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A IRLANDA E SUA POLÍTICA DE INOVAÇÃO

Por:   •  13/11/2020  •  Resenha  •  3.260 Palavras (14 Páginas)  •  281 Visualizações

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A IRLANDA E SUA POLÍTICA DE INOVAÇÃO

INTRODUÇÃO

                A evolução tecnológica no século XX transformou o modo de criar riqueza, que antes era feita à custa da dotação de fatores físicos, e que agora é baseada no conhecimento (knowledge-based economies). Atualmente, informação e conhecimento (ou capital intelectual) estão substituindo o capital e a energia da era industrial, tal como estes substituíram a terra e o trabalho da época pré-industrial. Tecnologia e conhecimento são agora os fatores-chave de produção para a criação de valor (AMARAL, 2008a).

                É neste contexto que o presente trabalho busca apresentar as políticas de inovação utilizadas pela Irlanda como forma de driblar as crises econômico-financeira e social, de modo a satisfazer melhor os consumidores, oferecendo melhores produtos e serviços, novas tecnologias e processos modernos de criação de valor para todos.

                Tendo como base o conhecimento e informações relevantes sobre consumidores e mercados, a Irlanda tenta inovar em todos os setores de sua economia e deixar de lado as velhas políticas baseadas em lucros sem razão. Atualmente, o capital intelectual das empresas, ou seja, seus recursos humanos é que são considerados como fonte de geração de lucro e, por isso, os investimentos estão direcionados neste sentido, visando qualidade de vida e condições de trabalho que serão revertidos em aumento da lucratividade e desenvolvimento das empresas.

AS POLÍTICAS DE INOVAÇÃO DA IRLANDA

                A Irlanda possui forte experiência no desenvolvimento de programas voltados para a formação e qualificação de recursos humanos, aspecto que tem sido apontado pela literatura internacional como um dos fatores mais importantes no que se refere às estratégias de mobilização pela inovação implementadas neste país (MOBIT, 2008).

                O termo “inovação” se refere às novidades: um novo produto, um novo processo de produção e até uma utilidade nova atribuída a algo já existente, desde que tenha uso comercial e inserção social (USP ON LINE, 2008).

                As novas Teorias do Crescimento Endógeno, ao chamarem a atenção da importância para o Crescimento dos temas da Inovação e do Empreendedorismo, e ao enfatizarem que os estímulos e os incentivos à Inovação estão muito ligados ao “Ambiente Econômico”, tornaram possível analisar a interação entre o Crescimento, as Instituições e as Políticas. Os modelos inspirados nesta teoria enfatizam o papel crucial para o crescimento de longo prazo de uma combinação entre uma adequada proteção dos direitos de propriedade, um bom sistema de educação e um quadro macro econômico estável que permita reduzir o nível das taxas de juro (AMARAL, 2008a).

PRINCIPAIS AÇÕES EM QUE ESSAS POLÍTICAS SE BASEIAM

                Na Irlanda a constituição de uma economia baseada no conhecimento e na inovação também deve muito à iniciativa de concentração social tripartite (governo, sindicato e empresas) no final dos anos 80, que permitiu o enfrentamento da crise fiscal do Estado, o controle da inflação e a redução dos níveis de desemprego de 20% para os atuais 4%, dando as bases para o boom[1] experimentado pela economia irlandesa a partir da década de 90 (MOBIT, 2008).

                Este país fornece um exemplo de como uma economia que inicialmente se apoiou numa estratégia de imitação, concretizada através da atração de investimento direto estrangeiro, ao fim de quase três décadas tem vindo a criar as bases para poder adoptar uma estratégia baseada na inovação (AMARAL, 2008b).

                Após 15 anos de crescimento ininterrupto, a Irlanda procura agora fazer a transição de uma economia largamente baseada em empresas multinacionais para uma economia intensiva em conhecimento e inovação (MOBIT, 2008).

                As atividades observadas na Inovação requerem mais iniciativa, mais disponibilidade para assumir riscos, mais empreendedorismo, mais capital de risco, seleção exigente de projetos e de talentos, o que apela a instituições mais flexíveis e baseadas nos mercados, mais competição e maior abertura ao exterior como fatores cruciais para afastar os maus projetos; por outro lado, o sistema educativo para a inovação exige pessoal altamente qualificado em grande número, com maior proporção de graduados em ciências e em engenharia no conjunto dos licenciados, quanto mais um país ou empresa se aproximar da “fronteira tecnológica”, como está a acontecer na Irlanda (AMARAL, 2008a).

                Se é um fato que a economia irlandesa continua beneficiando as transferências internacionais de tecnologia e de ‘spillovers’[2] associados ao investimento internacional que nela foi realizado nas últimas décadas, no futuro a capacidade de inovação e de difusão tecnológica de novas tecnologias interna ao país tornar-se-á mais importante. Uma melhor “performance” em I&D (Inovação e Desenvolvimento) é essencial para desenvolver a Irlanda como uma localização desejada para indústrias e atividades de alta tecnologia e baseadas no conhecimento, enraizando ainda mais as empresas multinacionais presentes na Irlanda e contribuindo para criar “novas” atividades endógenas viradas para o futuro. À medida que os níveis tecnológicos da Irlanda vão se elevando, a inovação, mais do que a imitação, assumirá o papel central no esforço de assegurar taxas de crescimento mais rápidas, o que aponta para a importância decisiva de aumentar a atividade de I&D interna (AMARAL, 2008b).

                Na Irlanda o setor público muda para mudar suas políticas. Seu Governo busca:

  • Ampliar e fortalecer as relações entre o setor público e privado;
  • Incentivar a cooperação entre firmas;
  • Intensificar debate sobre as dinâmicas do desenvolvimento regional e local;
  • Estimular o surgimento de pequenas e médias empresas, em especial a criação de empresas de base tecnológica, pois são indicadoras do grau de empreendedorismo na economia;
  • Monitorar e avaliar em permanência os programas e políticas, tendo como referência o padrão global mais avançado;
  • Racionalizar, coordenar  e incentivar as políticas de inovação (MOBIT, 2008).

AÇÕES IRLANDESAS JÁ IMPLEMENTADAS

                A Irlanda tem um programa nacional de vouchers[3] da inovação — a Innovation Voucher Initiative — desde março de 2007. Na cerimônia de lançamento do programa, o ministro de Empresas, Comércio e Emprego, Micheál Martin T.D., declarou que os vouchers eram o estímulo de que muitas pequenas empresas irlandesas precisavam para explorar que papel elas poderiam desempenhar na construção da economia do conhecimento no país. A implantação do programa atendeu a uma das recomendações do relatório Small Business is Big Business, publicado em maio de 2006 pelo Fórum de Pequenas Empresas. O fórum foi instituído em 2005 pelo ministro Micheál para ser um órgão de reflexão e aconselhamento sobre o ambiente irlandês para as firmas de pequeno porte (BUENO, 2008).

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