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O Israel Palestina Irã

Por:   •  18/9/2024  •  Trabalho acadêmico  •  1.339 Palavras (6 Páginas)  •  24 Visualizações

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Analisando o global a partir do local: ações e interesses dos EUA, da China e da Rússia no Oriente Médio contemporâneo

por Isabela Mendes

@mendez_journal

No Oriente Médio contemporâneo, o assunto do momento é o conflito entre Israel e Palestina e a recente atuação do Irã. Sobre este conflito local, historicamente devemos ter em mente que data até mesmo de antes da Segunda Guerra Mundial e da criação do Estado de Israel. Sobre o atual momento da guerra, o estopim foi o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Da mesma forma que o Hamas apesar de ser considerado grupo terrorista pela sociedade internacional, conta com suporte de parte da população palestina que o elegeu para lutar pelo seu povo; devemos ponderar que existem ações cometidas pelo Estado de Israel que classificam Terrorismo de Estado.

Na Palestina, o Hamas governa a Faixa de Gaza e a Autoridade Nacional Palestina a Cisjordânia. É fato que os assentamentos israelenses expulsaram muitos palestinos de suas casas. A violência é generalizada e uma das regiões cujas consequências são piores é a Faixa de Gaza. Dados das Nações Unidas expõem que mais de 32 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, sendo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridos. Além disso, aproximadamente 80% da população da Faixa de Gaza foi deslocada, entre as quais cerca de 850 mil são crianças.

A questão de Israel e Palestina se estende ao entorno regional e é neste que se insere a questão do Hezbollah, outro grupo considerado terrorista. O Irã abastece o grupo Hezbollah, para que estes lutem por seus interesses, fenômeno conhecido como “proxy war”. O Hezzbollah por sua vez, apoia o Hamas. Em termos de contingente, o Irã tem o maior exército, entretanto a tecnologia militar de Israel é de ponta e superior. Sobre armamento nuclear, Israel é considerado pela Federação dos Cientistas Americanos como o único país da região a possuí-lo. O Irã, por sua vez, enriquece urânio para fins de armamentos nucleares, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.

Da inserção do Irã no conflito, Israel recentemente bombardeou em Damasco, capital da Síria, o Consulado do Irã. O ataque resultou  na morte do general da Guarda Revolucionária Iraniana e de outros sete membros da mesma, levando à retaliação do país. Na retaliação, o Irã disparou, no dia 13 de abril, drones em direção a Israel, que com seu sistema de defesa conseguiu interceptá-los. Um detalhe importante foi o aviso prévio do Irã sobre a execução do ataque.

A espera da ofensiva israelense após esta retaliação mobilizou a sociedade internacional, visto a preocupação com a possibilidade de escalada do conflito, que seria sem precedentes na região, justamente por envolver países com a capacidade militar do Irã e de Israel. Se as potências regionais estão agindo e atentas, claramente os hegemonas do Sistema Internacional também estão. Os Estados Unidos, cujas eleições internas são prioridade no momento, no discurso não está disposto a uma ofensiva direta na região, porém tem com Israel grande cooperação militar. A Rússia, aliada do Irã e contra ações dos Estados Unidos em seu entorno regional, comentou que o Irã não deseja a escalada do conflito. E a China, cuja tradição diplomática sempre respeitou os assuntos internos e a soberania dos países, reforçou a preocupação com a escalada do conflito.

Sobre a ofensiva israelense, em resposta aos drones enviados pelo Irã, o Gabinete de Guerra de Israel composto por Netanyahu se reuniu interna e externamente para pensar na retaliação. Biden afirmou que os Estados Unidos não participarão de nenhuma ofensiva contra o Irã, tal posicionamento se deve, provavelmente, às eleições norte-americanas e a preocupação com a opinião pública da comunidade árabe-americana. Ademais, a mensagem do Irã a respeito das ações norte-americanas é de que se o maior aliado de Israel na região, os EUA, retaliassem o ataque, o país retaliaria com ainda mais força. Isso é preocupante visto que o envio de drones a Israel demonstra apenas uma parte pequena da capacidade militar do Irã.

Ao analisar a balança de poder na região, percebe-se que os países árabes se encontram frente a um dilema. Não são aliados de Israel, mas, ao mesmo tempo, países como Iraque e Arábia Saudita tem questões com o Irã. A Arábia Saudita, através da Organização para a Cooperação Islâmica junto aos países do golfo, colocaram o Irã, em janeiro, na mesa de negociações sobre a Guerra entre Israel e Palestina. Contudo, os países discordam sobre a solução de dois Estados, tal qual sobre a posição do Hamas, a tática de boicote a Israel e a presença dos Estados Unidos na região. Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e Egito continuam em discussão, sobre propostas de cessar-fogo.

Isfahan, cidade que abriga importantes indústrias militares iranianas, foi alvo do ataque/retaliação israelense. O especialista em armas químicas e ex-chefe das forças nucleares do Reino Unido e da OTAN, Hamish de Bretton-Gordon, em entrevista à BBC, considerou o ataque a Ishafan como significativo devido ao grande número de bases militares na região. Além disso, a região abriga a indústria bélica iraniana, além de locais de enriquecimento de urânio para fins nucleares.

Sobre a repercussão do conflito no âmbito das Nações Unidas, a professora Rashmi Singh criticou na mídia a falta de resposta por parte do Conselho de Segurança em relação ao ataque feito por Israel ao Consulado do Irã em Damasco. Também analisou que o Ocidente está lidando com o conflito de forma desequilibrada, visto total apoio a Israel sem considerar a parte palestina. Isso se dá em parte pelo fato de que os Estados Unidos é, além de aliado de Israel, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas com capacidade de articulação com todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Rússia e China que também são membros permanentes do Conselho de Segurança tentam então desenvolver alianças para contra balancear Israel, Estados Unidos e países da OTAN. Ou seja, dentro e fora das Nações Unidas, Estados Unidos, Rússia e China se articulam em busca de hegemonia no Sistema Internacional. A questão é que o que está em jogo não é a resolução da guerra para os civis deixarem de sofrer as consequências da busca de poder de seus países, a questão intrínseca a este conflito e a todos os conflitos contemporâneos é: quem será o Hegemon da Nova Ordem Mundial?

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