RESENHA: A cidade como espaço de batalha: de Gaza ao Rio de Janeiro
Por: LohanaB. • 29/7/2022 • Resenha • 727 Palavras (3 Páginas) • 146 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
DEFESA E GESTÃO ESTRATÉGICA INTERNACIONAL
RESENHA: A cidade como espaço de batalha: de Gaza ao Rio de Janeiro
Márcio José Mendonça UFES
Rio de Janeiro
2022
INTRODUÇÃO
Esta resenha irá abordar o artigo “A cidade como espaço de batalha: de Gaza ao Rio de Janeiro”, de Márcio José Mendonça. Ao longo da resenha se fará presente o embate sobre a militarização da cidade e de como a guerra moderna tem sido travada dentro deste ambiente urbano, por meio de grupos insurgentes. A análise parte, inicialmente, sob uma perspectiva da cidade de Gaza, especificamente na Palestina, para posteriormente se analisar no estado do Rio de Janeiro. O discurso do “caos” e do “medo” é utilizado neste ambiente para justificar as intervenções militares dentro das cidades.
DESENVOLVIMENTO
Inicialmente o autor aborda a cidade como sendo um espaço de batalha devido ao reflexo da sociedade, que conta com lutas diversas e locais de resistência. Além disso, a cidade também é palco de transformações sociais e de possíveis revoluções. Logo, a partir de uma análise histórica, conclui-se que as cidades sempre foram palco de guerras e de operações militares. Dito isto,
até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), combates em terreno aberto eram comuns; este foi, por exemplo, o caso da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que o campo de batalha com a formação de longas linhas de trincheiras evoluiu para uma guerra estática. (Mendonça, 2017, p.688)
Além disso, com o avanço da tecnologia militar, incremento de tanques e da força aérea, ficou inviável sustentar posições estratégicas em ambientes abertos. Diante a intensificação de conflitos em áreas urbanas, o caos e o medo foram instaurados nas cidades e a guerra moderna passou a ter extrema complexidade. O urbicídio - termo utilizado pelo sociólogo Martin Shaw (2004) e cientista político Martin Coward (2004) - é uma estratégia de guerra que consiste na destruição de elementos culturais e sociais das cidades, a fim de extinguir o elemento étnico do território.
Na Palestina, com a finalidade de expulsar o inimigo e ganhar estrategicamente, além da ação violenta das tropas israelenses, também se destruiu sistemas de energia elétrica, água e habitações. Por outro lado, a resistência palestina passou a elaborar planos estratégicos para contragolpear os FDI e as cidades israelenses. Segundo o autor, os túneis construídos pela resistência palestina passaram então a ser utilizados como rotas de contrabando para cigarros, fornecimento de armas, explosivos e recrutas armados. Após isso, Mendonça segue discorrendo sobre o conflito e as formas de utilização das cidades em guerras e conflitos.
Na cidade do Rio de Janeiro não há a destruição física das cidades, mas devido aos conflitos entre policiais e traficantes, das disputas entre diferentes facções do tráfico e presença de grupos milicianos, os espaços públicos ficam comprometidos, devido ao medo e sensação de violência constante. Outro ponto de suma importância é a associação do pobre como o causador da violência, além da relativização da violência quando atende interesses particulares, o que deixa em evidência a separação sociopolítico-espacial da cidade. A ocupação das favelas pelos traficantes dificulta o diálogo entre os moradores das periferias com o Estado, inibindo políticas públicas eficientes e necessárias. Desta forma, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) foram criadas com o propósito de expulsar as facções de dentro das favelas, reiterando a ordem e a segurança. Contudo, para se manterem nesses territórios, a polícia têm sido igualmente violenta, pois, às vezes, partem de uma visão estereotipada em que toda a população das favelas são criminosos.
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