A Responsabilidade
Tese: A Responsabilidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: mfviana • 22/8/2013 • Tese • 510 Palavras (3 Páginas) • 266 Visualizações
válida, no contexto atual.
3.1 A Responsabilidade
A afirmação da responsabilidade do homem frente aos seus atos é afirmada inúmeras vezes: "O homem é princípio e genitor de seus atos como o é de seus filhos"[33]. Aristóteles não possui como objetivo demonstrar essa afirmação, mas em que condições a responsabilidade é possível e em que medida ela é estendida ao caráter.
O princípio da responsabilidade baseia-se em duas pressuposições: a realidade é contingente (o futuro não está definido) e depende do indivíduo que age (o indivíduo é considerado autor de seus atos quando o ato depende dele). Essas são as duas exigências para que uma ação possa ser considerada virtuosa, conforme a declaração:
…"a virtude está em nosso poder, do mesmo modo que o vício, pois quando depende de nós o agir, também depende o não agir, e vice-versa. de modo que quando temos o poder de agir quando isso é nobre, também temos o de não agir quando é vil; e se está em nosso poder o não agir quando isso é nobre, também está o agir quando isso é vil. logo, depende de nós praticar atos nobres ou vis, e se é isso que se entende por ser bom ou mau, então depende de nós sermos virtuosos ou viciosos"[34].
Na Ética à Nicômaco, Aristóteles afirma que o caráter é resultado de nossos atos[35]; que adquirimos uma ou outra disposição ética agindo de tal ou tal maneira. Realizando coisas justas, assumiremos bons hábitos e o caráter torna-se justo; inversamente, agindo de maneira intemperante, adquire-se o hábito de ceder aos desejos e tornamo-nos intemperantes. O caráter não é mais o que recebe suas determinações da natureza, da educação, da idade e da condição social; é produto da série de atos dos quais sou o autor. Posso ser declarado autor de meu caráter, como o sou de meus atos: do mesmo modo que meus atos podem ser objeto de elogio, meu caráter pode ser objeto de louvor[36].
Vícios e virtudes não são simples traços psicológicos adquiridos, mas têm significado moral, porque pertencem ao campo daquilo que depende de nós. Esta responsabilidade testemunha a seriedade da ação. Quando ajo, não faço somente algo que terei que responder posteriormente, mas escolho o que vou ser. Agindo contra a regra que conheço como todo homem educado, consinto em me tornar cego à lei, em não saber mais onde está o bem. A lei, por isso mesmo, pune mais severamente o intemperante (aquele que delibera em vista de um fim mau) por deliberar em vista de um fim mau, já que possui a capacidade para bem deliberar; a ignorância da regra, pela criança, a impede de ser considerada responsável por seus atos; a ignorância da regra pelo adulto, se é produto de uma vida intemperante, acresce culpabilidade:
"Ignorar que é pelo exercício de atividades sobre objetos particulares que se formam as disposições de caráter é de é de homem verdadeiramente insensato. Não menos irracional é supor que um homem que age injustamente não deseja ser injusto, ou aquele que corre atrás de todos os prazeres não deseja ser intemperante"[37].
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