Debate sobre Polaridades - Layne
Por: SarahSales • 25/11/2015 • Resenha • 3.293 Palavras (14 Páginas) • 170 Visualizações
Resenha Christopher Layne: The Unipolar Illusion: Why new great powers Will rise
Christopher Layne aborda uma visão muito distinta dos demais autores realistas em sua obra “The Unipoalr Illusion: Why New Great Powers Will Rise”. Neste artigo, Layne defende que as novas potências irão emergir no futuro, combatendo a hegemonia americana e instalando a ordem multipolar no sistema.
De fato, após o colapso da URSS, o sistema internacional se transformou em unipolar devido à ascensão dos Estados Unidos. Entretanto, os americanos não impuseram uma “monarquia universal”, de acordo com o autor. Outros países com potenciais militares, como a Rússia, ou econômico, como o Japão, têm lugar como potências. Porém, já que somente os americanos possuem capacidades em todas as categorias, eles se manifestaram como hegêmona.
Por Que Grandes Potências Crescem.
Os Estados Unidos desejam continuar como detentores da ordem unipolar. Todavia, tal vontade está submetida à possibilidade de as novas potências ascenderem no sistema e abalarem o poder americano. Para entender essa situação, devemos, primeiramente, saber por que países se transformam em potências. Uma mudança súbita no número de países com potencial hegemônico pode reverter a estrutura internacional como um todo.
O fenômeno de ascensão de novas potências está diretamente ligado com dois fatores estruturais fundamentais: diferentes taxas de crescimento e anarquia. Porém, a decisão de manter-se na corrida para se tornar uma potência advém de atitudes e decisões individuais. O sistema pressiona os Estados potenciais e, este decide se perseguirá o status de potência mundial. Entretanto, a liberdade de decisão de um Estado para buscar o reconhecimento como grande potência depende de fatores estruturais, pois, se essa busca for falha, o Estado é punido.
Diferentes Taxas de Crescimento.
A capacidade de crescimento, sejam elas econômicas, tecnológicas ou militares, dos Estados emergentes caminha em taxas diferentes. Sendo assim, alguns países ganham poder enquanto outros perdem. Também, as distintas taxas de crescimento, atreladas ao surgimento de novas potências, tem importantes implicações para a unipolaridade. A unipolaridade tende a durar somente no curto prazo, já que novas potências irão emergir para preencher o vazio entre o hegemona e os Estados potenciais.
Outros três fatores que mostram como as diferentes taxas de crescimento impactam na emergência de novas potências são: o Estado potencial começa a ganhar poder relativo e se impor cada vez mais no sistema; o crescimento do poder dos Estados leva a cada vez maiores ambições; e o crescimento do poder dos Estados leva a maiores interesses e compromissos com o sistema internacional.
As Consequências Da Anarquia: Balancing e Semelhança.
O outro fator estrutural, o qual impacta o fenômeno de aparição de novas potências citado pelo autor é a anarquia.
Como o sistema internacional é anárquico, ameaçador e competitivo, o maior interesse dos Estados é a sobrevivência e, para atingir esse objetivo, adotam políticas de auto-ajuda.
A competitividade do sistema se mostra evidente pela tendência dos Estados de fazerem balancing. A razão de os países fazerem balancing é para corrigir uma distribuição errônea de poder relativo no ambiente internacional. Os Estados estão atentos a mudanças nas posições de poder relativo por que um câmbio repentino tem impacto em questões de segurança. Em um sistema ameaçador, os países devem se preocupar se os demais irão usar seu poder relativo emergente contra eles. A distribuição de poder relativo na unipolaridade é bastante desbalanceada. Por isso, os Estados são pressionados para desenvolverem suas capacidades e se tornarem cada vez mais fortes, senão, serão derrotados pelo hegêmona.
Os Estados tendem a copiar atitudes exitosas de seus rivais. Por isso, é de se esperar que as potências emergentes serão muito parecidas. Grandes potências são similares, mas não idênticas. Elas podem adotar estratégias diferentes, mas como precisam sobreviver no sistema, adotam as medidas que já se mostraram exitosas pelos demais no passado.
Respostas À Unipolaridade.
Na sequência de seu artigo, Christopher Layne apresenta dois exemplos históricos de uma mudança na ordem do sistema internacional no combate à unipolaridade.
Primeiramente, a França de Luis XIV, no século XVII. Nessa, época, era evidente que os franceses detinham todo o poder do continente europeu. As capacidades militar, econômica e diplomáticas da França eram exorbitantes. Entretanto, outros países se mostravam emergentes na Europa: a Inglaterra, a Áustria dos Habsburgos e a Rússia. Como esses países temiam o poder francês, se organizaram em uma grande aliança e, também internamente, para combatê-lo. O crescimento desses países fez com que a unipolaridade do sistema fosse combatida e se instalasse uma ordem multipolar.
Logo em seguida, Layne cita o exemplo da Inglaterra no século XIX, a qual detinha o poder do sistema, caracterizado, então, como unipolar. Os ingleses possuíam colônias em todos os continentes do planeta e, por isso, não eram ameaçados pelos demais. Além disso, a Inglaterra possuía um poder naval exorbitante, além de uma economia bastante satisfatória.
Hegemonia Britânica no Mundo Unipolar.
Na época de 1880, o autor revela que o Sistema Internacional europeu envolvia três ou quatro poderes que hoje chamamos de “superpoderes”. As Relações Internacionais foram muito afetadas nessa época por causa dos mesmos e os políticos passaram então a se preocupar com questões econômicas e de segurança no Sistema Internacional. Depois de 1880, a Inglaterra foi a primeira grande potência mundial e modelo para as demais potências em ascensão. O autor frisa que houve uma uniformidade de políticas muito evidente e, de acordo com Paul Kennedy, mencionado pelo autor, diz que, se tratando das potências em ascensão, (Alemanha,Japão, Itália), todos os Estados tinham os mesmos objetivos: estabilizar poder, assim como a Inglaterra. Para isso, aumentavam seu exército e formavam alianças.
A Ascensão Alemã Como Grande Potência.
A Alemanha teve um crescimento diferenciado e isso resultou em um grande status de poder. O crescimento deste Estado a partir de 1860 é espantoso, segundo o autor. Entre 1860 e 1913, a quota manufatureira mundial alemã subiu de 4,9% para 14,8%, o que aumentou consideravelmente sua influência no comércio mundial, mudando suas configurações, o qual, até então era dominado principalmente pela Inglaterra. A Alemanha tinha sede de poder e a influência que conquistou com o aumento de suas exportações e de sua economia em geral, fez com que crescesse também, sua força no Sistema Internacional. Como é dito no texto, para aumentar sua própria segurança, a Alemanha tentaria mudar o sistema, de acordo com seus interesses particulares. Os lideres alemães estavam de acordo, a menos que a Alemanha desenvolvesse uma compensação do poder naval, sua dependência dentro dos interesses da política internacional seria circunscrita pela Inglaterra. Caso contrário, seus interesses seriam colocados em prioridade. Era necessário continuar o crescimento alemão para evitar que países como a Inglaterra pudessem detê-los facilmente. O autor diz que a relação entre essas duas potências pode ser considerada um dilema de segurança, pois a ascensão alemã desafiou o status do sistema internacional, o qual refletia os interesses da Inglaterra.
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