CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO EUROCETICISMO
Por: Mylena Dorta • 9/4/2019 • Artigo • 1.839 Palavras (8 Páginas) • 175 Visualizações
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
DO EUROCETICISMO
SÃO PAULO
2018
INTRODUÇÃO
Para todos que tem acesso a informação, é sabido que a União Européia, que sempre foi símbolo de uma integração política e econômica com bons resultados, hoje, não leva mais essa fama. A desconfiança do bloco vem numa crescente muito forte nos Estados-Membros e diversos fatores fazem com que os europeus viabilizem uma retirada da União.
Desde a crise de 2008 nos Estados Unidos, conhecida como subprime, a Europa vem tentando melhorar sua economia. Como isso deveria ser um dos objetivos da UE e os resultados não agradam os países, a conseqüência esta sendo uma onda cética levando consigo o crescimento dos partidos intolerantes e xenofóbicos.
REVISITANDO A HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA UNIÃO EUROPEIA
Após a Segunda Guerra Mundial os países europeus bombardeados encontravam-se em situação de reconstrução. Era necessário recomeçar sua economia, reorganizar o comércio e assegurar a paz entre as fronteiras. Em conseqüência disso, foi proposto um primeiro acordo viável que representou uma iniciativa de cooperação econômica e política entre os países da Europa.E assim, em 1951, o bloco, primeiramente formado pela Alemanha e França e logo após unido ao Benelux (que era composto por Bélgica, Holanda e Luxemburgo), foi assinado no Tratado de Paris e chamado de Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA).
Com o resultado positivo desse acordo, os países resolveram ampliá-lo e assinaram então o Tratado de Roma que instituiu a Comunidade Econômica Européia (CEE) e a Comunidade Européia de Energia Atômica (CEEA). A CEE foi uma importante organização internacional, pois fez parte do processo de integração econômica da Europa, gerando um mercado comum.
O povo, juntamente aos políticos dos Estados-Membros do Tratado de Roma constatou que para a efetivação deste, era necessário uma melhoria nas regras de funcionamento e na cooperação política. Deste modo, foi assinado o Ato Único Europeu (AUE) por nove Estados-Membros, compostos agora por Itália, Grécia e Dinamarca também. Com isso, a Comunidade Européia passou a ter maior liberdade no comércio e na circulação de pessoas e mercadorias.
Mais tarde, em 1993, em um novo tratado (que teve o nome de Tratado de Maastricht) alterou-se o nome do bloco. A Comunidade Econômica Européia passou a chamar-se União Européia (UE) e finalmente todos os objetivos do Mercado Comum foram atingidos. Durante este tratado também foram criados a Cidadania da União e o Euro. A Cidadania da União garantia o titulo de europeu para todas as pessoas que nascessem em um dos Estados- Membros e o euro era a nova moeda única para os países.
Para garantir os direitos fundamentais dos cidadãos foi desenvolvido a Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia que obriga as instituições e os Estados que fazem parte da UE a respeitarem essa Carta.
Sendo assim, a União Européia, que iniciou-se como uma instituição basicamente para fins econômicos, hoje, como um ator global, une também interesses políticos e sociais agindo através do multilateralismo.
CRITICAS SOBRE A INTEGRAÇÃO DA EUROPA
Para a cientista política Ana Paula Tostes (2009) as instituições regionais são novos atores também da política nacional dos países europeus envolvidos no processo de integração da Europa. Os Estados-Membros da UE atravessam crises nacionais que, por conseqüência, expressam um crescimento do regionalismo.
Hoje, a União Européia não é mais vista com positividade e com bons resultados como era no inicio. Existe uma grande onda de euroceticismo crescendo cada dia mais. Uma pesquisa de opinião publica da Comissão Européia (“Eurobarometer”, 2013) mostrou que 28% dos interrogados consideravam a UE como negativa e os outros 31% como positiva. Desde então os números de opinião negativa aumentaram, uma possível tendência desde a crise de 2008. Os eurocéticos não acreditam na integração tanto política como econômica da UE. Kramer (2012), por exemplo, afirma que o bloco passa por uma grave crise política, na qual desconhece o seu objetivo e que seus lideres não são capazes de criar nenhuma “visão estratégica”.
Há variáveis que podem de certa forma, explicar o por que dessa atitude cética da população: A maior e mais popular, por conseqüência da crise que atravessa o território europeu, é a econômica, onde é possível encontrar dividas publicas, recessões econômicas, sistema bancário frágil e por ultimo mas talvez o mais alarmante, o desemprego com taxas muito altas (Copsey e Haughton (2012) e Lane (2012);as outras variáveis são a violência e imigração.
Mesmo a crise atingindo toda a União, os países PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) apresentaram as taxas mais negativas de crescimento em relação a taxa dos demais países e suas dividas publicas identificam-se com uma das causas da crise (chamada de crise dos endividados). Esses países simbolizam a contradição em relação a Comissão Européia que apresenta discursos otimistas na gerencia de seus Fundos Estruturais e de Investimento Europeu.
Acredita-se que a UE não tem capacidade de enfrentar questões em que há uma estratégia para o desemprego, a violência e a população imigrante (Jochen Bittner (2010)).
A insatisfação com os rumos econômicos e políticos por expressiva parte da população acabam levando esse contingente populacional a se identificar pelos discursos ideológicos conservadores e extremistas dos partidos que tem essa perspectiva ultranacionalista.
O grande fluxo migratório de pessoas procurando melhores condições de vida nos países que compõe o bloco europeu também é um forte argumento para o desligamento de seus países da UE.
Essa desconfiança da população em relação a um Estado supranacional e até com seus lideres nacionais, reflete diretamente nas eleições e no comportamento da população.
BREXIT - EXEMPLIFICAÇÃO DO EUROCETICISMO
O “British exit” (saída britânica em português), mais conhecido como Brexit, condiz exatamente com a tendência eurocética crescente. Foi consolidado num referendo popular em 2016, porém sua saída foi agendada para 2019 para que os países e o bloco possam se
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