Independência Do Banco Central

Nem sempre fica claro que o debate sobre a independência do Banco Central é apenas um capítulo de um tema maior, o da modernização das instituições monetárias e fiscais. Essa modernização é vital para aproximar o Brasil dos paradigmas internacionais nessas matérias e reduzir o risco Brasil e o custo do capital. O capítulo anterior dessa novela, que já dura vários anos e ainda se encontra incompleto, é o do ajuste fiscal -- que tantos insistiam ser desnecessário, ou ser obsessão de neoliberais insensíveis que não entenderam economistas como Keynes e, principalmente, Kalecki. Enorme progresso foi alcançado quando o conceito de responsabilidade fiscal recolocou a discussão em outros termos: não se trata de ser ortodoxo ou estruturalista no tocante ao déficit público, mas de ética no domínio das políticas

macroeconômicas, a fiscal em particular.

Com o tema da independência do BC, um processo semelhante está tendo lugar. Quanto mais o Brasil se preocupa com a questão social (que, em boa medida, foi agravada pelo modelo inflacionário de industrialização que adotamos durante tantos anos), mais urgente se torna uma revisão radical na maneira pela qual o fenômeno da inflação é compreendido e tolerado. A inflação é um imposto que incide principalmente sobre o pobre. Que sentido pode haver em cobrar um imposto sobre o pobre num país que quer melhorar seus indicadores sociais?