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CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PROBLEMÁTICA INFLUÊNCIA DA ORDEM DE VIENA PARA O IRROMPIMENTO DA PRIMEIRA GUERRA

Por:   •  13/11/2017  •  Ensaio  •  1.623 Palavras (7 Páginas)  •  309 Visualizações

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CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PROBLEMÁTICA INFLUÊNCIA DA ORDEM DE VIENA PARA O IRROMPIMENTO DA PRIMEIRA GUERRA

Thiago Pereira da Silva Lima1

RESUMO: Este ensaio tenciona analisar os cem anos – de 1814 a 1914 – que perduraram do Congresso de Viena até o início da Primeira Grande Guerra, tendo em vista como a Ordem de Viena pode ter contribuído para uma suposta instabilidade sistêmica que se instalou na Europa e como tal pensamento e uma nova noção de nacionalismo ajudaram na deflagração da 1ª GM2. Os pensamentos ora expostos se baseiam à luz dos diferentes contextos históricos e, das especificidades das épocas e países – considerando o texto A Ordem de Viena de Jessica Ausier da Costa como diálogo para o questionamento sobre a contribuição da Ordem de Viena para a preservação da paz europeia.

Palavras-chave: Congresso de Viena, instabilidade sistêmica, ordem internacional, paz europeia, Primeira Guerra Mundial.

1. INTRODUÇÃO

O início do século XIX é caracterizado pela queda do império napoleônico (1799-1815) e, em seguida, pelo Congresso de Viena – evento reacionário que reuniu diversas potências na tentativa de retomar o antigo regime [absolutista] e “apagar” os feitos de Napoleão. Assim, internacionalistas definem o ano da queda [1815] basicamente por três importantes marcos cronológicos: “as resoluções do Congresso de Viena [...], as mudanças políticas e econômicas na Europa [...], [e] a criação, pelo Concerto Europeu, de novas regras e condutas internacionais”3.

O Congresso de Viena, onde está situada a base deste ensaio, ocorreu na capital austríaca no período entre outubro de 1814 até junho de 1815 e tinha como principais objetivos: instituir um novo ordenamento internacional na Europa, a Ordem de Viena; e, refazer a Carta Europeia após a queda do Império Francês. Neste ensaio, eu pretendo me debruçar sobre um desses objetivos: a Ordem de Viena. Deste modo, a ideia principal é tentar entender como esta ordem contribuiu para irromper a Primeira Grande Guerra e, até que ponto esse novo ordenamento cumpriu o seu dever de manter a paz europeia.

2. O CONGRESSO E A ORDEM DE VIENA

Durante o império francês, o sistema de equilíbrio europeu foi brutalmente interrompido, visto que, “Napoleão transformou as estruturas sociais da Europa Ocidental e, em parte, da Europa Central”4. O principal objetivo do imperador francês [motivado por ideais liberais] era destituir o absolutismo francês enquanto auxiliava na sustentação de conquistas da burguesia. A queda de Napoleão, em 1815, marcou mais uma ruptura no sistema europeu. Neste momento, no entanto, cinco potências acreditavam ser capazes de resolver as diversas questões europeias deixadas pelo imperador.

Deste modo, o Congresso de Viena, formado por essas cinco potências [Áustria, Rússia, Prússia, Reino Unido e França], se empenhou em tentar apagar toda a história da França sob o comando de Napoleão e, se firmar novamente no antigo regime absolutista. As conquistas do Congresso podem ser entendidas pela Ordem por eles proposta que, de acordo com Watson5, é definida como uma ordem de hegemonia difusa – que seria um exercício da autoridade por um grupo de Estados. Dessa forma, o autor desenvolve a ideia de que

As cinco potências não confiavam umas nas outras para intervir unilateralmente a fim de lidar com ameaças à paz e à segurança; mas, nos casos em que concordaram em agir juntas, ou pelo menos aquiesceram em agir após consulta, elas puderam exercer coletivamente uma hegemonia difusa que nenhuma concordaria em que outra exercesse sozinha. Elas podiam ditar a lei juntas e, [...] também podiam emendar a lei. A harmonia entre elas orquestraria um concerto da Europa.6

O surgimento deste novo ordenamento internacional dá-se através da assinatura do primeiro Tratado de Paris, em 30 de maio de 1814, na medida em que se estabeleceram três princípios desta Ordem: a restauração, a solidariedade [entre monarcas] e, a legitimidade. O primeiro princípio, a restauração, resume-se na recuperação das fronteiras europeias e na devolução das antigas monarquias, despostas por Napoleão, aos seus antigos monarcas. O segundo, a solidariedade, entende-se que as potências deveriam ter um comprometimento com a preservação da harmonia. E, por último, a legitimidade, sustenta-se a ideia de que só poderiam constituir um governo legítimo, os príncipes de uma família dinástica conhecida.

3. A ORDEM DE VIENA CONTRIBUIU PARA A PAZ EUROPEIA?

Entendido o papel exercido pelo novo ordenamento internacional, a sociedade europeia exibe-se como um sistema de cooperação comandado por cinco potências. Esta ordem abandona “tanto a imposição unilateral de força de uma potência singular como a prevalência de múltiplas independências sobre as Relações Internacionais”7. Desta forma, eu tomo duas posições: sim, a Ordem contribuiu para a paz europeia, ao ponto que, conseguiu manter uma relativa paz e harmonia na Europa durante cem anos – desde o Congresso de Viena até “a maior guerra do mundo moderno”8. E, também não, em vista que, este acordo também proporcionou as bases para o irrompimento da Primeira Grande Guerra.

Deste modo, eu relaciono as duas posições e as transformo em apenas uma. Em minha opinião, normalmente, estas duas percepções são analisadas separadamente e isso constitui um diagnóstico errôneo, ao ponto que, elas se relacionam e não podem ser definidas como polos totalmente opostos. Eu defendo a minha primeira posição, argumentando que, a Ordem manteve o equilíbrio europeu e não permitiu o surgimento de uma única potência, enquanto, não fracassou em manter a paz por cem anos. Entretanto, por outro lado, vizualizando a minha segunda posição, neste mesmo período os países estavam ampliando seus exércitos, alimentando uma corrida armamentista e, assim, também produzindo novas armas.

Ainda assim, mesmo com o aumento da produção de armas durante esse período, a Ordem foi capaz de preservar o equilíbrio europeu, basicamente, pelo receio. Entende-se que nenhum Estado europeu atreveria-se a atacar outro país, “pois sabia que teria como resposta a repressão dos signatários do Congresso. Em outras palavras, cada país se sentia ameaçado pelos demais membros”9. Assim, a estabilidade também se preservava, pois, as potências reconheciam a força coletiva como essencial para manter e modificar o acordo.

4. O FIM DA ORDEM DE VIENA E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, eu considero completamente

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