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John Stuart Mill

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Por:   •  3/7/2014  •  1.532 Palavras (7 Páginas)  •  529 Visualizações

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10 de Fevereiro de 2012 ⋅ História da filosofia

John Stuart Mill (1806–1873)

Alan Ryan

Universidade de Oxford

John Stuart Mill nasceu em Londres em 1806, filho de James Mill, e foi filósofo, economista e alto funcionário da Companhia das Índias Orientais. Em Autobiography (1873) (Autobiografia 2007), que escreveu nos seus últimos anos, Mill apresentou uma descrição vívida e comovente da sua vida, em especial da sua extraordinária educação. Teve uma carreira activa como administrador da Companhia das Índias Ocidentais, da qual se aposentou apenas quando as funções administrativas da Companhia foram assumidas pelo governo britânico, na sequência do Motim de 1857. Além disso, foi deputado liberal por Westminster entre 1865 e 1868, e em jovem, na década de 1830, dirigiu a London and Westminster Review, uma revista trimestral radical. Morreu em Aix-en-Provence em 1873.

Foi educado pelo pai, com o conselho e ajuda de Jeremy Bentham e Francis Place. Aprendeu grego aos três anos, latim um pouco depois; com doze anos era um lógico competente e aos dezasseis um economista bem formado. Aos vinte teve um esgotamento nervoso que o persuadiu de que algo mais era preciso na vida do que a dedicação ao bem público e um intelecto analiticamente penetrante. Tendo crescido como utilitarista, voltou-se então para Coleridge, Wordsworth e Goethe para cultivar a sua sensibilidade estética. De 1830 até morrer, tentou persuadir o público britânico da necessidade de uma abordagem científica para compreender a mudança social, política e económica, ainda que sem negligenciar as argúcias dos poetas e de outros autores imaginativos.

A System of Logic (1843) (excertos em A Lógica das Ciências Morais 1999) era uma tentativa ambiciosa de apresentar uma explicação não apenas da lógica, como o título sugere, mas também dos métodos da ciência e da sua aplicabilidade quer aos fenómenos sociais, quer os fenómenos puramente naturais. A sua concepção da lógica não era inteiramente a dos lógicos modernos; além da lógica formal, a que chamava “lógica da consistência”, pensava que havia uma lógica da prova, isto é, uma lógica que mostraria como os indícios provavam ou tendiam a provar as conclusões que retiramos deles. Isto levou-o a analisar a causalidade, e a dar uma explicação do raciocínio indutivo que continua a ser o ponto de partida da maior parte das discussões modernas. Em termos gerais, a sua concepção da explicação na ciência era que esta procura as causas dos acontecimentos quando estamos interessados neles; ou procura leis mais gerais quando queremos explicar leis menos gerais como casos especiais das primeiras. A sua discussão da possibilidade de encontrar uma explicação científica de acontecimentos sociais é também ainda hoje relevante; Mill tinha tão pouca vontade de supor que as ciências sociais se tornariam omniscientes quanto ao comportamento humano, como de supor que não haveria maneira de explicar as questões sociais a um nível mais profundo do que o do senso comum. Em todo A System of Logic, atacou a filosofia “intuicionista” de William Whewell e de Sir William Hamilton, que consistia na ideia de que as explicações se baseavam em princípios intuitivamente irresistíveis e não em leis gerais causais, e que em última análise a procura desses princípios intuitivamente irresistíveis dependia de compreender o universo como criação divina, regida por princípios que uma divindade racional teria de escolher. Mill pensava que o intuicionismo era má filosofia, muito cómoda também para o conservadorismo político. An Examination of Sir William Hamilton’s Philosophy (1865) levou a guerra ao campo inimigo com intensidade; provocou uma controvérsia vigorosa durante aproximadamente vinte anos, mas é hoje a sua obra menos interessante.

Para o grande público, era mais conhecido como autor de The Principles of Political Economy (1848), obra que tentava mostrar que a economia não era a “ciência deprimente” que os seus críticos radicais e literários supunham. O interesse filosófico desta obra resulta das suas reflexões sobre a diferença entre o que a economia mede e o que os seres humanos realmente valorizam, levando-o a argumentar que devemos sacrificar o crescimento económico em nome do meio ambiente, e que devemos limitar a população, tanto para nos deixar espaço vital como para afastar o risco de fome entre os pobres já sobrecarregados. Considerava também que a análise económica convencional não poderia mostrar que o socialismo não era exequível, e sugeriu como ideal uma economia de cooperativas que seriam propriedade dos trabalhadores. Os comentadores têm discutido de forma inconclusiva se isto é uma forma de socialismo ou apenas um “capitalismo de trabalhadores”.

É na área da filosofia moral e política, contudo, que Mill está mais perto de ser nosso contemporâneo. Utilitarianism (1861) (Utilitarismo 2005) continua a ser a defesa clássica de que devemos visar a maximização do bem-estar de todas as criaturas sencientes, e que esse bem-estar consiste na sua felicidade. A defesa de Mill da ideia de que devemos procurar a felicidade porque de facto a procuramos tem sido objecto de violentos ataques de, entre outros, F. H. Bradley, Ethical Studies (1874) e G. E. Moore, Principia Ethica (1903) (trad. 1999). Mas outros filósofos argumentaram que, neste ponto particular, Mill foi deturpado pelos críticos. A sua insistência de que a felicidade deveria ser avaliada não apenas pela quantidade mas também pela qualidade — a doutrina de que um Sócrates insatisfeito é não apenas melhor do que um tolo satisfeito, mas de algum modo mais feliz também — levantou perplexidades a gerações de comentadores. E a sua tentativa de mostrar que a justiça pode ser explicada em termos utilitaristas é ainda importante como réplica a autores como John Rawls, A Theory of Justice (1971) (Uma Teoria da Justiça 2008).

Durante a sua vida,

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