A Leitura Dirigida E. H. Carr
Por: lb2022 • 7/4/2022 • Relatório de pesquisa • 626 Palavras (3 Páginas) • 126 Visualizações
Leitura Dirigida E. H. Carr
O uso da análise lógica para o estudo da política internacional foi uma das primeiras críticas que Carr fez acerca dos impulsos dessa ciência. Para o autor, era impossível que esse tipo de análise, que até então era voltada apenas às ciências físicas, funcionasse também para as ciências políticas, pois a mente humana – grande objeto de estudo dessa área –, com todas as suas complexidades, não necessitava de um exame lógico e imutável e sim, de uma investigação dinâmica e extensa.
Além dessa crítica, Carr também mencionou como, nos primórdios da política internacional, análise e objetivo eram tratados como dois pontos intangíveis. Esse mindset dificultava um olhar amplo e completo sob os fenômenos globais, refreando a prática internacionalista e originando utopias - que serão tratadas no próximo parágrafo.
A terceira, e talvez a maior, desaprovação do autor era em relação ao primeiro estágio da ciência da política internacional, conhecido como utopia. Através de uma observação mais profunda, nota-se que a utopia pode ser consequência da separação – anteriormente mencionada – entre objetivo e análise. Ao tratar desses dois aspectos separadamente, o pesquisador tem dificuldades em se atentar a efeitos, causas e fatos, comprometendo sua análise crítica e contribuindo para o “sonho” de projetos inalcançáveis, assim evidenciando um foco muito maior em relação ao fim do que aos meios. Visto isso, as soluções desenvolvidas tornam-se resultados da aspiração, ao invés de serem produtos da análise. No entanto, apesar de ser comum nos estágios iniciais, Carr afirma que, posteriormente, a fase utópica é abandonada e que o “estudo, emergindo de seu período infantil e utópico, estabelecerá seu direito de ser visto como ciência” (CARR, 1981, p. 8). Para exemplificar, no livro encontram-se algumas situações históricas em que utopias são perceptíveis incialmente: na França e na Grã-Bretanha, que foram breves palcos de generalizações artificiais e não verificadas acerca da ciência da economia política, e a Europa do séc. XIX, na qual o socialismo utópico teve forte repercussão, mas eventualmente perdeu forças.
- Sobre a moralidade ética, Carr afirmou que ela não deveria ser usada para condenar erros passados, já que a história “não pode ser julgada, exceto por padrões históricos” (CARR, 1981, p. 89), ou seja, pessoas, Estados ou teóricos atuais não são capazes de julgar acontecimentos antigos, visto que há todo um contexto e uma mentalidade da época que devem ser considerados.
Para mais, a moralidade até pode ser uma causa, no entanto, quase sempre é um modo encontrado pela sociedade para defender-se da “autoridade legislativa universal” de preferências pessoais ao invés de defender o “campo real dessas preferências”.
Ademais, o autor acredita que ela pode ser usada como ferramenta de manipulação, de tal modo que prejudique a reputação de atores internacionais, como o governo italiano fez com a Etiópia, a fim de justificar sua ocupação em 1935.
Agora, em relação ao outro tópico, pode ser dito que a preocupação do Estado com o poder era grande. Tão grande, aliás, que muitas vezes esse ator usa da moralidade ética para manipular a economia, a sociedade ou a diplomacia, com o objetivo de chegar ou de se manter no poder. Essas manipulações, segundo Carr, “provam ser um disfarce elegante para algum interesse particular [e] são tão comuns nas questões nacionais quanto nas internacionais” (CARR, 1981, p. 100). Para além, esse desejo por poder era uma característica comum de potências, que sempre buscavam estender seu domínio em escala mundial, muitas vezes sob a pretensão de uma “solidariedade internacional” e de uma busca por “união mundial”. A título de exemplo, pode-se citar a França e a Grã-Bretanha do pós-1ª Guerra, que se empenharam em criar uma ordem mundial a partir da “exclusão” da Alemanha e da formação de alianças militares e econômicas, para sustentar suas próprias hegemonias.
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