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A Liderança como Processo Social

Por:   •  12/4/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.097 Palavras (13 Páginas)  •  2.314 Visualizações

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1 Liderança como Processo Social

O que é liderança? Há muitas respostas para essa pergunta. Eis aqui algumas:

  • Uma pessoa (ou grupo) tem liderança quando consegue conduzir as ações ou influenciar o comportamento de outras pessoas.
  • Liderar é realizar uma meta por meio de direção. A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas, dia após dia, numa grande variedade de situações é um grande líder.
  • A liderança ocorre quando seguidores são induzidos a realizar certos objetivos representados por valores ou motivações (desejos, necessidades, aspirações ou expectativas) tanto dos líderes quanto dos seguidores. Enxergar os valores e motivações de seus seguidores é uma das características da liderança.
  • Liderança é o uso da influência não coerciva para dirigir as atividades dos membros de um grupo e levá-los à realização de seus próprios objetivos.

Uma relação de influência é considerada a melhor definição para conceituar a liderança.

A liderança, segundo Douglas McGregor, não é apenas um atributo da pessoa, mas também um processo social complexo que interagem quatro componentes: as motivações dos liderados, a tarefa ou missão, o líder e a conjuntura ou contexto dentro do qual ocorre a relação entre líder e os liderados.  

1.1 O líder

A liderança acontece quando qualquer pessoa se responsabiliza por um grupo, dirigindo esforços de outros, independente de suas competências visando à realização de um objetivo. Dentre as metas a serem realizadas com a colaboração de grupos podemos citar: treinadores de equipes esportivas, professores, regentes de orquestras, sacerdotes, diretores de teatro e cinema, dirigentes de sindicatos e todos os tipos de gerentes.

Uma das formas de a liderança é focando nos traços de personalidade dos lideres. Sabe-se que os líderes têm determinados traços de personalidade, no entanto pessoas que têm os mesmos não são nem se tornam, necessariamente, líderes. Alguns dos traços de personalidade mais característicos dos lideres são: determinação, iniciativa nas relações pessoais, vontade de liderar e autoconfiança.

Outra forma de estudar a liderança é analisando as motivações do líder, independente dos traços de personalidade. Essa vertente foi identificada e denominada por estudiosos como necessidade de poder (o interesse em perseguir, ocupar, e exercitar posições de poder). A pessoa que esse tipo de satisfação realiza ações específicas para alcançar posições nas quais possa influenciar o comportamento alheio: conseguir adeptos, conseguir algum cargo eletivo, fazer propostas a um grupo, aproximar-se da estrutura existente de poder ou matricular-se em uma escola de liderança, como uma academia militar.

Segundo David McClelland, a necessidade de poder manifesta-se de duas formas: o poder pessoal (busca da satisfação pessoal) e o poder institucional (satisfação de metas coletivas).  

Na primeira a pessoa busca a satisfação pessoal por meio da influência do comportamento alheio. Quem tem essa motivação procura ser dominante, pode provocar lealdade e inspiração por parte dos liderados. Ou pode simplesmente ser egocêntrico, satisfazendo sua ansiedade pelo poder à custa dos liderados.

Na segunda, a pessoa dá ênfase ao poder social ou institucional e busca a satisfação de metas coletivas. Os líderes desse tipo não procuram a submissão alheia, e sim a mobilização de esforços alheios no sentido de realizar a missão do grupo.

1.2 A liderança como habilidade

Outra linha de pesquisa focaliza a liderança como uma habilidade que pode ser desenvolvida. O professor autor Henry Mintzberg enxerga a liderança não como uma habilidade singular, mas como um complexo de habilidades. Uma das características que demonstra que a as habilidades dos líderes podem ser desenvolvidas é a comunicação. Um dos requisitos básicos para um líder é a capacidade de transmitir de modo persuasivo, e inspirador sua mensagem aos seus seguidores. Partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais, centros acadêmicos e todos os tipos de agremiações podem ser consideradas escolas de liderança, porque desenvolvem essa competência em quem tem a motivação apropriada.

1.3 Motivações dos liderados

Que motivos levam um grupo a se deixar influenciar por um líder? Segundo Petracca, líder e liderados encontram-se numa relação de influência recíproca. Os liderados são colaboradores de quem exerce a liderança. Sem liderados, não há liderança, nem missão.

Os liderados podem ser divididos em duas categorias: os fiéis que seguem o líder por razões de caráter moral, e os mercenários, que atuam por motivos de interesse. Nos dois casos a relação entre líder e seguidores tem a mesma natureza de dependência. O líder pode influenciar ou dirigir as ações de seus liderados apenas se oferecer vantagens. As relações de fundo moral também configuram vantagens para o liderado. Os mercenários exigem recompensas materiais como pagamento, e os fiéis impõe ao líder a obrigação de servir a causa agindo conforme seus ideais.

1.4 Qual recompensa é mais eficaz?

Em muitos casos, as pessoas oferecem sua contribuição a atividades e projetos sem esperar qualquer espécie de recompensa material. A filantropia pode ser usada como exemplo de dedicação por mera satisfação, sem nenhum interesse material o individuo dedica muitas vezes uma vida inteira para determinado projeto social. Em outros casos nem as recompensas morais e psicológicas nem o reconhecimento são suficientemente motivadoras, se faz necessário algum tipo de recompensa material. As duas espécies de recompensas são importantes para a maioria das pessoas. Em certas circunstâncias, a recompensa psicológica pode ser mais eficaz; em outras a recompensa material funciona melhor. Os dois tipos de recompensas funcionam porque produzem efeitos sobre diferentes dimensões da motivação da equipe,     sendo que todo gerente deve ser capaz de equilibrar as duas formas de recompensa.

1.5 Tarefa ou missão

O que liga o líder aos seguidores é uma tarefa ou missão, sem esse componente, não há liderança, apenas influência ou popularidade.

As pessoas que pretendem ser líderes devem se perguntar:

  • Para onde quero levar esta empresa (ou grupo, exército, cidade ou nação)? Como realizo meu plano de sair do aqui e agora para o até lá e depois?

Apenas com uma missão, tarefa ou objetivo o líder potencial torna-se um líder de verdade. A missão deve estar sintonizada com as motivações. Há dois tipos de missão que correspondem aos dois tipos de seguidores citados:

  • Lideres que desejam desenvolver um desafio aos liderados fiéis devem enfatizar o conteúdo moral, apelando ao senso de responsabilidade, valores, desejos, aptidões e habilidades dos liderados. A recompensa não é nada mais que do que a realização da missão.  A obediência dos seguidores se baseia na fé na pessoa do líder ou no que ele representa, sem expectativa de recompensa ou receio de punição. O líder que usa o desafio como base de sua relação com os seguidores chama-se transformador ou carismático.
  • Ao se trabalhar com os liderados da categoria mercenários, o líder deve estabelecer metas e oferecer incentivos, contribuições ou recompensas como troca por sua realização. A obediência é conseguida por meio da expectativa ou oferecimento de vantagens pessoais, e não pela força ou comprometimento. O líder que promete recompensas (psicológica ou material) em troca de obediência chama-se líder transacional.

1.6  Conjuntura

A conjuntura é representada contexto organizacional e social onde se desenvolve o processo de liderança. O comportamental tanto do líder quanto dos liderados é influenciado pelo meio em que vivem, definindo o modelo de liderança que será aplicado. Os princípios aplicados na liderança de uma organização militar são extremamente diferentes ao comparar-se com um grupo de estudos escolar por exemplo.

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