A REAPROXIMAÇÃO ENTRE ESTADOS UNIDOS E CUBA
Por: marcelohavlis • 12/9/2018 • Artigo • 6.595 Palavras (27 Páginas) • 175 Visualizações
REAPROXIMAÇÃO ENTRE ESTADOS UNIDOS E CUBA[1]
Marcelo Henrique Oliveira Silva[2]
Jussaty Luciano Cordeiro Junior[3]
Resumo
Em 17 de dezembro de 2014, depois de mais de um ano de negociações secretas auxiliadas pelo papa Francisco, Barack Obama, em Washington, seguido por Raúl Castro, em Havana, anunciaram seus planos de restabelecer laços diplomáticos formais e de criar um novo relacionamento mais construtivo. O resultado era esperado por ambos os governos. Desde o começo de seu mandato, o presidente Obama deixou clara sua intenção de melhorar os laços com Cuba. Alguns atores como empresários, grupos econômicos norte-americanos, Papa Francisco, Alan Gross e fatores relevantes como o Porto de Mariel, Canal Da Nicarágua, deterioração econômica da Venezuela tiveram expressivo desempenho para que as relações diplomáticas tivessem êxito. O Neoliberalismo, Liberalismo e a Teoria da Interdependência assim como mudanças no sistema internacional e variações econômicas em determinados países ocasionou o processo de reaproximação entre os países.
Palavras-chave: Cuba; EUA, Reaproximação; Diplomacia, Liberalismo
Abstract
On December 17, 2014, after more than a year of secret negotiations assisted by Francis Pope, Barack Obama, in Washington, followed by Raul Castro in Havana, announced plans to restore formal diplomatic ties and create a new constructive relationship.The result was expected by both governments. From the beginning of his term, President Obama made clear his intention to improve ties with Cuba. Some actors like entrepreneurs, American economic groups, Pope Francis, Alan Gross and relevant factors such as Port of Mariel, Nicaragua Canal, Venezuela’s economic deterioration had an expressive performance so that diplomatic relations would be successful. Neoliberalism, Liberalism and Interdependence theory as well as changes in the international economic system and variations in certain countries led to the rapprochement process between both countries.
Keywords: Cuba; US; Rapprochement; Diplomacy, Liberalism
- INTRODUÇÃO
O pano de fundo do cenário internacional que possibilitou a reaproximação entre Estados Unidos e Cuba, juntamente com seus principais atores será guiado sobretudo com a visão teórica das relações internacionais mais especificamente de três correntes: Liberalismo, Neoliberalismo e teoria da interdependência. Dos referidos conceitos devem ser levados em consideração a perspectiva histórica nos âmbitos, internacional, regional e nacional para responder e compreender esta análise, focando principalmente na nova e atual conjuntura.
O objetivo do trabalho foi desenvolvido para a averiguação do processo que resultou na reaproximação dos Estados Unidos com Cuba, analisando preliminarmente uma breve historiografia e a posteriori atores relevantes no procedimento.
Comecemos com as origens do que se pode definir como liberalismo enquanto fenômeno distinto do neoliberalismo. (ANDERSON, 1995)
O pensamento liberal teve sua origem no século XVII, através dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo inglês John Locke. Já no século XVIII, o liberalismo econômico ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith. (LIBERALISMO...,2004)
Já o Neoliberalismo é um fenômeno distinto do liberalismo clássico, do século passado. O Neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região de Europa e da América do Norte. Foi uma reação teórica e política contra o Estado intervencionista. Seu texto de origem é O caminho da Servidão de Friedrich Hayek escrito em 1944. O sucesso do neoliberalismo se desenvolve, de fato, depois da vitória de Margareth Thatcher e Ronald Reagan.
A Teoria da Interdependência apresenta a atuação dos atores internacionais, isto é, o comportamento dos Estados e das Organizações no cenário internacional ou o processo de negociação dentro das suas esferas, considerando a atuação e a eficácia das organizações internacionais e sua relevância a nível global. (NOELI, 2014)
A interdependência aborda a cooperação recíproca, ou seja, dependência mútua e contempla a interferência de forças externas que influenciam atores em diversos países. Tais assimetrias são consideradas fontes de poder entre os atores.
Por fim, passadas mais de cinco décadas, os tempos são outros e a possibilidade de acordo e aproximação entre Estados Unidos e Cuba deixou de ser discurso e se confirma como realidade. De forma simbólica, mas bastante direta, os presidentes de ambas as nações protagonizaram desde as capitais de seus respectivos países, um gesto público de interesse para a normalização de suas relações depois de 53 anos de “guerra fria” e “bloqueio econômico”.
O tema mostra-se bastante relevante uma vez que a reaproximação entre os dois países se coloca como algo surpreendente nesse início de século XXI e lança as atenções do mundo e dos teóricos Adam Smith, Friedrich Hayek, Keohane, Mises etc das relações internacionais sobre o futuro da região e dos países.
De Roosevelt a Obama
A década de 30 do século passado (período em que Franklin Delano Roosevelt chega a presidência dos EUA) foi marcada por guerra mundial, grave crise econômica, redução das transações internacionais, e a notável força política e econômica fizeram com que os norte-americanos saíssem do sistema isolacionista para um de grande influência no sistema internacional. A Good Neighbor Policy, política da boa vizinhança, levada a cabo por Roosevelt, a partir de 1933, por exemplo foi uma verdadeira revolução nas relações dos Estados Unidos com os demais parceiros do continente americano. (SANTOS, 2012)
Com o fim da Segunda Guerra mundial o cenário político estava carregado de apreensão, a ascensão de duas forças ideologicamente antagônicas, os Estados Unidos e a União Soviética, assustava o mundo pós-guerra, principalmente diante da existência de arsenais nucleares. Nesse contexto, a política externa estadunidense foi marcada por diversas políticas que visavam conter o “avanço soviético”, em especial na América Latina, considerada área de influência histórica dos Estados Unidos. a “política da boa vizinhança”, não-intervencionista, foi substituída pela antiga formula intervencionista no governo do democrata Harry S. Truman. (COELHO, 2010)
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