Planejamento Estratégico Em Organizações Do Terceiro Setor
Pesquisas Acadêmicas: Planejamento Estratégico Em Organizações Do Terceiro Setor. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: cclaudinei • 2/7/2014 • 4.778 Palavras (20 Páginas) • 399 Visualizações
VI SEMEAD Estudo de Caso
ADM. GERAL
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: O CASO DO INSTITUTO DE ESTUDOS E ORIENTAÇÃO À FAMÍLIA
Marcelo Tyszler
Equipe Técnica do CEATS/FIA/FEA/USP
Centro de Empreendedorismo Social e Adminsitração em Terceiro Setor
Graduando em Administração de Empresas
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Universidade de São Paulo
marcelo@tyszler.com.br
9233-1344 / 3884-9836
Edson Ricardo Barbero
Professor da Universidade Bandeirante de São Paulo
Mestrando em Administração de Empresas
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Universidade de São Paulo
barbero@usp.br
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: O CASO DO INSTITUTO DE ESTUDOS E ORIENTAÇÃO À FAMÍLIA
RESUMO
O objetivo deste artigo é descrever um caso de aplicação da técnica Planejamento Estratégico em uma organização do Terceiro Setor. Conquanto se saiba da impossibilidade de generalização a partir dos dados coletados, lista-se um conjunto de recomendações práticas aplicáveis às instituições sem fins lucrativos.
A metodologia utilizada no trabalho foi a observação participativa em que, concomitante a um trabalho de consultoria, levantou-se informações sobre as dificuldades e os fatores de sucesso para o Planejamento Estratégico e a posterior implementação dos planos. O trabalho foi realizado em duas fases: a primeira no momento do planejamento e a segunda visando avaliar a consecução das metas e ações estabelecidas.
Constatou-se que, apesar das dificuldades das organizações do Terceiro Setor em implementar técnicas administrativas, algumas sugestões simples podem gerar benefícios significativos à gestão das instituições sem fins lucrativos.
INTRODUÇÃO
Terceiro setor pode ser entendido, de acordo com Salomon apud Falconer (1999), como as organizações formais, privadas, não distribuidoras de lucro, autônomas, voluntárias e de finalidade pública. Mesmo com os constantes debates a respeito da definição das organizações que pertencem a esse grupo, não há dúvidas de que representam uma quantidade relevante de organizações no mundo e no contexto brasileiro. De acordo com a Rits – Rede de Informações para o Terceiro Setor - há cerca de 250 mil Organizações da Sociedade Civil (OSC) no Brasil, empregando aproximadamente 1,5 milhão de pessoas.
Nota-se que o tema Organizações de Terceiro Setor ganhou a atenção de estudantes, mídia e pesquisadores. Nesse crescente interesse, um dos aspectos a serem destacados é o da gestão dessas organizações, especialmente no tocante à sua estratégia. Drucker (1997:XIV) afirma que “há quarenta anos, ‘gerência’ era um ‘palavrão’ nas organizações sem fins lucrativos. ‘Gerência’ significava ‘negócios’ e elas não eram empresas. (...) Mas as próprias instituições sem fins lucrativos sabem que necessitam ser gerenciadas exatamente porque não têm lucro convencional.”
Isso reforça o pressuposto de que com o crescimento dessas organizações e o com a intensificação do interesse da sociedade civil sobre elas, passa-se a exigir uma profissionalização e uma estruturação de seu funcionamento através de ferramentas de gestão. Tal profissionalismo e estruturação passam a ser fatores essenciais e de diferenciação para atração de investimentos, relacionamento com empresas e ampliação do escopo de atuação.
Dentre as diversas ferramentas de gestão, uma que permite uma organização e análise do ambiente estruturadas é a ferramenta de Planejamento Estratégico (PE). Planejamento Estratégico pode ser definido como “uma técnica administrativa que procura ordenar as idéias das pessoas, de forma que se possa criar uma visão do caminho que se deve seguir” (ALMEIDA, 2001:13).
O uso de uma ferramenta como essa se torna muito importante para as organizações de Terceiro Setor uma vez que a adoção de um método sistemático de definição de objetivos, estratégias, políticas e planos de ação traz a estas organizações diversas vantagens potenciais, tais como a possibilidade de examinar o ambiente externo de maneira sistemática e aprofundada, a existência de um veículo através do qual os dirigentes podem refletir sobre a forma de gestão e os caminhos a seguir, a possibilidade de realizar previsões sobre a ambiência e capacitações internas etc.
O presente artigo tem por objetivo: (1) Descrever, sucintamente, a técnica de Planejamento Estratégico adaptada à realidade das organizações do Terceiro Setor com base no exame de uma literatura ainda incipiente; (2) Apresentar um caso prático em que se demonstra a aplicabilidade e dificuldades do uso desta técnica nas organizações do Terceiro Setor e (3) Tecer recomendações práticas com base na literatura e na prática estudada.
O caso prático que se apresenta aqui é o do INEF (Instituto de Estudos e Orientação à Família) que é uma organização não governamental (ONG) criada há 30 anos com sua competência central associada à psicologia. Seu campo de atuação, desde 1972, é auxiliar pessoas e famílias de baixa renda no trato de seus problemas psicológicos. Além disso, o INEF figura como um centro de estudos auxiliando profissionais em sua atualização.
Para a realização do estudo, partiu-se da implementação do processo de Planejamento Estratégico desenvolvido de setembro a dezembro de 2000 por um dos autores através de um projeto de consultoria. Desenvolveu-se, posteriormente, uma análise da aplicação das ações planejadas em termos de: que dificuldades foram encontradas pelos dirigentes no Planejamento e na implementação do plano e como o Planejamento Estratégico contribuiu para a gestão do INEF. Assim, a coleta de dados seguiu o método da observação participativa, por obter as informações concomitantemente à execução de determinadas atividades dentro da própria organização.
Cabe
...