Polanyi - Economia Politica Internacional
Por: Laís Hammes • 3/11/2020 • Resenha • 722 Palavras (3 Páginas) • 201 Visualizações
Polanyi e o duplo movimento
Divide essa civilização em quatro instituições que baseiam sua estrutura, sendo duas políticas e duas econômicas. Isso mostra que o autor tem uma visão econômica e política, o que é interessante para a EPI -> INTERDISCIPLINARIDADE.
Na primeira metade do século XIX, o mecanismo de preservação da paz era sustentado pela Santa Aliança e pela Aliança Quádrupla. A primeira servia como um xerife do SI e a segunda se preocupava com a França. A Guerra da Crimeia, entretanto, quebra esse padrão, o que deixa Polanyi intrigado sobre qual seria o interesse na paz para a segunda metade do século XIX, tendo sido motivação política o interesse na primeira metade. Nesse ponto, Polanyi entende o papel das altas finanças. De acordo com o autor, os investimentos acontecem em redes em diversos lugares do mundo, com centro em Londres, o que seria prejudicado com a ocorrência de um conflito. Sendo assim, para Polanyi, as altas finanças funcionavam como uma diplomacia para a manutenção da paz.
Tendo definido as finanças como elemento fundamental para o entendimento da paz no sistema internacional desse período, o autor indica a necessidade de entender o sistema econômico do contexto. O câmbio se apresenta como principal elemento, já que os investimentos eram estrangeiros e os lucros das empresas eram convertidos para a moeda do país no qual elas investem. Caso haja variação cambial, o resultado pode ser prejudicial às companhias, como as consequências da desvalorização da moeda nacional. Desse modo, tudo deveria ser feito para que o câmbio fosse ancorado, mesmo que fosse preciso recorrer a recessões absurdas para resolver o desequilíbrio.
Nesse momento, tem-se uma contradição. O mercado livre é uma necessidade das altas finanças para que elas sejam favoráveis à acumulação de lucros, já que, para isso, é preciso uma regulagem e ancoragem do câmbio. Para isso, o Estado não deve intervir colocando barreiras alfandegárias, mas, se for necessário, deve apelar para recessões, de modo a impedir as importações e conter a saída de moeda estrangeira, fixando o câmbio. Apesar de isso sustentar o sistema econômico, a ocorrência de recessões é extremamente prejudicial para a sociedade, já que envolve a restrição de diversos direitos sociais. Para se sustentar, a economia deve gerar o desemprego necessário, diminuir os salários de forma necessária, entre outras medidas. As instituições de altas finanças mantêm a paz à medida que seus interesses são supridos, o que não implica em moldar um caráter pacifista. Seu interesse era manter seus lucros e investimentos. Ao mesmo tempo, com tantas perdas sociais, dificilmente as pessoas aceitariam que elas tivessem seus direitos saqueados em favor dos ganhos acumulados dos altos escalões financeiros. Nesse sentido, o Estado liberal entra em colapso com a revogação por parte da sociedade do que lhes foi tirado em nome da manutenção de um sistema econômico e financeiro. Toda essa dinâmica é o que caracteriza o chamado “duplo movimento” de Polanyi.
De acordo com o autor, essa estrutura promove uma maior pressão social por alargamento democrático e maior intervencionismo estatal. Em consequência, há uma mutação do Estado liberal e uma descrença na eficácia dos meios auto reguladores.
A reação da sociedade à estrutura liberal do Estado que permeou a dinâmica do século XIX, explicitada pelo duplo movimento de Polanyi, quando transposta para o campo das RI e para o campo da geopolítica, permite entender a força adquirida pelo Estado sobre a própria sociedade e frente a outros Estados.
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