O esquema tripartido de Braudel
Por: CommanderHeartEyes . • 30/8/2015 • Projeto de pesquisa • 371 Palavras (2 Páginas) • 666 Visualizações
Braudel sugere a utilização de um esquema tripartido de análise da vida econômica na Europa dos séculos XV a XVIII, que divide a vida econômica em três grupos de atividades ou em três níveis: a civilização material, a economia de mercado e, finalmente, o capitalismo.
O nível inferior dessa estrutura seria a civilização material, que se refere a uma vida material autossuficiente, habitual, rotineira, em que a relação do ser humano com as coisas é definida pelo seu valor de uso e não pelo seu valor de troca.
No nível médio desse esquema está a economia de mercado, que representa uma vida econômica melhor definida, onde existem trocas rotineiras de produtos e essas trocas deixam de ser apenas de excedentes do autoconsumo já que a produção direta para o mercado acontece. Nesse nível, a relação entre o ser humano e as coisas é definida pelo seu valor de troca e não por seu valor de uso. Braudel divide a economia de mercado em duas camadas, uma inferior, formada por vendedores ambulantes, lojas e mercados e uma superior, composta por feiras e bolsas, onde há um volume de trocas e uma complexidade institucional maiores. O nível da economia de mercado é marcado pela concorrência entre os agentes e pela transparência das trocas.
No nível superior do esquema tripartido está o que Braudel denomina capitalismo, no qual os jogos da troca são conduzidos de forma específica, onde se utiliza de diversos mecanismos com o objetivo de obter a maior parte do excedente. É onde estão as trocas desiguais, em que quase não existe concorrência, mas sim um esquema de circulações de produtos que fica no topo da hierarquia das trocas.
Entretanto existia certa necessidade de diferenciar concretamente a economia de mercado do capitalismo, afinal não se pode comparar um artesão que simplesmente produz para o mercado com um grande capitalista da indústria. Na busca por essa diferenciação, Braudel identifica a essência do capitalismo: a sua flexibilidade ilimitada, sua capacidade de mudança e de adaptação.
O capitalismo seria então a força que organiza todo o sistema, que prospera, manipula e extrai excedentes dos níveis inferiores.
É importante frisar que esses três níveis, civilização material, economia de mercado e capitalismo, não acontecem distintamente, mas sim coexistem ao mesmo tempo.
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