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Análise do livro "Prince" de Niccolo Machiavelli

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Por:   •  10/11/2014  •  Tese  •  2.422 Palavras (10 Páginas)  •  627 Visualizações

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Análise do livro “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel

Maquiavel retrata em sua obra as experiências do seu tempo e através da observação destas, construiu sua teoria política. Segundo ele, a política nasce das lutas sociais e é obra da própria sociedade para dar a si mesma unidade e identidade. É resultado da ação social a partir das divisões sociais. Sua finalidade é a tomada e a manutenção do poder. Sua lógica é a lógica da força transformadora em lógica do poder e da lei.

Esta obra foi um presente de Maquiavel a Lorenzo de Médicis e ao longo dela, expõe as atitudes que o governante/príncipe deveria adotar para manter-se no poder. Segundo ele, o governante precisava ter virtú, e usava este termo referindo-se às qualidades do dirigente para tomar e manter o poder, mesmo que para isso devesse usar a violência, a mentira, a astúcia e a força. Essa virtude política apareceria na qualidade das instituições que soubesse criar e manter e também na capacidade que tivesse para manter-se no poder durante as ocasiões adversas. Assim, o princípio que deveria reger a política era o poder do governante/príncipe, que deveria ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo.

Maquiavel inaugurou a teoria moderna da lógica do poder como independente da religião, da ética e da ordem natural, desta forma, só poderia ter sido visto como maquiavélico. Concebeu a política simplesmente como política com pensar e fazer próprios onde a ação política se desenrola entre os polos virtú-fortuna, ou seja, entre as qualidades do príncipe para manter-se no poder e as circunstâncias que não dependem de sua vontade. Construiu uma ponte entre pensamento e ação. A verdadeira virtude política para Maquiavel era a astúcia e a capacidade para adaptar-se às circunstâncias e aos tempos, como ousadia para agarrar as boas ocasiões e força para não ser arrastado pelas más. Essa ousadia para mudar de atitude e comportamento seria a verdadeira prudência principesca, senhora da fortuna, da ocasião. Assim, para uma ação política ser eficaz e responsável era necessário ter posse da informação correta, diagnóstico oportuno, avaliação adequada dos resultados previsíveis, capacidade de decisão e, sobretudo, sabedoria.

Inicia seus conselhos ao governante/príncipe destacando a existência de dois tipos de Estados: as Repúblicas e os Principados. No entanto, no decorrer de “O Príncipe”, preferiu abordar sobre os Principados. Distinguiu então, três espécies de principados: os hereditários, adquiridos por vínculos de parentesco; os mistos, adquiridos por meio da anexação a outro já existente, conseguida por meio de luta e os eclesiásticos, vinculados à igreja. Cada um desses principados possuía características próprias que deveriam ser observadas para que seus governantes pudessem atuar e permanecer no poder. Desta forma, os principados que antes de sua conquista já possuíam leis próprias exigiriam do seu governante a adoção de três medidas, de modo que pudessem ser mantidos no poder, sendo elas: arruiná-lo completamente no ato da conquista, ir nele habitar e por fim, permitir que sua população continuasse vivendo segundo suas próprias leis, apenas impondo-lhe tributos e organizando ali um governo composto de poucas pessoas, que pudessem ser mantidas amigas. Porém, o meio mais seguro de manter e governar tais principados seria devastá-los ou ir neles habitar. Uma vez que o poder se estabelece principalmente em atos de força, tornando-se previsível que pela força haja a transferência de antigo poder para o novo poder, evitando ainda a subversão/revolução. Já os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais de seu governante imporiam a este, dificuldades para serem conquistados. Porém, essa dificuldade inicial surgiria justamente das inovações que fossem obrigados a implementar para que seu governo seja estabelecido com organização e mantido com segurança e após isso ter sido alcançado, não seria difícil manter-se no poder haja vista a experiência alcançada durante a superação das adversidades no ato de sua conquista. Havia ainda os principados conquistados com a ajuda de terceiros, muito difíceis de serem governados. Pois, seu governante acabaria ficando dependente da sorte e da vontade dos que tornaram possível sua ascenção ao poder. Já os principados que foram conquistados com a malvadez de seu governante exigiriam deste que toda a crueldade aplicada no ato da conquista deveria ser praticada de uma única vez, evitando ter de repeti-las dia após dia. Já os benefícios deveriam ser concedidos de modo gradual, para que fossem melhor aproveitados. Além disso, o governante deveria relacionar-se com seus súditos, porém, sem deixar que nada de bom ou ruim o afaste do seu rumo, que seria manter-se no poder. Podemos concluir que quem chega ao poder com malvadez e de maneira súbita, muitas das vezes aparenta está despreparado e sem solidez. Logo, é preciso procurar se estabilizar através de inteligência, destreza, ser muito astuto e ter virtudes e vícios, e se possível for de perceber a ruína, suprir suas carências o quanto antes.

Os principados governados por cidadãos que chegaram ao poder com o apoio de seus concidadãos, fazendo uso da astúcia afortunada, conseguida com o apoio da opinião popular ou da aristocracia, conforme houvesse oportunidade para uma ou para outra, Maquiavel chamou-os de Principados Civis. Neste tipo de principado, ele ainda destaca que, se o governante chega ao poder com a ajuda da aristocracia terá uma maior dificuldade para manter-se no poder. Já o governante que chega ao poder com o apoio do povo, por está cercado de indivíduos que se igualam a ele, não pode poderá ordená-los, nem dirigi-los ao seu bel prazer. Isto significa que, quem assume um governo pelo favor do povo deve procurar estimá-lo. Já, os que chegarem ao poder apoiados pela aristocracia, mas, contra o desejo do povo, deve acima de tudo procurar ganhar a estima deste, o que será facilmente conseguido se souber protegê-los. Maquiavel destaca ainda que se tal governante for audacioso, valente, corajoso para se apoiar no povo, que não se amedronte nas adversidades e que esteja sempre preparado e que com suas medidas consiga mobilizar sua população, jamais se decepcionará com o povo. Uma vez que terá construído seu poder sob bons alicerces. Quanto aos principados Eclesiásticos, aqueles mantidos e abençoados por Deus, Maquiavel não ousou comentar muito. Apenas observou que as dificuldades aparecem apenas no período pré-conquista e uma vez conquistados, por mérito ou sorte,

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