sabe atuar diante do desafio sem esmorecer. O explorador neozelandês Edmund Hillary foi o primeiro homem a escalar o Monte Everest, mas fez várias tentativas antes de conseguir chegar ao topo. Em uma das vezes, a situação foi dramática. Alguns membros da expedição morreram soterrados por uma avalanche. Os deputados ingleses resolveram, então, homenageá-lo pela coragem e determinação. No dia da sua condecoração, clima de festa, todos falando da sua bravura. Veio, então, o convite para subir ao púlpito e receber a medalha. Enquanto todos o cumprimentavam, começou a chorar. Os presentes imaginaram que ele estava comovido pela homenagem. Quando chegou ao púlpito, olhou para a foto da montanha ao fundo do parlatório. Com o dedo em riste, dirigiu-se à imagem do Everest e gritou: - Desgraçado! Até agora você me venceu, mas eu quero lhe lembrar que você já cresceu tudo o que podia, enquanto eu continuo crescendo. "I am still growing..." Na próxima tentativa, ele foi maior que a montanha. Os verdadeiros campeões são alimentados por desafios. Na sua imaginação sempre existe um troféu a mais a ser conquistado. Para pensar enquanto toma um copo d''gua: Quem motiva você: seu sonho ou seu chefe? Autodisciplina. O empreendedor tem a disciplina dentro de si - mesmo que seja numa mesa bagunçada (muitas vezes ele tem uma ordem interna que só ele entende). Trabalha com prazos dentro da cabeça. Realiza tarefas, às vezes desagradáveis, com a mesma dedicação que um obeso comprometido faz seu regime. Ao contrário do que muita gente imagina, disciplina não significa rigidez. O termo vem da palavra discípulo, ou seja, aquele que tem a habilidade de seguir um mestre cuja grande virtude é dominar um método. O sujeito disciplinado segue um método que evita o desperdício de energia ou de oportunidades. A disciplina faz com que o empreendedor analise minuciosamente um projeto antes de iniciá-lo. Impede que a ousadia faça o general levar seu exército para uma batalha sem perspectivas. O empreendedor tem a coragem de arriscar, mas odeia fazê-lo. A análise cuidadosa de um futuro negócio diminui sensivelmente a margem de erro na tomada de decisões importantes e cria maiores chances de êxito para o negócio. O empreendedor jamais age como um jogador compulsivo de cassino, que deixa para os dados a decisão sobre o sucesso ou o fracasso dos negócios. Nunca inicia um novo projeto baseado somente em seu instinto. Ele não se permite, por exemplo, correr o risco de montar um açougue ao lado de um supermercado. Ao contrário, é criterioso e faz um estudo completo do mercado, analisa seus futuros concorrentes e só depois toma uma decisão. Feito isso, mergulha com toda a força de seu coração no novo projeto. O empreendedor tem o coração de um atleta amador, mas a cabeça de um profissional. Quando a pessoa não tem disciplina, ela se torna caótica. Vive adiando a resolução de seus problemas, fica esquecida, a cada dia chega numa hora diferente no trabalho, confunde as datas e os compromissos, faz promessas e não cumpre, está sempre distraída e, por esses motivos, acaba precisando de um chefe. Se você está passando por um momento na sua vida em que seus fornecedores ou seu chefe estão pegando no seu pé, perceba que isso pode ser um aviso de que está correndo perigo por falta de disciplina. É a disciplina que estabelece os métodos dentro da organização. Ela é o extremo oposto da improvisação. É importante saber lidar bem com as reclamações do cliente, mas o ideal é que elas nunca aconteçam. A disciplina cria a sistematização de administrar bem os projetos até que se transformem em conquistas. Suas vitórias vão estar guardadas à sua espera até o dia que você se organizar para atingi-las. Infelizmente, as conquistas reservadas para a maioria das pessoas são desperdiçadas por causa da desorganização. É como perfurar a terra para atingir o lençol de água para abastecer uma vila. Não adianta todos os dias começar um novo poço, não funcionará. A água permanecerá ali até que alguém tenha coragem e determinação para aprofundar a cavidade e atingir o lençol aqüífero. Ou seja, não é desistindo que você vai conquistar sua meta. É preciso lutar. Disciplina