MIGRAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JEQUITINHONHA COMO PROCESSO SOCIAL
Relatório de pesquisa: MIGRAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JEQUITINHONHA COMO PROCESSO SOCIAL. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 28/10/2014 • Relatório de pesquisa • 1.320 Palavras (6 Páginas) • 311 Visualizações
A MIGRAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JEQUITINHONHA COMO PROCESSO SOCIAL
RESUMO
Quando uma classe social de põe em movimento, ela cria um fluxo migratório que pode ser de longa duração e que descreve um trajeto que pode englobar vários pontos de origem e destino. Dados do município de Jequitinhonha são usados, aqui, neste artigo, para caracterizar causas e os motivos das migrações como processo social. Numa abordagem investigativa, como objeto de estudo, identifica-se as condições existenciais das pessoas no processo de acumulação de capital.
PALAVRAS-CHAVE: fluxo migratório, fator de atração, rearranjo espacial.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento transforma a estrutura econômica e ocasiona mudanças profundas na estrutura social. Novas classes sociais surgem e outras, mais antigas, se atrofiam.
A mobilidade de partes da população de uma classe a outra se dá muitas vezes mediante movimentos no espaço.
Este texto enfoca a função do processo migratório na constituição da sociedade de Jequitinhonha que já nos primórdios de sua formação registra uma mobilidade social histórica. A migração em Jequitinhonha é um processo social.
O que atraía (atrai) esses migrantes pra a cidade, que, hoje, no auge dos seus 194 anos, ainda carece de muita infra-estrutura?
Quais motivadores ou estruturas favorecem a saída e a permanência dos grupos migratórios no município? É com uma abordagem investigativa e descritiva que pretende-se analisar os reais motivos das migrações internas de Jequitinhonha.
DESENVOLVIMENTO
Conta a historia que, para guarnecer o rio Jequitinhonha, por causa dos invasores, a província de Minas, na pessoa do seu governador Visconde de Barbacena, talvez por usura e muita ambição, mandou para cá, em 1804, o Alferes Julião Fernandes Taborna Leão, acompanhado de sessenta soldados, suas famílias e alguns escravos.
Jequitinhonha, situada no nordeste de Minas, já era habitada por índios Botocudos, Aimorés e Maxacalis que vagueavam pelas margens dos rios São Miguel e Jequitinhonha, que dá nome a cidade.
Esses vinham de Caravelas, na Bahia, e eram nômades, inquietos, tidos como antropófagos e viviam constantemente em guerras.
A chegada do Alferes e sua comitiva desencadeou um processo de crescimento nos âmbitos sociocultural e econômico de Jequitinhonha.
Assim, até se tornar cidade em 1811 foi se formando a população de brancos com o cruzamento com os índios semi-civilizados.
Possuindo uma área de 3.526 km, hoje Jequitinhonha apresenta uma população em torno de 25.000 habitantes. É uma população relativamente jovem registrando 61,8% da idade até 40 anos e de muitos migrantes.
Por ser um município que sempre acolheu migrantes, apesar de não apresentar estruturas para a permanência ou o ingresso desses em seu território, ocorre daí fato curioso que leva a estudar esse processo. Aliás, numa análise superficial, talvez seja o espírito solidário e bonachão dos nativos o motivador para aqueles que aqui vêm a ficam. Mas então qual o (des) motivador para aqueles que vão?
É partindo dessa perspectiva que pretende-se fazer uma abordagem sobre a migração interna e a constituição da sociedade Jequitinhonhense.
Para Rosa, 2001, uma abordagem crítica não deve negar as estruturas apresentadas pelos índices de população ativa e inativa; proporção de população ativa que trabalha no setor primário, no secundário e no terciário; eixos das correntes migratórias etc.; mas precisa inserir esses números numa abordagem mais abrangente, com vistas à compreensão das condições existenciais das pessoas Rosa, 2001).
Mas neste trabalho, não vamos apresentar índices quantitativos ou variáveis, haja vista não possuímos banco de dados oficiais que exprimam essa realidade em termos numéricos.
O fato notável é que ao fazer um levantamento das classes e famílias da cidade, dos bairros periféricos e centro constatou-se que muitos vêm e ficam e outros vão.
A discussão da migração aqui tem um caráter estratégico no desvendamento da relação entre a dinâmica populacional e o processo de acumulação de capital e o aspecto social.
Para alguns estudiosos, as migrações internas são um mero mecanismo de redistribuição espacial da população que se adapta, em ultima analise, ao rearranjo espacial das atividades econômicas.
