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RESUMO DOS TRÊS PRIMEIROS CAPÍTULOS DO LIVRO: “VINTE ANOS DE CRISE 1919 – 1939”

Por:   •  20/11/2022  •  Resenha  •  2.713 Palavras (11 Páginas)  •  162 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

LUCAS FREITAS LETTRÉ

RESUMO DOS TRÊS PRIMEIROS CAPÍTULOS DO LIVRO:

“VINTE ANOS DE CRISE 1919 – 1939”

NITERÓI/RJ

NOVEMBRO/2020

CAPÍTULO I: O COMEÇO DE UMA CIÊNCIA 

 No ano em que o livro foi escrito por E. H. Carr, pouco antes do início da segunda guerra mundial, a ciência da política internacional estava na sua infância. Em seu primeiro capítulo, a obra relata inicialmente como os assuntos referentes às relações internacionais eram tratados pelas populações de alguns dos principais países da época até o ano de 1914 e como a primeira guerra mundial iniciada neste ano mudou esse ponto de vista e marcou, dessa forma, o início dessa ciência. É dito, portanto, que antes do conflito o povo de nações como a Grã-Bretanha tinha um interesse muito limitado no que tangia a política internacional. Os acontecimentos principais serviam apenas de notícias para reafirmar a contínua superioridade bélica de sua força militar e se mantinha presa apenas nesse aspecto, sendo inexistente o clamor pelo contexto da situação e, por esta razão as autoridades se sentiam na necessidade ou até mesmo sem a legitimidade para teorizar quanto ao trabalho dos diplomatas de seu país. Devido à grandiosidade da grande guerra esse pensamento foi derrubado e a opinião geral passou a ser a de que não se podiam deixar os desdobramentos da política internacional inteiramente nas mãos dos diplomatas e seriam necessárias teorias acerca dos posicionamentos dos países como um todo em face da nova era que se iniciava.

OBJETIVO E ANÁLISE EM CIÊNCIA POLÍTICA

Junto com a demanda popular e permitiu sua criação veio também a responsabilidade de chegar ao objetivo requerido por essa sociedade. Tal método, porém, pode parecer prejudicial, tendo em vista toda a coleta, pesquisa, tratamento e classificação de informações que antecede a elaboração de um objetivo geral para um determinado ramo do conhecimento. Infelizmente, tal inversão, com o objetivo nascendo primeiro que uma base sólida de informações é inevitável e inerente à sociedade moderna. A forma mais rápida de um objetivo ser alcançado é a existência de uma necessidade no mundo e quanto mais pessoas tal situação afetar mais rápido será adquirido o conhecimento necessário para resolver o problema. "Se a sociedade tem uma necessidade técnica", escreveu Engels, “isto serve como impulso maior ao progresso da ciência do que dez universidades”. É como se o pensamento precisasse de um objetivo para existir tal qual um empresário abre seu negócio com o objetivo de ganhar dinheiro.

Essa constatação é válida de forma mais enfática ainda quando se trata das ciências políticas em comparação às ciências físicas, por exemplo. Isso, pois, apesar de um objetivo grandioso ainda ser uma motivação potente, quando os fatos a serem descobertos após a decisão de se atingir um objetivo específico impossibilitam tal conquista não há nada que o pesquisador da ciência física pode fazer com relação a isso, o que não é o caso nas ciências políticas. Nesse caso, o fato de se estar na tentativa de completar um objetivo é em si próprio um dos fatores que pode levar a tal conquista. Dessa forma, no caso de alguém tentar alcançar um objetivo político e falhar devido às condições desfavoráveis, é possível através da propaganda espalhar a informação para maior quantidade de pessoas possíveis de que tal objetivo seria benéfico e modificar os fatos desfavoráveis. A ciência política não é apenas a ciência do que é, mas do que deveria ser.

PAPEL DA UTOPIA

  Essa possibilidade de impor mudanças, porém, pode ser tão prejudicial quanto ela é benéfica. Por estar em sua fase inicial, a ciência política internacional passou por um momento em que a ambição pelo objetivo almejado cegou completamente os estudiosos iniciantes do campo para a realidade que eles pretendiam atingir e acabaram por produzir teorias que visavam coisas impossíveis, tendo em vista os meios a serem utilizados. Apesar da insistência em um objetivo ter a possibilidade de deixá-lo mais próximo de alcançá-lo, isso não quer dizer que ele irá. A superação dessa imaturidade metodológica marca evolução da ciência política como uma ciência reconhecidamente respeitável. Nenhuma ciência merece tal nome até que tenha adquirido humildade suficiente para não se considerar onipotente, e para distinguir a análise do que é da aspiração do que deveria ser.

O IMPACTO DO REALISMO

Apesar disso, é compreensível tal ingenuidade inicial do cientista político, pois, diferente das ciências físicas, a diferença entre a análise que é e a pretensão do que deve ser nunca é absoluta nas ciências políticas. Por mais que nesta ciência a possibilidade de certas coisas como, por exemplo, a obtenção da paz mundial seja quase impossível, não se pode negar que se toda a humanidade se juntasse em prol desse objetivo ele poderia ser realizado. Enquanto isso naquela, não importa quantas pessoas trabalhem para que algo como a alquimia exista que ela não estará nem um pouco mais perto de ser tornar realidade.

O realismo é uma filosofia oposta à utopia e ela é a próxima fase após a destruição do pensamento utópico. Nela, o estudioso foca sua atenção apenas no caso concreto, na análise empírica da realidade e quase não pensa em como tal realidade pode ser mudada, apenas analisa a situação imediata e escolhe a melhor ação a ser tomada a partir disso. Dessa forma, fica claro como o pensador sensato deve fazer um equilíbrio entre estas duas facetas da ciência política, sem a imaturidade da utopia e o conservadorismo demasiado do realismo.

CAPÍTULO II: UTOPIA E REALIDADE

Tendo sido apresentados os conceitos, agora se faz uma análise da eterna antítese utopia-realidade, um pêndulo que nunca para de se mover e as vezes está mais pra um lado do que outro. Como já disse Sorel, “É uma eterna disputa entre os que imaginam o mundo de modo a adaptá-lo à sua política, e os que elaboram sua política de modo a adaptá-la às realidades do mundo", tais variações determinam muitas vezes o destino de um sistema político.

LIVRE ARBÍTRIO E DETERMINISMO

Essa antinomia muitas vezes é interpretada como a dualidade entre livre arbítrio e determinismo. O utópico acredita que através de apenas seu ato de vontade ele conseguirá atingir seu objetivo. O realista, por sua vez, se sente completamente incapaz de mudar o curso da história e apenas se adapta a ela em benefício de si mesmo. Para o realista, a filosofia, nas famosas palavras de Hegel no prefácio de sua Filosofia do Direito, "sempre chega tarde demais" para mudar o mundo. Logo é necessário um equilíbrio entre as duas metodologias para que não se caia na ingenuidade de tentar alcançar algo sem conhecer a realidade a sua volta ou na esterilidade do realista, que se priva da possibilidade de mudar algo para o bem.

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