é a humildade de continuar num caminho mesmo quando os resultados ainda não estão aparecendo. Thomas Edison, após mais de mil experimentos sem êxito para criar a lâmpada elétrica, manteve seu propósito até poder comemorar sua vitória. Certa vez, ao final de mais uma apresentação deslumbrante do grande violinista austríaco Fritz Kreisler (1875-1962), uma senhora se aproximou do músico e lhe disse: - Eu daria minha vida para tocar como o senhor! Com muita serenidade, ele respondeu: - Eu dei a minha! Visão global. Há muitos novos empresários que, ao iniciar seu próprio negócio, se orgulham de dizer que não querem cuidar de dinheiro porque, odeiam números. Ilusão fatal! Todo empreendedor que se preza tem de entender de números. Não importa qual seja o negócio - rotisseria, floricultura etc. - é preciso dedicação e afinco não só no preparo dos doces e na escolha das flores, para ficar apenas com esses dois exemplos, mas na administração do negócio como um todo. Portanto, mãos à obra! O empreendedor, nos momentos de decisão, consegue ter a visão do helicóptero. Em vez de ficar com uma vista parcial dos acontecimentos, ele vai além das emoções e dos impulsos para colher novos dados para suas decisões. Visões limitadas criam empresas limitadas. A maioria das pessoas tende a fazer somente o que gosta. Se são grandes cozinheiros, querem passar o dia cozinhando em seu restaurante. Se são mecânicos, preferem e acabam dedicando seu tempo ao conserto de carros em suas oficinas. O empreendedor sabe que no lugar em que se tem somente prazer não há sucesso permanente. Empreendedores possuem curiosidade e dedicação para entender do negócio de forma global. Conhecem o máximo a respeito do tema. Querem entender detalhes de cada aspecto - marketing, finanças, operações, logística, estratégia etc. Enfim, desejam participar de tudo. Para poder fazer somente o que gosta, a pessoa precisa de alguém acima dela para juntar as peças do quebra-cabeças. Toda vez que alguém sobe mais na pirâmide da carreira tem de entender não apenas do negócio ou da empresa, mas de tudo que envolve aquele segmento. Observar e analisar a economia da região, do país e do mundo faz parte de subir no helicóptero para poder tomar as decisões do melhor modo possível. Há uma historinha que ilustra bem a capacidade do empreendedor de ir além da perspectiva normal das pessoas: Um rapaz caminhava triste, curtindo a dor de sua inesperada demissão num dia de calor brutal que fazia naquele verão. Um barulho gostoso de crianças chamou sua atenção e ele olhou para dentro da casa para curtir aquele momento de alegria. Vendo aquela algazarra na piscina, com as crianças mergulhando, reparou num escorregador abandonado ali perto. Por alguns momentos, ficou pensando por que os pais não integravam o escorregador às brincadeiras da piscina. O próximo passo foi a inauguração do primeiro parque aquático, e toneladas de dinheiro para seu criador! O que para uma pessoa comum é uma simples cena de um escorregador perto da piscina, para o empreendedor se transforma num parque aquático! Aqui vai uma sugestão para desenvolver seu espírito empreendedor: caminhe alguns minutos no horário de almoço olhando as pessoas e os estabelecimentos comerciais que for encontrando ao longo do caminho e dê asas à criatividade. Imagine serviços e produtos que poderiam melhorar a vida dessas pessoas e empresas. É assim que se criam pizzarias para viagem, videolocadoras, lojas de conveniência, vendas pela Internet e milhões de outras idéias que promovem o sucesso dos empreendedores. É sua visão de futuro que determina a grandeza de seu negócio. O empreendedor vai agir como uma grande pessoa, mesmo se estiver apenas começando. Tenho tido o prazer de fazer palestras para novos empresários em eventos organizados pelo Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - e fico muito incomodado quando um político da região, alienado da força das pequenas empresas, comenta sobre a importância da presença dos pequenos empresários. Rapidamente, procuro corrigi-lo: grandes empresários de pequenas empresas, por enquanto. Um dia, Bill Gates foi um grande empresário de uma pequena empresa.
