Economia politica internacional
Por: rafabonalumi • 22/9/2015 • Dissertação • 1.611 Palavras (7 Páginas) • 921 Visualizações
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL
2014/2
O debate sobre a Economia Política Internacional (EPI) surgiu a partir dos anos de 1970, não mais como uma subdisciplina das Relações Internacionais, mas como um novo campo de estudo interdisciplinar e de mesma importância quanto. Enquanto as Relações Internacionais focavam o estudo do direito, da política e da história diplomática, o campo da EPI inter-relacionava o poder de um Estado com o efeito que suas interações econômicas têm sobre suas estruturas políticas.
A década de 1970 foi de extrema importância para a EPI, pois foi quando ocorreu a crise mundial do petróleo e o colapso do sistema de Bretton Woods. A hegemonia norte-americana passa a ser contestada, ascende o debate entre estudiosos das chamadas escola norte-americana e escola britânica e novas potências vão surgindo e ocupando espaço na economia mundial. O foco deste texto é relatar os pontos fortes e fracos de ambas as escolas e ao final, concluir o que podemos relacionar das teorias com processos de globalização atualmente. Para isso, primeiramente será desenvolvido um breve relato histórico acerca dos principais acontecimentos que desencadearam a disciplina na década de 1970.
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram como a grande potência mundial considerada hegemônica, pois ao contrário dos demais países do mundo, os Estados Unidos não sofreram as destruições da Guerra e ascenderam sua produção industrial em comparação à Europa e o Japão que estavam dizimados militar e economicamente. Contudo, apesar de sua forte economia, os Estados Unidos não poderiam sobreviver sem grandes mercados como a Europa, pois esta era responsável pela compra da maior parte dos bens e serviços norte-americanos. Para isso, foi instituído o sistema de Bretton Woods para a restauração da economia mundial, liderado pelos Estados Unidos e Reino Unido, estabelecendo o Banco Mundial (BM), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).
Todavia, novos conflitos foram surgindo para os EUA como a Guerra Fria, a descolonização da África, a guerra das Coreias, e o principal, a guerra do Vietnã. Nessa ultima, os EUA gastaram muito dinheiro com os custos da guerra, passaram a ter um déficit doméstico na balança de pagamentos e com isso uma grande inflação. Enquanto a economia americana estava fragilizada e instável, a Europa e o Japão estavam se reconstruindo e a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) foi o ápice para a crise na década de 1970. Os Estados Unidos e a Inglaterra não conseguiam mais controlar o sistema de Bretton Woods e suas instituições devido à flutuação do dólar perante aos acontecimentos da época. É a partir daqui que as escolas americana e britânica ascenderam suas teorias e estudos sobre a EPI.
Benjamin Cohen oferece uma história intelectual detalhada da EPI ao identificar escolas americanas e britânicas. Epistemologicamente, os norte-americanos utilizam o método científico dos positivistas, que tentam elaborar modelos que identifiquem explicitamente escolhas racionais; desenvolvem teorias de nível intermediário voltadas para a identificação de padrões empíricos através de evidência quantitativa. No entanto essa perspectiva foi combatida por abordagens continentais, em particular a Escola Britânica, que se preocupa com a teoria explicativa em vez de normativa; é mais interpretativa e procura por grandes teorias; dota-se de diferentes padrões de trabalho empírico que rejeita os pressupostos individualistas metodológicos e evita o método científico sobre questões éticas e normativas mais amplas. Cohen vê benefícios em ambas as abordagens.
Sustentando o liberalismo e o neoliberalismo institucional, a análise de Keohane, feita durante a época do declínio hegemônico norte-americano, aponta a estabilidade como o principal valor normativo. Seu argumento era centrado em como os Estados Unidos poderiam manter sua hegemonia, o qual considerava benigna, ao perder força em relação a outros estados. Tanto seu poder e sua política pareceram desaparecer e, por isso, Keohane reforça a questão das instituições como um ator de extrema importância no processo de globalização. Keohane defendia a questão de que as instituições são necessárias dentro de um sistema internacional anárquico. Conforme Keohane (1995), assumindo a existência de interesses comuns entre os Estados, as instituições podem facilitar a cooperação, ajudando a resolver conflitos de distribuição de poder entre Estados. O maior desafio refere-se ao extravio de autonomia do estado nacional, posto que a globalização geriu uma concentração significativa do poder econômico, decorrente do poder de decisão. Este poder de decisão, congrega-se através de um pequeno grupo de grandes empresas transnacionais e instituições econômicas mundiais.
Contemplando a teoria de Keohane, Stephen Krasner, também um dos expoentes da escola americana, adere à premissa sobre a estabilidade como um dos principais valores normativos e antefere a estabilização dos estados falhados pós-conflito na agenda política internacional. Krasner definiu os regimes internacionais como ‘’princípios implícitos ou explícitos, de normas, regras, decisão e procedimento sobre as expectativas de convergência dos atores num certo ramo das relações internacionais". Nas palavras de Krasner, a EPI está consolidada no arcabouço padrão das ciências sociais que, simplesmente, significa designar uma proposição e testá-la contra a evidência externa. Krasner relatou sobre como os Estados Unidos são abalados pelas nações mais fracas, em um sistema internacional incessantemente convergente e subordinado à instituições internacionais para a prevenção de conflitos.
Em contrapartida à escola americana, Susan Strange desempenhou um papel central no desenvolvimento da EPI como um campo de estudo na escola britânica. Strange criticava a abordagem da escola americana, ressaltando seu preconceito à prática normativa, a sua preocupação com a estagnação, e os limites de seu paradigma centrado no Estado. Em meio à atual crise financeira mundial, é conveniente tratar sobre as abordagens e percepções que Strange forneceu e considerá-las para compreender a estagnação da hegemonia norte-americana e, consequentemente, o crescimento de novas potências. Strange era vigorosamente contra as tendências normativas predominantes na EPI, tanto nas escolas de estudo como nos mercados financeiros. Defendia que a EPI deveria ser combinada com a economia política comparada tal no sub-estado, bem como a nível estadual. Ou seja, ela argumentava que não é possível captar como o mundo opera sem um conhecimento adestrado sobre os mercados financeiros internacionais, afirmando que o mercado mundial tinha ganho expressivo poder em relação ao Estado-nação a partir da década de 1970. Ela frisou o papel cada vez mais importante que os atores privados estavam desenvolvendo e explanou sua preocupação de que os estados estavam perdendo o controle dos mercados; e assim, julgou como irresponsável a prática do poder americano e a resignação do governo dos Estados Unidos perante a responsabilidade do gerenciamento e controle dos mercados financeiros.
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