Os jovens são mais propensos a migrar que velhos, alfabetizados mais que o analfabeto solteiro mais do que casados.
Nessa dinâmica, o que importa é saber que a primeira determinação de quem vai e de quem vem, ou de quem fica é social.
As pesquisas sobre migrações têm-se ocupado, em geral, com o problema da absorção do migrante pela econômica e pela sociedade no lugar de destino.
Em geral, essa analise não considera a situação de classe do migrante, a sua integração é analisada do ponto de vista individual, confrontando-se sua situação com a dos nativos em termos de ocupação, nível de renda etc. Aqui está o cerne da questão.
Considerando a situação individual os nativos indagam: por que fulano está prosperando, se chegou aqui há cinco anos? Por que beltrano já está inserido no seio da sociedade, ou melhor, dizendo da sua classe, até participando da coletividade, de festas?
Na verdade, o que tem ocorrido é que os nativos, ou seja, a população germinadora vai aos poucos se recuando para bairros periféricos ou então migram para outros centros, de preferência, Belo Horizonte.
Uma hipótese levantada na obra de Paul Singer – Economia Política da Urbanização é que valeria a pena verificar que os principais fatores de atração da cidade são constituídos pelos laços sociais, decorrentes de uma situação de classe comum entre migrantes antigos e novos.
Admite-se no caso de Jequitinhonha, por exemplo, que várias famílias migraram da região nordeste e do campo e assim, os primeiros migrantes, asseguram dos novos seu sustento, mesmo que seja como servidores domésticos ou trabalhadores autônomos, principalmente comerciantes, chamam outros migrantes, geralmente parentes ou amigos e assim criam correntes migratórias onde famílias inteiras aportam em nossa cidade.
É um contraponto termos em nossa cidade migrantes que se beneficiam em solo alheio e nativos que emigram justamente porque não conseguem se integrar à economia capitalista, no seu próprio torrão natal.
Via de regra, em Jequitinhonha são médicos, bancários, juízes, promotores, comerciantes, fazendeiros, padres, farmacêuticos, profissionais autônomos e outros, bem com suas famílias são migrantes.
A hipótese levantada por Singer confirma-se neste caso, pois famílias se estabelecem oferecendo aos outros o benefício de sua experiência, apoio material e também oportunidade de trabalho.
Casos em que um farmacêutico migrou e instalou sua primeira farmácia, posteriormente mais duas; trouxe seus pais e irmãos e estes por sua vez, cada um, instalaram seus comércios e agora aquele aventura-se pelo comércio de combustível.
Muitos e variados exemplos corroboram e estudo das migrações a partir de um ângulo de classe que deve permitir, portanto uma análise da contribuição das migrações para a formação de estruturas sociais diferentes e para a constituição de novos segmentos da economia capitalista.
Esses migrantes atrelam suas atividades comerciais às atividades do campo adquirindo sítios e fazendas ligando setor primário ao terciário, traçando um novo perfil da atual sociedade Jequitinhonhense.
Há um vasto estudo para se fazer para o entendimento dessa dinâmica populacional.
CONCLUSÃO
Com certeza, o fator de mobilidade social evidenciado no estudo das migrações está intrinsecamente ligado ao processo de acumulação de capital. Mas isto é só a ponta de um iceberg de perguntas e conflitos. Os fatores mostram realidades muito além das aparentes atividades econômicas. Há fatores de cunho social que devem ser apreciadas e avaliadas dentro de todo o contexto migratório.
Talvez não seja possível reverter o quadro instalado, mas possivelmente haverá compreensão da atual conjuntura socioeconômica em que se encontra o município de Jequitinhonha.
SUMMARY
When a social class of it puts in movement, she creates a migratory flow that can be of long duration and that it describes an itinerary that can include several origin points and destiny. Data of the municipal district of Jequitinhonha are used, here, in this article, to characterize causes and the reasons of the migrations as social process. In an approach investigation, the study object, identifies the existential conditions of the people in the capital accumulation process.
Agradecimentos
Agradecemos a Deus pela oportunidade de escrevermos este artigo e a Professora Esther Nascimento pela iniciativa e colaboração.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
• PENA, P. A. P. De Sétima Divisão Militar a Cidade de Jequitinhonha. Editora Plurarts. 2003.
• ROSA, J. Lis. Geografia de Brasil. São Paulo. 2001.
• SINGER, Paul. Economia Política da Urbanização. Editora Contexto.
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