PARTE 2 AS ESTRATÉGIAS PARA CHEGAR LÁ O empreendedor não deixa que a sorte decida o futuro do seu negócio. Para evitar os imprevistos, ele dedica uma parte importante de seu tempo criando soluções para problemas que ainda não existem. Vamos avançar um pouco nos conceitos que apresentamos até aqui. Quando falamos de visão global, é obrigatório pensar em estratégia. Lembre-se: a visão estratégica vai levá-lo até o sonho que acalenta. Vitórias e derrotas são conseqüências de estratégias. A palavra estratégia vem do grego strategía, que significa general. O estrategista é aquele que determina o que vai ser conquistado e que tipos de ameaça e oportunidade vão ser encontrados no caminho. É ele quem define também os recursos necessários para a conquista: pessoal, tecnológica, financeira etc. O estrategista consegue entrar no campo de batalha com vários cenários desenhados na mente e tem opções para lutar em cada um deles. Ele nunca é pego de surpresa no meio do trajeto. Em vez disso, age como piloto de avião que tem outros aeroportos como opção de pouso e, em todos os casos, tem combustível para a aterrissagem. Entre os militares, existe uma frase muito usada: "Eu entendo um militar que seja derrotado, mas nunca um que tenha sido pego de surpresa". Não é simplesmente uma luta ou uma batalha que está em jogo, é toda uma vida. Dizem que Napoleão Bonaparte era um estrategista tão brilhante que sabia quais seriam os movimentos do inimigo antes mesmo de o próprio adversário definir sua próxima ação. O estrategista tem de ver a visão completa do plano de batalha, procurando sempre prever o próximo acontecimento. Ele compete, principalmente, no campo de batalha do futuro, por isso tem de ser um expert em lutar usando o imaginário. O conhecimento da força do adversário é determinante para a montagem de sua estratégia. Sam Walton, o criador do Wal-Mart, a maior rede de lojas de departamentos do mundo, estruturou seu negócio com lojas instaladas em regiões comprovadamente de pouca concorrência, onde pudesse oferecer preços baixos todos os dias. Com essa manobra, cresceu sem ter de lutar de frente com os grandes do varejo até se transformar no maior deles. O empreendedor sabe que precisa se munir de informações para tomar decisões. Não lhe escapam a análise de seus números, os investimentos necessários, o faturamento provável, o fluxo de caixa, os planos dos concorrentes etc. Decidir sem informações é o mesmo que transformar um negócio numa loteria. Antes de abrir sua empresa ou iniciar um novo projeto, é fundamental que você responda questões como estas:
O empreendedor dedica uma parte importante de seu tempo criando soluções para problemas que ainda não existem. Por exemplo, o garoto que se organiza para oferecer água-de-coco para o turista numa praia deserta. Com certeza ele sentirá sede, e o garoto, esperto, estará lá. O garoto está consciente de uma necessidade que o cliente vai ter no futuro e aposta nela. Quando vários garotos estão oferecendo água-de-coco ao turista, obviamente o mais astuto e empreendedor vai criar uma nova maneira de se diferenciar na oferta desse produto, obtendo, assim, a preferência do cliente. É o caso daquele vendedor que gela a água, ou do que dá uma flor à moça que comprar na sua barraca, ou ainda do outro que oferece cadeira na praia. No meio de uma praia quase selvagem, é possível encontrar vários exemplos de "empreendedorismo". Num mundo de iguais, onde a maioria parece um bando de pingüins, diferenciar é a glória. Num mercado saturado de restaurantes por quilo, pizzarias para viagem, farmácias em todo o canto, carrinhos de cachorro-quente e lojas de móveis amontoados, é obrigatório formular algo que chame a atenção do consumidor. O empreendedor é aquele que, independentemente do cargo que ocupa, tem a iniciativa de bolar estratégias que façam o cliente notar seu produto. Você se lembra da campanha da Benetton em que o padre aparece beijando a freira, e a roupa com sangue do soldado morto no campo de batalha? É exatamente isso. Há que se criar a diferença, mesmo que ela pareça, a princípio, um tanto chocante para os padrões que estamos acostumados. Entre centenas de aguardentes semelhantes, era mesmo preciso associar a 51 a uma boa idéia. Quando se tem visão estratégica, percebe-se que, muitas vezes, o resultado não vem imediatamente. É preciso semear no presente para colher no futuro. E, se o objetivo foi definido com clareza, a dor de batalhar se transforma facilmente no orgulho de