Resenha 13 Dias que Abalaram o Mundo
Por: Lívia Marques • 2/5/2022 • Resenha • 767 Palavras (4 Páginas) • 449 Visualizações
O longa 13 Dias Que Abalaram O Mundo (2000) de Ronald Donaldson aborda detalhadamente as negociações e tensões que se passaram durante a Crise dos Mísseis, em outubro de 1962. O presidente dos Estados Unidos, seus conselheiros e generais são as figuras principais, e encontram-se em uma situação delicada: sob ameaça dos mísseis soviéticos posicionados em Cuba, devem decidir: atacar primeiro enquanto os armamentos ainda não estão operacionais e correr o risco de desencadear uma guerra nuclear de proporções mundiais, ou investir em soluções diplomáticas e de contenção, arriscando a vida de milhares de americanos.
A tensão dentro da própria Casa Branca, entre o presidente, o congresso americano e o exército fica explicita, em especial por se tratar de um momento em que Kennedy poderia arriscar a governabilidade de sua administração caso tomasse uma decisão que não agradasse a todos. Diante disso, Kennedy opta por deixar a ameaça cubana em segredo do povo americano nos primeiros dias, adiando ações militares enquanto a tensão escalava. Assim, com o passar dos dias o presidente viu-se cada vez mais sem opções.
Com a ameaça de ter a história vazada na mídia, decide enfim comunicar sua decisão a nação: a princípio, optou por estabelecer apenas um bloqueio naval (chamado de “quarentena” para evitar o termo militar) que impedisse a entrada de novos armamentos em terras cubanas. Com isso, o presidente John Kennedy se viu tendo que lutar contra os desejos de guerra dos generais americanos que ansiavam uma oportunidade de reparar o fracasso da invasão à Baía dos Porcos em 1961.
O conflito retratado na obra “marked the apex of Soviet-American tensions” (BRADLEY, 2010, p. 456), e é considerado por muitos o momento mais dramático da Guerra Fria. Durante o filme, são levantadas diversas proposições de solução para a situação, sendo a principal delas uma invasão à Cuba para destruir os mísseis soviéticos, que logo fora descartada pelo potencial de desencadear uma Terceira Guerra Mundial devido as alianças militares vigentes na época e as regras de combate militar. Essas regras foram um grande problema, visto que um piloto americano foi de fato abatido por soviéticos em território cubano durante um voo de reconhecimento, e a resposta adequada, segundo as regras de combate, seria retaliação por meio de uma declaração de guerra que, contrariando os líderes militares, o presidente Kennedy barrou.
No momento de encontro entre as forças navais soviéticas e americanas o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, interpretado por Dylan Barker, disse: “Isso não é um bloqueio, isso é linguagem. Um novo vocabulário para pessoas que o mundo nunca viu. É o Presidente Kennedy se comunicando com o Secretário Khruschov”. A citação do Secretário evidencia uma das principais características da Guerra Fria: as mensagens, e o modo como elas deviam ser transmitidas. A disputa era muito maior que o conflito armado. O que estava em jogo era o título de superpotência hegemônica, líder da Nova Ordem Mundial. Neste cenário, cada ação tomada deveria ser meticulosamente calculada, já que ambos os lados não desejavam e temiam um combate direto.
Com a ameaça de elevar o enfrentamento do campo ideológico e de influência para um combate militar direto, os chefes das duas superpotências se viram
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