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Resenha Política do Poder

Por:   •  17/10/2016  •  Resenha  •  1.804 Palavras (8 Páginas)  •  1.618 Visualizações

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Política do Poder – Martin Wight

Capítulo I – Potências

Wight começa seu texto relacionando Política do Poder e Política Internacional, dizendo que ambos são termos diferentes que remetem à mesma coisa, falando ainda que a primeira é a relação entre potencias independentes.

Sugere que o termo tem duas nuances, o de unidades políticas independentes e o de relações contínuas e organizadas. O primeiro seriam as nações, estados, países ou potências e o segundo as relações políticas e econômicas.

Wight argumenta que o sistema de estados como conhecemos hoje não existe desde sempre, pois, segundo ele, nos séculos XI e XII não existiam estados soberanos, pois tal concepção não era de conhecimento dos povos. O autor fala que existia uma unidade jurídica chamada Cristandade e que naquele tempo os feudos e cidades não reivindicavam sua independência política. Ainda sim as relações de comércio e guerra com outros Impérios demonstrava princípios hoje vistos no atual sistema de Estados, sem a organização e o fluxo do mesmo.

Outro exemplo citado é o do Império Romana, o qual tinha um líder absoluto e mantinha comércio e relações com outras Impérios.

Voltando ainda mais no tempo havia um grupo de Estados Independentes, mas em guerra. Cada qual lutava por seus próprios preceitos, mas que logo seriam conquistados pelo grande República Romana.

Outro ponto citado é o de quando o equilíbrio da sociedade medieval dissolveu-se graças aos conflitos entre o Papa e o Imperador. Considerando que o homem era mais leal à igreja e aos senhores feudais do que ao Imperador, o Rei teve de eliminar barões e desafiar o Papa, expandindo o círculo interno de lealdades e diminuindo o externo. Logo, o Estado Moderno nasceu tendo como característica a lealdade de forma mais estreitada e forte. Nesse ponto o homem demonstra maior lealdade ao Estado do que a igreja, oposto do que era antes.

Martin Wight fornece a definição de potência como um estado moderno e soberano externamente.

Há uma mudança na estrutura moral da política, já que na época medieval o todo era mais importante que as partes e atualmente o sentimento de unidade é poroso, devido ao grande número de estados independentes. Como o autor diz “a sociedade internacional não passa de uma etiqueta para os estados soberanos”, ou seja, apenas um protocolo a ser seguido, tendo em vista que o todo não passa da soma das partes.

Wight define ainda os preceitos básicos para um Estado ser potência, sendo eles: tamanho da população, posição estratégica e extensão geográfica, recursos econômicos e produção industrial, eficiência administrativa e financeira, aprimoramento educacional e tecnológico e coesão moral. Cita ainda a maturidade política e liderança moral, demonstrando exemplarmente com a Índia. Outro ponto importante é a comparação da influência no campo nacional e externo, sendo no primeiro caso representação de governo e no segundo não necessariamente poder.

A Coesão moral tem muita ligação ao nacionalismo, mas tal afirmação pode apresentar confusão pois, para Wight, existem três tipos de nação (todos apresentam auto afirmação coletiva, expressa pelo nacionalismo):

  1. Povo com a mesma ascendência e organizado sob o mesmo governo
  2. Identidade histórica, mas com língua distinta – Autodeterminação nacional
  3. Unidade política defendendo seu direito à condição de estado  

Pensando em tudo isso é possível dizer haver diferentes nacionalismos dentro do mesmo estado. Além disso, toda liberdade jurídica das nações só aconteceu através da opressão de outras nações. Toda potencia se interessa por criar alianças nacionalistas, mesmo que a melhor definição para o termo seja a de “produto de acidente histórico”

Outra crítica que aparece é a de que as potencias nada mais são de um grupo de pessoas seguindo tradições.

Wight termina o primeiro capítulo falando sobre o termo que deu nome ao livro, dizendo derivar da palavra em alemão Machtpolitik, com significa de política da força, não sendo necessário apenas fazer uso da mesma, mas ameaçar também. Segundo ele, durante a Segunda Guerra Mundial existia uma “razão de estado” para toda e qualquer ação (tudo era válido, desde que defendendo o interesse público). Entretanto, assume ser insensato pensar que os governantes não pensem nas questões de direito e justiça, relatando ser preciso analisar a política do poder também como algo imoral.

Capítulo II – Grandes Potências

Nesse capítulo Wight concentra-se em explica o termo Grande Potencia e começa por dizer que o Potência dominante não é aceitável diplomaticamente, pois apesar de os estados reconhecerem a existência da mesma e até cooperarem com ela, a hegemonia aparece limitada.

Apenas após o Congresso de Viena passou-se a utilizar o termo Grande Potência, considerando que a partir dali todos os reinos, impérios, etc., passaram a ter o mesmo tipo de representação diplomática e apenas aderiam aos atos políticos que consentisse.

Wight fala ainda que os Estados, principalmente as grandes Potências justificam suas atitudes através da manutenção da paz e da segurança e que as mesmas desejam monopolizar o direito da criação de conflitos.

O autor diferencia potencias com interesses gerais e limitados, sendo aquelas as grandes potências e estas o resto do mundo. A aquisição do poder veto no conselho de segurança da Onu garantiu o status de grandes potencias para os Estados que o componham. Uma grande Potência alcança o patamar de grande potência ao vencer uma guerra contra uma grande potência, em uma ideia de autoafirmação pela guerra, porém, ao se pensar que há um vencedor, o perdedor pode perder tal status, pois uma grande potência pode ser derrotada e uma vez derrotada, sua ascensão é mais difícil.

 Wight faz analogia à definição de Toynbee que dizia que uma grande potência poderia ser definida como uma força política e que tal força atinge toda a sociedade. Diz ainda que na política de poder a ameaça já pode ser caracterizado como ato. Deve-se acrescentar ainda que as grandes potencias devem estar preparadas e dispostas a ir à guerra, para proteger seus interesses.

A conclusão que o autor chega é a de que uma potência dominante pode contemplar a guerra contra qualquer grupo de potencias e a Grande Potência pode entrar em guerra contra qualquer Potência. Elucida-se ainda que toda Grande Potencia deseja ser uma potência dominante e a mesma um império universal.

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