estar construindo algo importante. Aprender a administrar o incômodo é fundamental para conseguir êxito em qualquer situação. Certamente, para um cirurgião, ficar 6 horas em pé sem ir ao banheiro e sem comer não deve ser muito agradável, mas a consciência da importância de sua tarefa faz o incômodo ficar em segundo plano. O empreendedor sabe colocar sua estratégia em ação. Ele escolhe as pessoas para realizar a missão, organiza o trabalho e divide as tarefas, delegando as funções. Assim, deixa claro quem é responsável pelo quê e vai para o campo de batalha. O consultor americano David Norton afirma que apenas 10% das estratégias são efetivamente implantadas nas organizações, porque a maioria não é transformada em ação. Grande parte fica esquecida porque não existe a figura do general no campo de batalha, mantendo as pessoas conscientes de sua função e da importância de seu trabalho. A estratégia se torna, então, uma vaga lembrança do que deveria ter sido feito. O verdadeiro empreendedor faz com que a estratégia seja desenvolvida pelos integrantes da equipe. Como todos os bons estrategistas, os empreendedores sabem conquistar aliados. Eles sabem que as grandes vitórias não são conquistadas isoladamente. Investidores, fornecedores, clientes, sócios e colaboradores são parceiros fundamentais na realização de seus projetos. O empreendedor tem consciência de que começar um novo negócio é um salto e que a rede de segurança é formada por seus parceiros. Por isso, um grande empreendedor convence seus parceiros de sua capacidade para obter resultados. Um grande negócio é movido pela confiança que as pessoas depositam no projeto. Quando um banco perde a credibilidade, ele está quebrado. Não é o fato de estar com problemas financeiros que o destrói, mas a imagem que as pessoas fazem da organização. A dúvida dos parceiros mata sua empresa. Em qualquer estratégia de um e grande negócio, é fundamental conquistar a confiança das pessoas. O empreendedor não deixa seus parceiros desatendidos. Ele investe seu tempo mantendo-os informados, escuta suas dúvidas e sugestões, faz com que eles participem das decisões e passem a confiar no negócio. Sem dúvida, seus parceiros mais importantes, não só no negócio, mas em toda a vida, são seus familiares. Por exemplo, a primeira pergunta para alguém interessado em iniciar uma carreira política é: "Como a sua família vai reagir a essa decisão?" Freqüentemente, uma briga conjugal dá mais trabalho do que todos os adversários políticos juntos. O fato de sua família não apoiá-lo não deve fazer com que você mude de idéia, mas é importante que a falta de apoio não se transforme em sabotagem. Porém, o melhor mesmo é ter seus grandes aliados dentro de casa. Ter sua família como confidente, alguém que lhe escute desinteressadamente. Isso tudo se conquista com diálogo e planos feitos a dois. Antes de iniciar um novo projeto de vida, crie sua rede de segurança, fazendo uma lista das pessoas com as quais você pode contar para lhe dar apoio. Procure-os e peça ajuda. Com amigos, você vai ver que tudo fica bem mais fácil.
CASO ALAIR MARTINS: O VISIONÁRIO DE MINAS GERAIS Com determinação e uma jornada de trabalho de 16 horas por dia, Alair provou sua habilidade para os negócios fazendo do armazéns Martins um símbolo de crescimento e de sucesso. Alair Martins do Nascimento é um desses personagens raros, cuja história merece ser contada mil vezes para nos inspirar a ir adiante. Certa vez, fui fazer uma palestra para sua empresa e levei junto meus filhos Ricardo e Arthur. Estávamos tomando café da manhã quando um senhor muito simples sentou-se ao meu lado para falar que gostava de meus livros. Num tom muito meigo, contou-nos sua história: a de um garoto que sonhava em ir além da roça que cuidava quando criança. Sua modéstia era impressionante. No final da conversa, perguntei seu nome: Alair Martins. O criador do famoso atacadista estava falando conosco como se fosse um humilde vendedor de sua empresa. Desde os 7 anos de idade, Alair Martins pedia a seu pai, um agricultor bastante simples, para estudar em Uberlândia, Minas Gerais. Passou a infância e a adolescência na roça, ouvindo nãos a seu projeto, mas, como é de costume entre os vencedores, não desistiu. Somente aos 17 anos, conseguiu dissuadir o pai da idéia de manter toda a família unida no sítio para sempre e recebeu a tão esperada permissão para trabalhar e estudar em Uberlândia. Iria morar com seus tios, pequenos comerciantes da região. Para