A construção da identidade nacional brasileira - BAKHTINIANA, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 115-126, 1o sem. 2009
Por: Thayna Corsi • 2/4/2016 • Resenha • 1.262 Palavras (6 Páginas) • 738 Visualizações
Nome: Thayna Alyne de Corso – ra00107442
BAKHTINIANA, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 115-126, 1o sem. 2009 A construção da identidade nacional brasileira
A nacionalidade é uma identidade, que nasce de um postulado, de uma invenção, uma criação moderna que começa a ser construída no século VXIII, e desenvolve-se plenamente no século XIX. Antes desta época, não se poderia falar em nações, nem na Europa, nem em qualquer outra parte do mundo. O autor nos mostra que uma nação é feita de “um rico legado de lembranças”, que é aceito por todos. Ela é uma herança, simbólica e material. Assim, pertencer a uma nação é ser um dos herdeiros desse patrimônio comum, reconhecê-lo, reverenciá-lo. O processo de formação identitária consistiu, então, na determinação do patrimônio de cada nação, que precisa ser inventado, por exemplo, quais seriam os ancestrais comuns de fluminenses e pernambucanos? Para criar de fato uma nação, era necessário buscar algo que pudesse ser o vivo testemunho de seu passado prestigioso, tarefa que é longa e coletiva, tendo como seus principais elementos em comum, uma história que estabeleça continuidade com seus ancestrais antigos, heróis, língua, folclore, lugares importantes, paisagens típicas, e as representações oficiais, como hino, bandeira etc. Logo, o texto coloca que a identidade nacional, é um discurso que como qualquer outro, precisa ser construído ideologicamente.
O Brasil representa uma das experiências bem sucedidas de construção de nação fora da Europa. Fiorin descreve que devido a nossa grande diversidade, nós tivemos que usar dois princípios de identificação. Baseado nos conceitos de ZILBERG e FONTAINE, para nos mostrar como os valores tomam forma, pode se dizer que há culturas que se veem como unidades, e outras como mistura, resultando em processos de participação ou exclusão, criando assim dois grandes regimes de funcionamento cultural. Respectivamente, o 1º conceito, cria valores absolutos, mais fechados, tendendo a concentrar os valores desejáveis e a excluir os indesejáveis; as segundas são mais abertas, procurando a expansão e a participação. Pode se dizer que o Brasil, neste processo usou o princípio de exclusão para se diferenciar da colônia portuguesa, e ao mesmo tempo o princípio da participação que integrou povos e costumes de outras culturas que agora aqui viviam para construir uma identidade brasileira.
A relação entre discurso literário e identidade nacional, por mais que possa parecer natural ou inevitável, é uma construção relativamente recente. No trabalho de constituição de nacionalidade, a literatura teve um papel fundamental, o autor Eduardo Coutinho, ousa dizer ainda que literatura nacional e a construção do nacionalismo são interdependentes. Os autores românticos, com especial destaque para Jose de Alencar, estiveram na linha de frente da construção da identidade nacional. A obra O guarani, por exemplo, é muito importante, porque determina não somente a paisagem típica do brasil (o espaço da eterna primavera, onde não ocorrem cataclismos naturais, como furacões, tornados, terremotos etc.), mas concebe o mito da origem do povo, da fundação da nacionalidade e língua. No livro, o índio Peri aceita por Cecilia os valores cristãos, e Cecilia, as crenças da floresta, representando o primeiro casal brasileiro, o que daria a nação um caráter luso-tupi, unindo valores indígenas e europeus, uma síntese entre o velho e o novo mundo. Ao mesmo tempo traz um certo afastamento, quando ilustra a fundação da língua, em que a identidade deste é correlata ao homem brasileiro, único, diferente do falado na colônia afinal, a independência linguística dos padrões portugueses era tão importante quanto a independência política. Além disso, começa-se a elaborar um modelo explicativo da singularidade da cultura brasileira, e é esta a especificidade que constituiria o Brasil como uma nação. Nota-se que o livro trata-se apenas de uma descrição da cultura, que é parcial, mas serve para explica-la, o que já é suficiente, como dito por Marx: quando uma ideia se apodera da consciência das massas, ela se torna uma força material. Outra obra muito importante, e do mesmo autor é Iracema, romance também de fundação que descreve a história de uma índia tabajara que se apaixona pelo colonizador português, representando na obra o nascimento do primeiro brasileiro, fruto da miscigenação de portugueses e índios. Começa no romantismo, a noção de que a cultura brasileira se assenta a mistura, e na primeira metade do século XX, há outro movimento de construção da identidade brasileira pela mestiçagem, que também foi de grande contribuição, chamado de Indianismo, vertente talvez mais expressiva e mais nacionalista do Romantismo no Brasil, ainda que também originário da Europa, foi o maior exemplo dessas, uma vez que a considera como característica de brasileiros que se distinguem pela assimilação.
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