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Plano Collor 1 E 2

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Por:   •  20/9/2013  •  3.168 Palavras (13 Páginas)  •  719 Visualizações

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Na década de 1970, o monstro da inflação ganhou forças para atormentar a economia brasileira pelos 20 anos seguintes - período em que o assunto foi capa de VEJA em diversas ocasiões. Os índices elevados de aumentos de preços disseminaram um clima de instabilidade entre todos os segmentos da sociedade. O dragão já havia começado a assombrar o país na década anterior. No início do regime militar, o Brasil vivia um clima de estagnação econômica e aceleração inflacionária. Os militares decidiram implantar o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), que reduziu a inflação de 91,8% ao ano, em 1964, para 22% ao ano, em 1968, mas não conseguiu alcançar as metas de crescimento programadas.

Os índices começaram a se estabilizar, sobretudo no governo do general Garrastazu Médici, com o chamado "milagre econômico". Entre 1969 e 1973, a economia brasileira registrou taxas de crescimento que variavam entre 7% e 13% ao ano. A herança econômica mais valiosa do ciclo dos generais talvez seja a lembrança permanente de que a conjunção de crescimento acelerado com inflação sob controle é tão rara que recebe o nome de milagre.

O suposto milagre, no entanto, foi efêmero. O crescimento econômico começa a declinar a partir de 1973. No final da década de 1970, a inflação chega a 94,7% ao ano. As indústrias não conseguem planejar investimentos, as pessoas perdem poder aquisitivo. Às autoridades econômicas, só restava pedir tempo, uma vez que boa parte de seu repertório já havia sido utilizada. Depois de uma relativa trégua, VEJA alertou em março de 1983: o monstro voltava a atacar com força total. A inflação mensal chegou à marca de dois dígitos pela primeira vez desde 1964. Naquele ano, o índice de inflação anual chegou a 211%. A economia brasileira foi atirada em uma espiral descendente. Na tentativa de derrotar o dragão, as autoridades lançavam mão de toda a sorte de medidas econômicas.

De 1980 a 1993, o Brasil teve quatro moedas, cinco congelamentos de preços, nove planos de estabilização, onze índices para medir a inflação, 16 políticas salariais diferentes, 21 propostas de pagamento da dívida externa e 54 mudanças na política de preços. Em 1986, durante o governo de José Sarney, foi lançado o Plano Cruzado, que tirou três zeros da moeda corrente até então, o cruzeiro, e deu-lhe o nome de cruzado. Além disso, houve o congelamento de preços e salários e estabelecido o gatilho salarial - os redimentos eram disparados cada vez que a inflação atingia 20%.

A medida garantiu um certo fôlego ao consumidor (1986 fechou com inflação de 76%), mas não durou muito. No ano seguinte, a taxa praticamente quintuplicou. Presidentes e ministros da Fazenda não pararam de lançar novos planos desde então. Vieram o Plano Bresser, de 1987, e o Plano Verão, de 1989, que cortou mais três zeros da moeda e transformou o cruzado em cruzado novo. Mais uma vez os esforços não adiantaram. Em 1989, o reajuste da gasolina foi de 614% no ano e a inflação acumulada ultrapassou de longe a barreira dos quatro dígitos: 1.782,8%.

"O mais ambicioso e drástico plano econômico para vencer a inflação". Foi assim que VEJA definiu o famoso plano Collor I, lançado em 1990 pelo presidente Fernando Collor de Mello. A medida alterou mais uma vez a moeda (que voltou a ser chamada cruzeiro) e ordenou o confisco dos valores superiores a 50 cruzeiros em cadernetas de poupança e contas correntes de todos os brasileiros por 18 meses. O então presidente ainda lançou o Collor II, tão infrutífero quanto o primeiro.

Após o impeachment de Collor, os índices de inflação beiraram o absurdo. Em 1993, já sob a gestão de Itamar Franco, a marca chegou a atingir 2.708% ao ano. Em 1994, foi lançado o que VEJA classificou como um plano econômico "mais elogiado que as pernas de Claudia Raia". A estratégia traçada pelo ministro da Fazenda e futuro presidente Fernando Henrique Cardoso mostrou-se eficaz.

Foi criada a Unidade Real de Valor, URV, um indexador atrelado ao dólar que logo trocou de nome e tornou-se uma nova moeda, o real. A decisão suspendeu a ciranda da moeda no país: o real extinguiu o cruzeiro real, que tinha substituído o cruzeiro um ano antes, tornou-se uma moeda estável e forte. A economia começou a se recompor. O monstro, porém, nunca deixou de rondar o bolso dos brasileiros. O ano de 2007 terminou com 4,46% de inflação acumulada, a primeira alta anual desde 2002. O ambiente de normalidade monetária costuma ser abalado por crises, a exemplo da hipotecária americana, e altas nos preços de commodities, como o petróleo - o que invariavelmente ameaça despertar o dragão.

http://www.dgabc.com.br/Noticia/144113/plano-collor-completa-20-anos

Plano Collor completa 20 anos

Cibele Gandolpho

Do Diário do Grande ABC

Há 20 anos, um plano econômico tirou o sono da maioria dos brasileiros. Em cadeia nacional de rádio e televisão, o Brasil inteiro ouviu a então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciar que o governo havia confiscado todas as poupanças. Era 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente eleito Fernando Collor de Mello. A medida deixou o País em desespero e se tornou o mais escandaloso plano da história da economia brasileira, com centenas de vítimas e um rombo nas finanças do governo.

Sob a promessa de estabilizar a inflação, que naquela época passava de 2.000% ao ano, o Plano Brasil Novo, conhecido como Plano Collor, deixou nas contas bancárias apenas saldos até 50 mil cruzados novos (cerca de R$ 4.150 atuais). O temor assolou o País e a população formou enormes filas nos caixas eletrônicos para tentar desesperadamente sacar e transferir recursos. Inútil, porque o governo decretou feriado bancário surpresa por três dias.

A promessa era devolver, após 18 meses, o valor corrigido pela inflação acrescido de cerca de 6% ao ano. Mas poucos conseguiram reaver o dinheiro integralmente. O presidente Collor sofreu impeachment dois anos depois, mas o plano e o seu ‘sequestro' ficaram marcados na memória dos brasileiros e nos tribunais.

Atualmente, tramitam 890 mil ações individuais e 1.030 coletivas, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Caso a Justiça desse ganho a todos os poupadores, os bancos seriam obrigados a pagar R$ 50,5 bilhões, segundo levantamento do Ministério da Fazenda. Até hoje, só R$ 1,8 bilhão foi pago.

Para o professor Tharcisio Souza Santos, diretor do Faap-MBA (Fundação Armando Álvares Penteado),

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