isso, entretanto, havia um prazo estipulado: se não obtivesse sucesso em um ano e meio, voltaria para casa. Ao chegar na cidade, rapidamente matriculou-se numa escola. Até então, tinha cursado apenas dezoito meses corridos no colégio da fazenda. Sendo assim, a diretora ofereceu-lhe uma vaga para a terceira série. Percebendo que já dominava todo aquele conteúdo, Alair começou a negociar com a direção uma maneira de ir direto para a quarta série. Pedido negado. Teria de provar sua capacidade por escrito. Dito e feito. Tirou nota 10 em todas as provas do semestre e, com isso, rumou para a série seguinte. Assim como os estudos, o trabalho com os tios seguiu de vento em popa. Sua facilidade para aprender foi rapidamente percebida. Ágil nos cálculos, atento aos textos e apaixonado pela leitura, Alair provava a cada dia sua tremenda habilidade em lidar com os negócios. Após anos de trabalho, a tia se posicionou a favor do sobrinho, assegurando a seus pais que ele já havia provado sua competência, seu dom e, principalmente, sua vontade de atuar no comércio. O pai de Alair não só se convenceu da competência do filho como também resolveu mudar com toda a família para Uberlândia de forma a iniciar seu próprio empreendimento. O dinheiro veio da venda do sítio e de um pequeno caminhão - tudo que a família possuía. Deu certo. Começava aí, então, a história de sucesso que acompanha Alair até hoje. O Armazéns Martins, com 110 metros quadrados, foi inaugurado em 17 de dezembro de 1953. Trabalhando 16 horas por dia, dos 19 aos 29 anos, Alair transformou o Armazéns Martins numa potência, símbolo de crescimento e de sucesso. Em cinco anos, o espaço físico da empresa aumentou, em média, 70% ao ano. É claro que nesses dados estão nítidos o amor, a dedicação e o prazer em realizar o trabalho. No organograma histórico do Armazéns Martins, Alair aparece, ao lado de seu pai como idealizador, controlador e investidor. A grande cartada para o progresso do negócio foi iniciada em 1957, quando Alair passou a comprar diretamente das indústrias. Além de manter o estoque sempre em dia, garantindo a satisfação dos clientes, ele conseguia vantagens consideráveis no preço, passando à frente dos concorrentes. Foram sete anos decisivos para o Armazéns Martins tornar-se um misto de varejo e atacado, o que facilitou sua transformação, em pouco tempo, num grande distribuidor-atacadista da cidade. Em 1964, interrompendo as atividades como varejista, Alair implantou definitivamente o atacado-distribuidor, adquirindo caminhões de maior porte e contratando vendedores autônomos para atender os Estados vizinhos - Goiás, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso - e, mais tarde, todo o Brasil. A descentralização do comando aconteceu de forma gradativa. Em 1970, o negócio ganhou uma tal amplitude que Alair, um centralizador confesso, resolveu dividir as responsabilidades criando gerências dentro da empresa e garantindo certa autonomia a seus ocupantes. No final da década, estavam instituídas, também, as diretorias. Seu pioneirismo fez com que iniciasse a informatização da empresa já em 1975, tornando seu armazém um referencial em toda a América Latina. Hoje, dois de seus três filhos administram o Grupo Martins, demonstrando o mesmo traquejo para os negócios. Aí está mais um episódio que fez crescer minha admiração pelo seu Alair. Quem preside a empresa atualmente é seu filho Juscelino. Ele teve a generosidade de passar o bastão para o filho sem apego ao que construiu. Os dois têm um trato: o pai pode dar todas as orientações que quiser ao filho, mas nunca deve interferir diretamente no trabalho da equipe para não criar problemas de dupla autoridade na empresa. Coisa de gente consciente. Hoje, o Armazéns Martins é uma empresa ancorada na informática em todos os seus processos. Sua Central de processos de distribuição utiliza leitura óptica, agilizando a montagem s cargas e a entrega dos pedidos. Para otimizar as entregas, a empresa ainda possui um sistema de monitoramento da frota de mais de 2.000 caminhões por satélite, sem contar que os 3.600 representantes autônomos estão todos equipados com notebooks. A empresa também conta com um provedor particular de Internet, rede multimídia de telecomunicações, um banco para financiar os clientes e a Universidade do Varejo, uma empresa de dar água na boca. E tudo isso começou num sítio, com agricultura de subsistência, algumas vacas leiteiras e um garotinho cheio de vontade e garra para mudar seu destino.
