Resenha ultimo rei da escocia
Por: carolcl • 24/9/2015 • Resenha • 793 Palavras (4 Páginas) • 3.068 Visualizações
O filme “O Último Rei da Escócia”, de Kevin Macdonald, retrata acontecimentos verídicos da história ugandense da década de 1970 de modo a captar por completo o interesse do espectador. Os fatos históricos encontram-se em meio a um incrível drama fictício: a experiência de um médico escocês em sua viagem à África. A personagem, inspirada no soldado britânico Bob Astles, assim como ele, tornou-se íntimo conselheiro do ditador Idi Amin. E a jornada do médico – o doutor Nicholas Garrigan – de autoconhecimento e aprendizado sobre o país africano mistura-se à trajetória da própria Uganda, que, entre um passado de luta externa pela dominação e um futuro de luta interna pela mesma, tentava estabelecer-se como uma nação independente e estável.
O longa metragem, desde o início, deixa claro sua relação com o contexto político em que se passa a história. A chegada de Garrigan à Uganda em 1971 é também a chegada de um novo presidente. O golpe de Idi Amin contra o líder Milton Obote é, no filme, aparentemente, algo a se celebrar. Assim também o é a vinda de Nicholas ao país. Porém, ambos os eventos acompanham suas reviravoltas durante o desenrolar da película. Amin mostrou-se um dos piores líderes africanos, com um regime baseado na violação dos direitos humanos, perseguição à oposição, repressão política, má gestão econômica e um total de cerca de 300 mil assassinatos durante seu governo. Enquanto isso, a viagem de Nicholas Garrigan, inicialmente benfeitora a comunidades rurais do país; traz consigo seu lado profundamente negativo devido à aproximação da personagem com a figura do ditador, que contrariou suas expectativas.
O médico, entretanto, não é o único europeu na história do filme; a trama é repleta de intervenções britânicas – a cada novo cenário, há a presença de algum representante inglês que busca estudar, julgar ou mesmo pretender mudar as ações dos líderes do país africano. Mas as ações desses líderes e o contexto do país em questão não devem ser levadas ao pé da letra, muito menos a uma avaliação maniqueísta – muito bem administrada pelo diretor, que, através da excelente coordenação das cenas, não apresenta qualquer juízo de valor quanto a quem estaria certo ou errado na história (apesar de que as cenas chocantes de repressão fazem com que qualquer espectador esqueça-se um pouco do lado histórico-político da questão para sentir-se enojado pelas ações doditador). O que não deve ser esquecido, no entanto, são as causas históricas que levaram à ascensão de Idi Amin e que são indiretamente indicadas no filme através do conflito constante entre as visões africana e britânica da situação da Uganda.
A independência ugandense conquistada através da figura de Obote com certeza não trouxera a completa satisfação e realização das esperanças de um povo devastado pela economia de seu país. O então governo não era forte ou próspero como seu líder prometia. Porém, tal independência era inevitável; a pressão internacional das superpotências da Guerra Fria sobre as potências neocoloniais europeias através de discursos referentes à liberdade e, posteriormente, aos direitos humanos, era implacável e o recente foco ao continente africano ressaltava qualquer detalhe da situação. Como afirmam Kent e Young em International Relations since 1945,
As the Cold War began to focus more on
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