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O Poder da política Internacional

Por:   •  7/11/2016  •  Bibliografia  •  2.708 Palavras (11 Páginas)  •  338 Visualizações

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CARR Capítulo 8 - O Poder da política Internacional

Nem todas as relações entre estados são "políticas". Quando os estados cooperam entre si para manterem serviços postais, ou de transportes, ou para prevenirem o alastramento de epidemias, ou ainda para suprimirem o tráfico de entorpecentes, essas atividades se denominam “não políticas” ou “técnicas”.

Mas qualquer assunto que envolva o poder de um estado com relação ao outro se torna imediatamente “político”. Embora não se possa definir a política exclusivamente em termos de poder, é seguro dizer-se que o poder é sempre um elemento essencial da política.

"A política começa onde estão as massas", disse Lênin, "não onde estão os milhares, e sim os milhões, é aí onde começa a política séria!”.

A "política de poder" era vista como uma marca dos velhos tempos ruins, e tornou-se uma expressão injuriosa. O motivo para esta crença ter persistido por mais de dez anos foi o fato de que as grandes potências, cujo principal interesse era a preservação do status quo, detinham, durante todo o período, um virtual monopólio do poder.

Nos assuntos da Liga das Nações, a igualdade formal e a participação de todos no debate não tornaram o fator poder nem um pouco menos decisivo.

A força é um elemento essencial da política. O poder é um instrumento indispensável do governo. O controle efetivo de todo governo depende da fonte de seu poder.

Sob qualquer sistema internacional de governo, a política dependeria, nos momentos críticos, da decisão do Estado que suprisse as forças das quais a autoridade do governo dependesse.

Quais os três tipos de poder político definidos por Carr?

Segundo Carr, existem três tipos de poder político: o poder militar, o poder econômico e o poder sobre a opinião.

MILITAR: A suprema importância do instrumento militar repousa no fato de que a ultima ratio do poder, nas relações internacionais, é a guerra. Todo ato do Estado no aspecto de poder está dirigido para a guerra, não como uma arma desejável, mas como uma arma que pode ser de necessária utilização como último recurso. Clausewitz, militar do Reino da Prússia, dizia: "a guerra não é nada mais do que a continuação das relações políticas por outros meios”.

A diplomacia é definida como "a guerra em potencial". Sendo a guerra em potencial, portanto, um fator dominante na política internacional. O poderio militar torna-se um padrão aceito dos valores políticos. Toda grande civilização do passado desfrutou, em sua época, de uma superioridade de poder militar. Qualquer sintoma de ineficiência ou despreparo militar numa grande potência, reflete-se imediatamente em status político. A moral de que a política externa jamais pode ou jamais deveria divorciar-se da estratégia. A política externa de um país se limita não somente por seus objetivos, mas ainda por sua força militar, ou, mais precisamente, pela razão entre sua força militar e a dos outros países. Nenhum governo pode permitir-se divulgar informações completas e francas acerca de sua própria força militar, ou todo o conhecimento que possui sobre a força militar dos outros países. As discussões públicas sobre política externa são, portanto, conduzidas na ignorância total ou parcial de um dos fatores que devem ser decisivos para determiná-la. O poder militar, sendo um elemento essencial na vida do Estado, torna-se não só um instrumento, mas um fim em si mesmo. Poucas dentre as guerras importantes dos últimos cem anos parecem ter sido travadas com o objetivo deliberado e consciente de expandir o comércio ou o território. Lutam-se as guerras mais sérias para tornar o próprio país militarmente mais forte ou, com mais frequência, para evitar que outro país se torne militarmente mais forte, de modo que se encontra muita justificativa para o epigrama de que "a principal causa da guerra é a própria guerra". A guerra, nas mentes de todos os principais combatentes tinha um caráter defensivo ou preventivo. Eles lutavam com o objetivo de não serem postos numa posição mais desfavorável numa possível guerra futura. O exercício do poder sempre parece gerar o apetite por mais poder. Uma das falácias da teoria da segurança coletiva é a de que se possa fazer a guerra com o propósito específico e desinteressado de "resistência à agressão".

ECONÔMICO: A força econômica sempre foi um instrumento do poder político. Todo o progresso da civilização tem sido tão ligado ao desenvolvimento econômico a tal ponto que não nos surpreendemos em descobrir, através da história moderna, uma associação íntima e crescente entre poder econômico e poder militar. A ascensão das nações modernas foi, em toda parte, marcada pela emergência de uma nova classe média economicamente baseada na indústria e no comércio. Uma vez que a riqueza era uma fonte de poder político, o Estado deveria procurar ativamente promover a aquisição de riqueza e acreditava-se que a maneira correta de tornar um país poderoso era estimular a produção interna, comprar o menos possível do exterior e acumular riqueza na forma conveniente de metais preciosos.

Separação entre economia e política: Os economistas clássicos conceberam uma ordem econômica natural com leis próprias, independente da política, e funcionando para o maior lucro de todos quando a autoridade política interferisse o mínimo possível em sua operação automática (laisser-faire - o mercado deve funcionar livremente, sem interferência, apenas com regulamentos suficientes para proteger os direitos de propriedade). O sistema político, que era a esfera do governo, ocupava-se da manutenção da lei e da ordem e do provimento de certos serviços essenciais. Economia e política marcharam de mãos dadas para o mesmo objetivo. “Auferir vantagens econômicas da força política, e transformar cada ganho econômico em poder político”. Inutilizar o sistema econômico de uma potência inimiga tornou-se um objetivo de guerra tanto quanto derrotar seus exércitos e frotas. A ciência da economia pressupõe uma dada ordem política, e não pode ser proveitosamente estudada, isolada da política.

Algumas falácias da separação entre economia e política: Tentativas de resolver problemas internacionais através da aplicação de princípios econômicos divorciados da política estão fadadas à esterilidade. Na eventualidade da aplicação de sanções, seriam necessárias "forças armadas para proteger os Membros da Liga". “O poder econômico é impotente se a mão armada não estiver pronta para sustentá-lo”. O poder é indivisível e as armas militares e econômicas são meramente diferentes instrumentos do poder. Tendo dividido os Estados existentes entre os que buscam "bem-estar" e os que buscam "poder", os Estados do bem-estar, de forma geral, gozam uma preponderância de poder e recursos sobre os Estados do poder, levando-nos, portanto, infalivelmente à conclusão correta de que os " Estados do bem-estar" são Estados que, já gozando de preponderância de poder, não estão primordialmente preocupados em aumentá-lo; e os "Estados do poder" são Estados que, sendo inferiores em poder, estão primordialmente preocupados em aumentá-lo, e devotam a maior parte de seus recursos a este fim. O contraste não é entre "força" e "bem-estar", e ainda menos entre "política" e "economia", mas entre diferentes graus de poder. Na busca do poder, instrumentos militares e econômicos serão ambos utilizados.

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