ARTIGO A POTENCIALIZAÇÃO DO INTRA-EMPREENDEDOR NA EMPRESA "Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranqüilidade. Mas os sonhos mortos começam a se deteriorar dentro de nós e infectam todo o ambiente em que vivemos." Paulo Coelho, em seu livro O Diário de Um Mago Por José Maria Gasalla, Professor titular do departamento de Contabilidade e Organização de Empresas da Universidade Autônoma de Madrid e presidente do Centro de Desenvolvimento Organizacional SA. Autor do livro Fábrica de Talentos - Técnicas para dirigir e desenvolver pessoas, publicado pela Editora Gente. Em toda parte ouvimos falar da mesma coisa: da mudança acelerada, das descontinuidades, da interdependência na globalização, da necessidade de agir prontamente, de ser flexível, de aproveitar as novas tecnologias, de trabalhar em rede... Mas o que significa tudo isso no que diz respeito a nosso modo de pensar e de nos organizar? Temos de questionar paradigmas, processos, papéis, políticas, relacionamentos e expectativas individuais e grupais... Somos invadidos constantemente por "novos" modelos que procuram nos indicar que rumo devem seguir as organizações de um futuro que se transforma necessariamente em presente para poder sobreviver. Falarei de um novo homem (o do Renascimento) e tentarei avançar no papel que ele, como intra-empreendedor, pode ter na empresa. Destacarei quais seriam suas competências básicas e o que se pode esperar das pessoas que agem como empreendedores no âmbito interno da empresa. Num ambiente em que a mudança se manifesta por toda parte e com formas novas e inesperadas, conseguir que uma organização seja eficiente e evolua equilibradamente está se tornando tarefa cada vez mais complexa. As organizações tentam driblar o tempo sem, às vezes, saber muito bem até onde vão, agindo:
De imediato, para enfrentar situações dessa natureza, é preciso dispor de profissionais que possuam múltiplas habilidades, que saibam gerir a interdependência e manter o equilíbrio diante de cenários ambíguos, complexos e paradoxais. Têm de saber dirigir equipes que não estão sob seu controle. Seu papel é evolutivo e experimentador, e exige-se que eles impulsionem a aprendizagem e o desenvolvimento, como um "coach" . Podemos identificá-lo como um "animal curioso" que questiona a realidade de cada momento e que sabe inter-relacionar conhecimentos e experiências. É um homem que busca a si mesmo e junta ciência e arte, assim como tecnologia e humanismo. Sabe tirar proveito de um e de outro. É como aquele homem medieval que era soldado, mercador, poeta, cientista e artista. A diferença fundamental talvez esteja no fato de que agora esse papel também pode ser desempenhado pela mulher e, talvez pela superioridade de seu componente feminino em relação ao homem, ela esteja mais bem preparada para administrar tal complexidade. Estamos, pois, diante de uma nova revolução nas empresas. já não se trata de as organizações determinarem como as pessoas vão trabalhar. Agora são as pessoas que irão determinar o modo como uma organização deve trabalhar. Poderíamos dizer que a organização em si já não existe e que o que há é o "organizar-se continuamente". Essa evolução é impulsionada pelas pessoas que buscam um futuro a todo momento: os intra-empreendedores. São eles que vão impulsionar esse "fluir" da organização, que tem de se mover em mercados cada vez mais voláteis e com limites cada vez mais esfumados. Em síntese, podemos dizer que a Pessoa do Renascimento:
Voltando um pouco, podemos descrever de forma resumida a evolução do empresário ao intra-empreendedor. A Teoria Empresarial desenvolve o critério de empresa como unidade de decisão que permite fixar fins e objetivos [sic] que serão postos em prática pela unidade de transformação. Dessa forma, a teoria empresarial reconhece a importância da função organizacional e diretiva exercida por uma pessoa ou uma equipe, o que implica que a própria evolução da empresa depende, em grande medida, da capacidade organizacional, intuitiva e empreendedora do empresário. Os precursores na abordagem da atividade empresarial e da liderança foram o francês de origem irlandesa Cantillon (1680-1734) e o inglês Steuart [Stewart?] (1712-1780). Foi Cantillon, precursor dos fisiocratas e de Smith, quem introduziu pela primeira vez o termo francês "entrepreneur" (o significado literal é "empreendedor", embora venha sendo traduzido por "empresário", que em francês é "chef d''nterprise"). Mais adiante, Schumpeter (1883-1950), em sua obra, ao referir-se à figura do empresário, destaca em relação a ele:
