A IMPORTÂNCIA DA TEORIA PARA A FORMAÇÃO INTELECTUAL

N1- A IMPORTÂNCIA DA TEORIA PARA A FORMAÇÃO INTELECTUAL

                                           

Ingrid Celine Bezerra Santos

A teoria em si tem suas várias definições de acordo com o campo em que ela está inserida. Para alguns, a teoria está apenas ligada à prática de ler e pensar, e não que isso não faça parte da teoria e deixe de ser importante na área, mas vai além disso. Dentro das relações internacionais, há problemas na visão de uma única teoria, pois existem muitos aspectos possíveis sobre o que configura e quais objetivos tem esse campo do conhecimento. Sendo assim, o combo de teorias que procuram explicar as relações internacionais é extremamente complicado.

Ao estudar as relações internacionais, não existe apenas um modelo de explicação que seja aceito pelos diferentes pesquisadores. Carvalho diz que alguns dos principais modelos teóricos podem ser analisados, sempre que possível, por um ponto de vista histórico, pois alguns dos atos históricos indicam que, para dadas ocasiões, algumas visões teóricas são mais convenientes para o estudo das relações internacionais do que outras. Para Seitenfus “[...] as relações internacionais (RI) definem-se como o conjunto de contatos que se estabelecem através das fronteiras nacionais entre grupos socialmente organizados (2004, p. 2)”.  Assim, internacionais são acontecimentos que ultrapassam as fronteiras de um Estado, fazendo com que se relacionem entre si elementos individuais ou coletivos, privados ou públicos. Com esse critério aumenta tanto a extensão de atores que tomam parte da RI quanto o foco a ser estudado. Sendo assim, a ideia de que os estudos das relações internacionais seriam limitados só a análise da ação externa dos Estados seria descartada, pois sabemos que existem muitos atores envolvidos no campo internacional. Seitenfus apresenta que o desempenho externo dos Estados e dos distintos atores internacionais não terá de ser percebido sem a necessária avaliação das condições internas que a motivam, já que existe uma ampla ligação entre a concepção ideológica de um governo e sua atuação internacional.

Para Bell Hooks, a teorização a partir da luta e da dor pode ter uma capacidade de melhora e liberdade coletiva, em que a prática e a teoria estão juntas. Hooks, usando de exemplo à própria vivência e outros estudos, argumentou que as crianças podem ser grandes teóricos, uma vez que são capazes de fazer perguntas e pôr em dúvidas algumas questões que na vida adulta naturalizamos, como o racismo e o sexismo. Também destaca a importância de teorias partilhadas de forma tanto oral como escrita. Sobre seu pensamento relacionado a teoria feminista, Hooks afirma: “Para mim, essa teoria nasce do concreto, de meus esforços para entender a vida cotidiana, de meus esforços para intervir criticamente na minha vida e na vida de outras pessoas” ( bell hooks, Ensinando a transgredir, p. 97). Dessa forma, procura deixar a teoria feminista disponível para públicos diferentes, o que resulta na oportunidade de acesso ao feminismo por mais pessoas.

Em conclusão, o uso dessas duas citações de Hooks é de suma importância: “[...] Para mim, a teoria nasce do concreto, de meus esforços para intervir criticamente na minha vida e na vida de outras pessoas. [...]” (hooks, 2017); e sobre a formação intelectual, ela conclui: “Sem jamais pensar no trabalho intelectual como de algum modo divorciado da política do cotidiano, optei conscientemente por tornar-me uma intelectual, pois era esse trabalho que me permitia entender minha realidade e o mundo em volta, encarar e compreender o concreto. Essa experiência forneceu a base de minha compreensão de que a vida intelectual não precisa levar-nos a separar-nos da comunidade, mas, antes, pode capacitar-nos a participar mais plenamente da vida da família e da comunidade.”(hooks, sem data, online).