Resenha Crítica Filme Hotel Ruanda
Por: giovannamdrs1 • 14/6/2016 • Resenha • 1.257 Palavras (6 Páginas) • 8.628 Visualizações
Aluna: Giovanna Medeiros
Professor: Vitélio Brustolin
Resenha 3 - filme Hotel Ruanda
O filme Hotel Ruanda lançado em 2004 ilustra a história verídica do genocídio em Ruanda que acontece na última década do século XX decorrente das diferenças étnicas entre Tutsis e Hutus oriundas dos tempos de colonização belga.
O filme conta a história de Paul Rusesabagina, gerente de um hotel de luxo em Kigali, capital de Ruanda. Paul é Hutu, e tem dois filhos com sua esposa , Tatiana, que é de etnia tutsi
No contexto da Guerra Civil ruandesa, o avião que se encontrava o presidente ruandes - de etnia Hutu- é atingido e o presidente é morto. Até hoje, não se sabe a autoria dos ataques, mas forças extremistas Hutus acreditam que foi obra dos rebeldes tutsi e ordenam o começo do massacre.
Paul, Hutu moderado, agora tem o objetivo de proteger sua família e amigos. Logo no começo dos ataques, forças radicais hutus invadem a casa de Paul e levam ele e todas as pessoas que lá se encontravam. Paul usa dinheiro do hotel para pagar pela liberdade de seus amigos e familiares que estavam sob mira dos extremistas hutus. Assim, forma no hotel que trabalha, que é propriedade de uma empresa belga, uma espécie de refugio para tutsis e hutus que não concordavam com a matança. De lá, Paul passa a ser uma espécie de "liderança" contra o genocídio, sempre articulando com o general da ONU responsável pela missão de peacekeeping, com a mídia, ajuda humanitária da cruz vermelha e os próprio exército ruandes e a milícia extremista hutu, com quem tinha conhecimento.
A situação vai se agravando cada vez mais com o aumento de mortes e da chegada de pessoas procurando abrigo no hotel, inclusive crianças órfãs. A ONU não conseguia controlar a situação. Em uma entrevista o general responsável reitera ""We are here as peacekeepings not peacemakers. I have orders not to intervene" Dessa forma, a ONU permanecia lá ineficiente sem dar um tiro.; deixando os ruandeses cada vez mais abandonados do apoio internacional. O "descaso" da comunidade internacional chega ao ápice quando capacetes azuis são mortos ao tentarem defender a casa da Primeira Ministra de Ruanda, que também é morta. Assim, exércitos europeus são enviados ao país apenas para resgatar os brancos. Ainda, há uma ordem de retirada de todos os cidadãos que não são ruandeses do país, bem como a maioria dos soldados da ONU. Deixando o país com apenas 300 capacetes azuis.
Com o número de mortos crescendo de maneira exponencial, buscando deixar o país, algumas famílias que seguem a caminho da fronteira em um caminhão da ONU sofrem um ataque por conta da denúncia de de um dos funcionários do hotel que não concordava com o que Paul estava fazendo para defender os tutsi, que no filme eram frequentemente chamados de crokroaches; As tropas da ONU, que protegiam e dirigiam o caminhão, conseguiram voltar ao hotel sem que aquelas pessoas que estavam ali fossem mortas, incluindo a mulher e os filhos de Paul, que haviam decido ficar no país para ajudar na luta contra o a milícia extremista Hutu.
O hotel é atacado e, posteriormente, enquanto Paul saía em busca de suprimentos, é invadido pelos extremistas. Depois de ter subordinado o exército ruandes dizendo para o general que os americanos o acusavam de crimes de guerra e como o grande responsável pela matança, Paul consegue ajuda deles para tirar os extremistas do hotel. No entanto, entende que aquele lugar não é mais seguro, e exige do comandante da ONU que aquelas pessoas sejam levadas para um campo de refugiados para além da fronteira que a milícia hutu controlava.
Nesse sentido, tropas da ONU conseguem evacuar o hotel e levar todos a um campo de refugiados, que ficavam em uma área dominado por rebeldes tutsi que lutavam contra a milícia hutu. Lá, Paul e sua família reencontram suas sobrinhas, as quais haviam passado toda a trama procurando. Paul é considerado um grande herói dessa triste história ruandesa por ter sido capaz de salvar estimadamente mais de mil vidas.
Concluo que o sistema de segurança coletiva idealizado pela ONU no fim da Segunda Guerra afim de evitar outro genocídio como o que havia ocorrido com os judeus fracassou no caso de Ruanda e reflete a fragilidade dos regimes institucionais apontada, por exemplo, por Mershaimer no texto the false promise of international institutions, ao concluir que, no final das contas, as instituições tem pouco impacto no comportamento dos Estados, que sempre vão botar seus interesses como prioridade. A decisão tomada pelo Conselho de Segurança de não tomar uma posição mais efetiva remete à fatores internos do Estados Unidos que tinham acabado de sair de uma intervenção na Somália. As instituições são, antes de tudo, formadas por Estados, se esses não se empenharem acerca de uma causa, seja por falta de interesse, pelo ganhos absolutos ou relativos não valerem a pena, divergências históricas ou por desentendimento com outros Estados sobre uma solução comum, as instituições são impotentes. Mearsheimer, atenta, ainda, que a crença nas instituições como solução e mecanismo para a manutenção da paz é suscetível de conduzir a mais falhas no futuro.
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