Baumol (1968) nos fala do empresário-empreendedor, "aquele que localiza [sic] novas idéias e as põe em prática. Deve conduzir, talvez até inspirar; não pode permitir que as coisas sejam feitas de modo rotineiro, e para ele a prática presente nunca é suficientemente boa para o futuro". É o inovador shumpeteriano e algo mais. Talvez um líder. Também na linha do intra-empreendedor, que veremos um pouco mais adiante. Essa figura do empresário-líder, que é determinada pela tríplice faceta de gestor-estrategista-inovador, também tem sido abordada mais recentemente por autores como Porter (1980 e 1985), Peters (1988) ou Boldt (1989). Quanto ao uso do termo intra-empreendedor ou empreendedor interno, um de seus precursores foi MacRae, vice-editor de The Economist(1). MacRae nos diz em seu artigo que já se foram os tempos da grande empresa tal como a conhecemos e que é preciso um esforço empreendedor no seio da grande organização. Alguns anos mais tarde, Pinchot III(2) cunhou o termo "intrapreneurship" para descrever a atividade empreendedora realizada no seio das grandes corporações, iniciando-se a partir desse momento uma corrente de pensamento que desenvolveu esse conceito nos últimos anos. Para esse autor, o intraempreendedor é aquele que assume a responsabilidade de criar inovações de qualquer tipo dentro de uma organização. "É o sonhador que pensa num modo de transformar uma idéia numa realidade rentável." Ou seja, estamos falando do homem das idéias, que sabe explorá-las rapidamente. Peters e Waterman (1983), quando apontam os atributos das empresas excelentes, indicam que elas costumam ter, além de um executivo máximo, cuja influência se estende por toda a organização, uma série de inconformistas que se envolvem em atividades alheias aos canais estabelecidos para a tomada de decisões hierarquizada. Resumindo, podemos dizer que um intra-empreendedor costuma representar uma série de papéis dentro da organização, como é mostrado no seguinte esquema. [1] Planejador [2] Inovador [3] Líder [4] Empreendedor [5] Agente de mudança [6] Impulsionador [7] Aventureiro Queremos refletir aqui, de forma sintética, as competências diferenciadoras e críticas que um intra-empreendedor tem de ter, dando uma definição resumida de cada uma delas. Estamos falando de pessoas que sabem com clareza o que querem e se antecipam aos acontecimentos. Por outro lado, sabem como conseguir os apoios necessários e ao mesmo tempo potencializam seus colaboradores e os encaminham para objetivos que vão além daqueles que uma trajetória normal da empresa exigiria. Autoconfiança. Consciência de que se é capaz de realizar com sucesso uma atividade, de escolher o enfoque adequado para desenvolver um trabalho ou de resolver um problema. Iniciativa. Predisposição para agir de forma pró-ativa, antecipando-se aos acontecimentos. Identificação com a empresa. Capacidade e vontade de orientar os próprios interesses e comportamentos para as necessidades, objetivos e prioridades da organização. Orientação para a realização. Preocupação em realizar bem o trabalho, ultrapassar padrões ou metas pessoais estabelecidas; para si mesmo. Compreensão interpessoal. Habilidade para escutar e entender pensamentos, sentimentos e preocupações dos outros, mesmo que não tenham sido expressos verbalmente. Impacto e influência. Intenção e capacidade de convencer, persuadir e influenciar os outros, a fim de que alcancem seus próprios objetivos. Desenvolvimento de pessoas. É o esforço constante para desenvolver as outras pessoas a partir de um estudo das necessidades próprias e da organização. É a intenção de facilitar sua aprendizagem de forma contínua. Trabalho em equipe. Intenção e capacidade de colaborar e cooperar com os outros, de fazer parte de um grupo e de trabalhar junto com outras pessoas. O espírito criativo e inovador que questiona modos de pensar e de fazer não é válido somente para empreender por si mesmo ou com outros uma tarefa. Ele também é necessário dentro das empresas e não apenas no seu topo. Não há dúvida de que é preciso possuir capacidade crítica e até um "espírito renascentista", mas, além disso, deve haver uma cultura, ou melhor, alguns valores que impulsionem o aparecimento, o fortalecimento e o desenvolvimento dessas figuras. Os intraempreendedores são o esteio que materializam a liderança no trabalho de recriação das empresas. José Mana G~ Citações bibliográficas (1) MacRae, Norma (1976), The coming entrepreneurial revolution ", The Economist Winter, 1976. (2) Pinchot III, G. (1985), Intrapreneuring. Why you don'' bave to leave the corporation to became an entrepreneur; Harper & Row, Nova York.
