EUA e Coréia do Norte: crise nuclear e disputa de poder com a China e o Diálogo Meliano
Por: Ezequiel Esdras • 25/4/2018 • Trabalho acadêmico • 1.477 Palavras (6 Páginas) • 368 Visualizações
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Estudantes: Ezequiel Esdras, Isadora Ricardo
Disciplina: Introdução às Relações Internacionais.
Professor: Frederico Dias.
1º Semestre/2018.
EUA e Coréia do Norte: crise nuclear e disputa de poder com a China e o Diálogo Meliano
Em comparação ao diálogo meliano, que retrata o encontro entre duas representações que argumentam acerca da conveniência da invasão, assim como a EUA e Coréia do Norte. Enquanto os atenienses, fortes e pujantes, colocam as coisas de forma direta, simples e concreta, os melianos, confinados em sua fraqueza, apelam para abstrações acerca de justiça, dissimulando os próprios interesses em ideais nobres. Afirmam rigorosamente os de Atenas: "os mais fortes fazem o que podem e os mais fracos sofrem na mesma medida". É justamente esse princípio que faria com os espartanos não intervissem para salvar a ilha condenada. Os atenienses aconselharam seus contendores a parar de falar sobre o futuro ("nossa causa prevalecerá", "espartanos nos salvarão", "nossas relações podem melhorar") e encarar as circunstâncias do presente para poder salvar sua cidade. Melos se recusou a ceder à Atenas. Atenas atacou com tudo, os espartanos não ajudaram e houveram massivas deserções no exército da ilha. Os homens melianos em idade de recruta foram executados, mulheres e crianças vendidos para a escravidão e a ilha foi colonizada posteriormente.
Para entendermos o que se passa entre os EUA e a Coréia do Norte, contamos com a origem da crise nuclear entre os dois países, que começou deste conflito remonta à Guerra da Coreia onde as duas nações se tornaram inimigas devido às diferenças ideológicas. A crise envolve também o programa nuclear norte-coreano ganhou um novo capítulo após o regime do ditador Kim Jong Un testar uma bomba de hidrogênio, cujo poder de destruição é maior do que o dos artefatos nucleares convencionais. A crise atual se intensificou em 8 de abril de 2017, quando, após um teste de míssil frustrado pela Coreia do Norte, Trump disse ter enviado uma "armada muito poderosa" para a península coreana, uma referência ao porta-aviões USS Carl Vinson e à um grupo tático.
Desde o primeiro teste nuclear da Coreia do Norte, as potências ocidentais tentam convencer o país a abandonar suas ambições nucleares. Complexas negociações têm andamento, com os norte-coreanos barganhando benefícios como envio de petróleo e alimentos em troca do fechamento de reatores nucleares e permissão para inspeções internacionais. Mas nas poucas vezes em que as partes chegaram a um acordo, o regime norte-coreano rompeu o compromisso e deu prosseguimento ao programa nuclear. Com essa tentativa de acordo entre as potências ocidentais que tentaram convencer a Coreia do Norte, remetemos ao diálogo meliano com um acontecimento meramente parecido, acampando em seu território com um importante dispositivo militar, os comandantes atenienses Cleômedes e Tísias, antes de causar qualquer dano às terras, mandaram emissários levando propostas para um entendimento com os mélios, assim como as potências ocidentais deram a ação de convencer diante ao início da crise.
Até recentemente, os EUA vinham lidando com a ameaça norte-coreana de forma diplomática, impondo sanções na tentativa de sufocar a economia e forçar o regime a desistir de seu programa nuclear. Ao contrário do que aconteceu na ilha de Melos pelos atenienses, em que Tucídides cita um encontro entre representações de ambos os lados, em que um debate sobre os prós e os contras da invasão foi travado, tendo o lado de Atenas alegado, de início, que o interesse meliano representado no debate seria o da elite, que estava receosa de ver o apoio do povo meliano a Atenas. EUA ao ser pressionado, Kim Jong Un tem respondido com uma retórica agressiva, ameaçando com novos testes e dizendo-se pronto para entrar em uma guerra. Apesar da retórica agressiva de Trump, uma ação militar contra a Coreia do Norte é extremamente arriscada, ao contraio dos atenienses propõem aos melianos que se aliassem a Atenas, conservando o território, embora sujeitos ao pagamento de tributos, e assim fossem poupados, ou que lutassem até a própria destruição. Além disso, no caso de sofrer qualquer ataque militar, o regime de Kim Jong Un tem poder de fogo para realizar um ataque nuclear contra nações vizinhas, como a Coreia do Sul e o Japão.
Outra nação que desempenha um papel importante nesta crise é a China, principal aliada dos norte-coreanos, que tenta convencer os dois lados a não elevar a tensão. Assim como os melianos alegaram que sua neutralidade deveria ser respeitada (a ilha não se colocava a favor de nenhum dos dois lados da Guerra do Peloponeso, nem de Atenas, nem de Esparta). O interesse chinês em manter a Coreia do Norte longe de um conflito obedece à razões mais práticas do que ideológicas – se houver um colapso do regime norte-coreano, a eventual unificação da Coreia, resultaria no fortalecimento da influência norte-americana na região próxima de sua fronteira. Além disso, a eclosão de um conflito provocaria quase que certamente um movimento de refugiados em direção ao território chinês, o que o governo de Pequim busca evitar. Melos ao contrário, sofreu as consequências como já tínhamos mencionado no primeiro parágrafo, em que “homens melianos em idade de recruta foram executados, mulheres e crianças vendidos para a escravidão e a ilha foi colonizada posteriormente”. Como o programa nuclear norte-coreano já foi motivo de outras crises agudas no passado, espera-se que a atual tensão não passe da retórica agressiva e troca de acusações entre EUA e Coreia do Norte. Mas, diante de dois líderes intempestivos como Donald Trump e Kim Jong Un, o desfecho dessa crise é imprevisível.
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