A CONJUNTURA VENEZUELANA À LUZ DE SIMÓN BOLÍVAR
Por: Camila Vicentini • 8/3/2019 • Resenha • 1.055 Palavras (5 Páginas) • 282 Visualizações
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CEJURPS - CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DISCIPLINA: INTEGRAÇÃO REGIONAL
PROFESSOR: DANIEL CORREA
ALUNO (A): CAMILA MARIA NUNES VICENTINI
A CONJUNTURA VENEZUELANA À LUZ DE SIMÓN BOLÍVAR
O Bolivarianismo é uma doutrina política de origem latino-americana com princípios integracionistas, socializantes e de não dominação, fundada pelo general venezuelano Simón Bolívar durante sua luta em prol da independência de alguns países da América Latina no século XIX. Durante sua corrida em busca de liberdade e integração, Bolívar registrou suas experiências e compartilhou através de manuscritos.
Bolívar entendia que o poder seria eficazmente exercido se houvesse união concreta entre as nações do território latino-americano (até mesmo como proteção contra as forças espanholas), razão pela qual sucedeu, em 1826, o Congresso do Panamá onde projetou a formação de uma “Confederação de países”, sonho que acabou não se concretizando. Nos anos seguintes, após diversas críticas e entraves, abriu mão da presidência da “Grã-Colômbia” e em 1830 faleceu vítima de tuberculose, além disso, perdeu toda a sua riqueza devido aos investimentos que fazia em guerras pela independência.
À frente de sua época, os escritos deixados por Bolívar deixam evidente o caráter integracionista que o envolvia. Segundo Simón, o sistema de governo perfeito é aquele que produz, simultaneamente, felicidade, segurança social e estabilidade política. Era, também, adepto ao fim da escravidão e da separação entre Estado e Religião. Intitulava-se como democrata, mas afirmava que a centralização do poder era excepcionalmente necessária, principalmente, devido à recém-independência dos países sul-americanos. Ademais, criticava a má administração das rendas públicas.
Em seus manuscritos, Bolívar discorre sobre a Venezuela do século XIX em diversos momentos, em maior parte, sobre os esforços e as dificuldades em manter sua soberania frente à opressão espanhola. Cita, inclusive, sobre o período em que houve a “queda” do país, especificando os motivos que levaram a Venezuela à sua destruição, os principais são: a natureza de sua formação (favorável a seus opostos), o espírito de filantropia que envolveu os governantes, a oposição ao estabelecimento de um corpo militar e a existência de facções internas. No período em questão, os erros apontados por Bolívar servem para sinalizar outras nações de possíveis ameaças à soberania, de modo que essas não repitam os mesmos erros.
A situação da Venezuela não parece estar muito diferente no século XXI, o país vive uma complexa crise política e econômica, que se arrasta por mais de quatro anos.
No centro da crise está o governo de Nicolás Maduro, eleito pela primeira vez em abril de 2013 e reeleito em 2018 por meio das eleições presidenciais ocorridas em 20 de maio, onde foram realizadas também eleições dos conselhos legislativos estaduais e municipais venezuelanos. Em seu novo mandato, Maduro tem como maior desafio pacificar o país, que se encontra conturbado pelos protestos oposicionistas e assolado por uma guerra econômica, que causa desabastecimento de alimentos e produtos básicos.
A falta de Chávez, entretanto, fortaleceu a oposição, que não deu descanso ao governo Maduro, primeiro não reconhecendo sua vitória, com tentativas constantes de tirá-lo do poder por meio de referendo ou promovendo protestos, pois, conforme previsto na Constituição venezuelana, um presidente pode ser retirado do poder por votação popular.
Desde as eleições, a instabilidade no país se intensificou cada vez mais, atingindo seu momento de maior tensão com ameaças diretas de intervenção dos Estados Unidos. Isso aconteceu depois que o então líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente interino da Venezuela, declarando estar ocupando um cargo que fora usurpado e reclamando novas eleições livres.
As ruas de Caracas foram tomadas por manifestantes pedindo também a queda do presidente. Maduro já declarou que não renunciará e que “vai ao combate”. Desde então, 14 países, dentre eles o Brasil, já reconheceram Guaidó como presidente, e outros oito seguem apoiando o atual governo. Enquanto isso cresce os protestos e o número de pessoas que já tenham morrido em decorrência da repressão[1].
Além do mais, as tensões ocorrem de uma forma natural como resposta a um rastro de corrupção que fora deixado por governos anteriores, principalmente na área relacionada ao petróleo. A população temia também a uma reforma constituinte proposta, acreditando que esta boicotaria as eleições e perduraria o governo Maduro.
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