PARA REFLETIR A FLORESTA Um lenhador percorre há anos a mesma floresta. Diariamente, ele observa com cuidado as árvores e cada detalhe da mata que fazem com que seu trabalho seja o mais produtivo possível. E, assim, ele vai ganhando seu sustento com determinação e paciência. Certo dia, o lenhador encontra um sábio meditando na floresta, e os dois começam a conversar. O lenhador resolve contar o quão difícil é seu trabalho diário, sua cansativa rotina de cortar a lenha, carregá-la até a cidade e encontrar um comprador para conseguir algum dinheiro. Durante a conversa, o sábio pergunta se ele conhece toda a floresta. O rapaz lhe responde: - Mais ou menos... O sábio, então, lhe diz: - Avance, meu filho, existem muitos tesouros esperando por você! Durante anos, quando os dois se encontram, a saudação do mestre é sempre a mesma: - Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você! Certo vez, o lenhador, diferentemente dos dias anteriores, decide seguir os conselhos do sábio e entra na floresta, numa área ainda não explorada. Ele olha ao redor e fica maravilhado. Tudo o que vê é diferente, os animais, as árvores e as flores. Para sua surpresa, ele encontra uma mina de prata. Apanha um pouco do metal e, com a venda, consegue dinheiro suficiente para sobreviver uma semana. Todas as semanas ele vai até a floresta, feliz com a mina de prata. Agora tudo de que precisava era trabalhar uma vez por semana. Porém, sempre que encontrava o sábio, ele sorria e dizia: - Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você. Até que um dia resolveu aceitar a provocação do mestre e foi além da mina de prata, passando por outras vegetações e, de repente, se deparou com uma mina de ouro. Extraiu o quanto pôde do valoroso minério e depois vendeu no mercado da cidade. Era a maravilha das maravilhas, pois tinha dinheiro para um ano de vida. Todos os anos, o ex-lenhador ia até a floresta, feliz com a mina de ouro. Agora só precisava trabalhar uma vez por ano. Porém, sempre que encontrava o sábio, este sorria e dizia: - Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você. O ex-lenhador mostrava-se muito tranqüilo, pensando que já tinha conseguido tudo o que poderia imaginar. Até que novamente resolveu aceitar a provocação do mestre e foi além da mina de ouro, chegando até um local de beleza surpreendente, onde encontrou uma mina de diamantes. Pegou a pedra mais linda que encontrou, levou-a até a cidade e conseguiu dinheiro para nunca mais ter de trabalhar. Muitos anos mais tarde, contando para seu filho a história da sua riqueza, ouviu a seguinte pergunta: - Pai, por que você continua indo à floresta todos os dias, mesmo sem precisar mais de dinheiro? O velho olhou-o com ternura e, sorrindo, disse: - Eu gosto de pensar que sempre existe um novo tesouro para encontrar! O empreendedor sempre tem o senso de procurar um tesouro no próximo movimento. Isso alimenta seu espírito e aquece seu coração. Na semana que vem vamos escrever sobre liderança, que diz respeito a motivar as pessoas para investir em seu empreendimento. Investir não somente o dinheiro e a energia, mas principalmente investir a vida, Espero que você coloque em prática o que elaborou com esta leitura, pois sucesso é conhecimento colocado em ação. Lembre-se do que disse o mestre: - Avance, ainda existem muitos tesouros esperando por você! Boa semana! Roberto Shinyashiki |
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