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INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA E A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA TUNÍSIA

Por:   •  11/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.791 Palavras (16 Páginas)  •  382 Visualizações

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INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA E A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA TUNÍSIA

Camila Bretas Santos

Laiara Bueno Stopa Salgado

Mayra Azevedo Maia

Priscila Bigonha Ruffato

Rafaela Cristina Fernandes Ramos

Vitor Henrique do Carmo Souza[1]

Resumo        

Por sua posição geográfica favorável, a Tunísia apresenta uma grande importância para os países do Oriente Médio. Sua Colonização foi conturbada visto que várias nações almejavam suas riquezas naturais. Diante de várias crises econômicas internas, a Tunísia se viu dependente do capital estrangeiro, principalmente do europeu. Após seu longo processo de independência, o país decide adotar uma política republicana. No século XX sofreu com a autoridade abusiva do ditador Zine El Abdine Bem Ali que, após 24 anos no poder, foi deposto pelo povo através do movimento denominado “Revolução de Jasmim”. Durante o movimento, as redes sociais ganharam destaque especial por mostrarem eficiência na divulgação das ações dos manifestantes.

Palavras-chave: Zine El Abdine Ben Ali, Tunísia, mídia, cooperação, liberdade e democracia.

1. INTRODUÇÃO

Nesse ensaio científico temos como o objeto analisar a formação do Estado da Tunísia na visão teórica da Interdependência Complexa e, como a Cooperação Internacional influencia diretamente na formação desse Estado - desde o período da independência até os dias de hoje - seja por meio da política, economia, instituições ou até mesmo através da cultura. A Tunísia, palco de grande parte da história antiga, atualmente recebe milhares de turistas, tanto por conta de suas belezas naturais quanto por sua importância no contexto mundial.

Inicialmente, em breves palavras, será discutida a história da Tunísia desde a sua formação antiga no pós século XII, passando por várias crises econômicas que levaram o país a uma enorme dependência de capital estrangeiro advindos de países europeus, variações de identidade cultural devido às grandes mudanças de colonização dos países começando por Roma, Inglaterra até a França, chegando por fim, no reconhecimento da sua independência – que foi um processo árduo e longo - por parte da França e que levou a Tunísia a se tornar um país republicano.

Em um segundo momento, este ensaio abrangerá a Tunísia pós – independência e o contexto internacional vivido pelo país no final do século XX, fazendo uma breve caracterização do governo ditatorial de Zine El Abdine Ben Ali e dos abusos de poder por ele exercidos, que originaram conflitos em busca de liberdade e democracia, e dando enfoque à influência das redes sociais no conflito ocorrido no século XXI.

 Será analisado como as redes sociais influenciaram na origem e dissipação do conflito para além das fronteiras, a partir da teoria Interdependência Complexa defendida por Robert Keohane e Joseph Nye. E por fim será comentado, em poucas linhas, como está atualmente a luta em busca de liberdade e democracia, e como os políticos do país estão reagindo a essa questão.

  2  HISTÓRIA

Localizada ao nordeste da África, a Tunísia é um dos menores países do continente e ocupa uma posição privilegiada junto ao mar Mediterrâneo, o qual colaborou em grande escala para que ocorressem diversas mudanças internas provocadas pela influência dos demais países daquela região. Sua capital é Túnis, cidade mais antiga da “África Negra”, principal cidade tunisiana, e portadora de um dos maiores portos do país.

A população tunisiana é basicamente formada por árabes e berberes[2]. O idioma e a religião oficiais são o árabe e o islamismo, respectivamente. A economia do país recebe capital interno e externo, e o PNB (Produto Nacional Bruto) cresce em ritmo muito mais acelerado do que o da população. Sua renda per capita está entre as mais altas da África, mesmo sendo uma das mais baixas do Oriente Médio. O déficit do balanço de pagamentos é equilibrado com a ajuda internacional juntamente com as remessas de divisas por parte dos trabalhadores tunisianos que moram em outros países, como na Líbia e outros países da Europa Ocidental.

A Tunísia é berço de uma das principais cidades da história. Após ser dominada por diversos povos vizinhos durante longos anos, no fim do século XII a Tunísia se tornou um sólido estado porém, ao final do século XV entrou em decadência devido o expansionismo ibérico ocorrido na África e na Ásia. Durante o Império Turco-Otomano as relações comerciais e culturais com a Europa se intensificaram, o que foi de extrema importância para o desenvolvimento do país, trazendo também o seu endividamento. Como exemplo, podemos citar o tratado de comércio firmado entre França e Tunísia no ano de 1830. Paralelamente a esse tratado, a Grã-Bretanha estabeleceu uma convenção comercial com o Império Turco-Otomano, por meio da qual foram cancelados os monopólios do sultão e outorgados grandes benefícios e liberdades aos comerciantes ingleses, desequilibrando a economia doméstica tunisiana. Ainda em 1830, houve uma mudança no governo de Ahmad Bei, que detinha o poder desde o século XVIII. A administração foi ampliada, a tributação tornou-se direta, novas leis foram emitidas e o governo tentou criar monopólios de alguns produtos. Em meados do século XIX, a Tunísia passou por diversas reformas administrativas, judiciárias e econômicas. O grupo dos liberais, liderado por Khayr AL-Din Pacha (1826-1889) e apoiado pelas potências, conseguiu, em setembro de 1857, publicar o Pacto-Fundamental, manifesto de reformas que reproduzia os princípios essenciais dos tanzimat, ou forma de governo adotada pelos turco-otomanos durante seu império. Como conseqüência desse manifesto, os monopólios foram suprimidos e a liberdade do comércio privado estabelecida em 1857. O conselho municipal de Túnis foi constituído em 1858 e o sistema administrativo e judiciário reorganizado em 1860. Essas reformas criaram as condições perfeitas para o surgimento da iniciativa privada no país. A partir disso a Tunísia, assim como outros países norte - africanos, foi modernizada através de investimentos estrangeiros, foram construídas estradas de ferro, os colégios Saint-Louis e Sadiki (um dos mais importantes da Tunísia) e foi criada a imprensa árabe Ar-Raid at Tunisi. Durante o ano de 1861, foi decretada uma constituinte responsável pela elaboração e aprovação de leis. O “bei” teria de assumir o compromisso de governar dentro dos limites dessas leis, que eram, em sua maioria, voltadas para a economia. Esses acontecimentos geraram grande insatisfação popular, que mais tarde viria a incentivar uma onda de movimentos revolucionários. Em 1869, houve um enorme endividamento tunisiano, ultrapassando incontáveis vezes as receitas orçamentárias. Assim sendo, o governo foi a falência e o país se tornou uma semi-colônia européia. No ano de 1878, durante o Congresso de Berlim, Bismarck ‘devolveu’ a Tunísia à França após um grande jogo diplomático. À medida que o império otomano declinava, nações européias como França, Inglaterra e Itália, começaram a disputar o controle da região e em 1881, após um acordo firmado entre britânicos e franceses, a Tunísia se confirmou como colônia francesa.

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